Financial Times Deutschland chega ao fim após 12 anos de prejuízos
O jornal económico alemão Financial Times Deutschland publica hoje o seu último número impresso. A publicação, que existia no mercado germânico há 12 anos, nunca deu lucro, e tinha uma tiragem média de 102 mil exemplares.
A decisão já tinha sido anunciada há cerca de duas semanas pela proprietária do jornal, a editora Gruner+Jahr, do grupo Bertelsmann, e deixa no desemprego mais de 300 colaboradores, depois de não ter sido encontrado nenhum comprador para o título. De acordo com a agência financeira Bloomberg, a publicação surgiu em 2000 em joint venture com a editora do Financial Times britânico, a Pearson Plc, que acabaria, no entanto, por abandonar o negócio em 2008. A Gruner+Jahr foi, porém, autorizada a manter a marca Financial Times.
A Gruner+Jahr previa que o Financial Times Deutschland terminasse o ano com um prejuízo de 10 milhões de euros. A reestruturação anunciada no seio da editora levará ainda à venda as revistas Impulse e Borse Online, mantendo-se apenas a revista Capital.
Em jeito de despedida, a Direcção do Financial Times Deutschland deixou uma mensagem na página do Facebook do jornal, acompanhada por uma imagem de alguns dos colaboradores a fazerem uma vénia. “Desculpem-nos, caros accionistas, por termos torrado tantos milhões. Desculpem-nos, caros anunciantes, por termos sido críticos quando falámos dos vossos negócios. Desculpem-nos, caros porta-vozes de imprensa, por termos seguido tão poucas vezes as vossas sugestões. Desculpem-nos, queridos políticos, que tenhamos acreditado tão pouco em vocês. Desculpem-nos, caros colegas, por vos termos posto a trabalhar tantas noites e tantos fins-de-semana. Desculpem-nos, caros leitores, que estas sejam as últimas linhas do Financial Times Deutschland”, afirma a Direcção. “Lamentamos. Pedimos desculpa, sem reservas. Porém, se pudéssemos recomeçar, faríamos tudo igual”, ressalva.
O Financial Times Deutschland surge, assim, como a última vítima da crise que assola os meios de comunicação social, neste caso na Alemanha, provocada pela contracção da circulação e pela diminuição das receitas publicitárias, à medida que os consumidores migram para os meios online. No mês passado, também o título Frankfurter Rundschau anunciou insolvência, enquanto a agência notíciosa DAPD havia encerrado portas em Outubro passado.
Na última capa do Financial Times Deutschland lê-se “Black, Finally” (“Negro, por fim”), título que anuncia uma edição dedicada a algumas das histórias mais marcantes publicadas pelo diário alemão ao longo dos seus 12 anos de existência, em que acumulou qualquer coisa como 250 milhões de euros em perdas.