Fidelidade: A busca por uma sociedade mais próspera e resiliente
Ser Net Zero em operações no ano 2040 e em seguros e investimentos no ano 2050 são duas das metas que a Fidelidade estabeleceu e para as quais está a trabalhar através de uma série de medidas e iniciativas que promovem a sustentabilidade ambiental e a prosperidade social. Em entrevista à Marketeer, João Mestre, director de Sustentabilidade da Fidelidade, explica as ideias e projectos desta seguradora portuguesa para contribuir para uma sustentável longevidade.
A Fidelidade foi uma das poucas empresas a marcar presença na COP28, no Dubai. Qual o objectivo desta presença?
Estar na COP28 foi muito importante para nós e representa o reconhecimento do trabalho contínuo que temos vindo a desenvolver no âmbito da sustentabilidade. Na Fidelidade, assumimos o compromisso de desempenhar um papel relevante na dimensão social, ser proactivos na transição ecológica e agir enquanto um agente económico responsável.
A nossa participação na COP28 ofereceu-nos uma oportunidade única para alavancar a nossa capacidade de contribuir proactivamente para a transição ecológica, alinhada com a nossa estratégia. Partilhámos os nossos principais compromissos e iniciativas.
No que diz respeito à temática ambiental, a COP é o principal evento mundial. É a entidade das Nações Unidas criada para dar resposta ao desafio que as alterações climáticas representam e para a Fidelidade, enquanto líder no sector segurador em Portugal, foi crucial estarmos presentes, partilhando esforços com entidades públicas e privadas para conseguirmos uma verdadeira actuação sistémica em resposta a este desafio.
No evento apresentaram algumas das iniciativas que estão a desenvolver, como a estratégia Net Zero Plan, o Fundo Florestal e o Center for Climate Change. Que mensagem pretenderam passar com a divulgação destes projectos?
Pretendemos, acima de tudo, mostrar a nossa atenção aos desafios que decorrem das alterações climáticas. É um tema que tem um impacto evidente na nossa actividade, materializando-se em riscos físicos, com o aumento da frequência e severidade dos fenómenos climáticos extremos, bem como em riscos de transição, devido às acções necessárias para atingirmos uma economia neutra em carbono.
Para nós é crucial termos um papel activo em relação a estes fenómenos e é por isso que estamos a desenvolver estas iniciativas. O nosso Net Zero Plan concretiza os compromissos que assumimos para a redução de carbono em toda a nossa cadeia de valor, desde operações, seguros e investimentos. No ano de 2040 seremos Net Zero em operações e em seguros e investimentos em 2050. Assumimos, também, metas de curto e médio prazo, já em 2025, para as operações, e nos seguros em 2030.
Sobre o Fundo Florestal, já foi aprovado como art.º 9 pela CMVM e constitui um pilar fundamental para a captura de carbono das emissões residuais que não conseguiremos reduzir. Depois, no que diz respeito ao Center for Climate Change, trata-se de um centro de produção de conhecimento que queremos que seja absolutamente transformador e onde estamos a investir muitos recursos e energia. Vai ter um foco no sector segurador, dentro da temática das alterações climáticas, mas queremos que traga benefícios também para a sociedade em geral.
Qual é o principal foco da estratégia ESG da Fidelidade?
O pilar social sempre foi o core da nossa estratégia de negócio, uma vez que o propósito do nosso trabalho é proteger as pessoas e os seus bens. Os seguros assumem um papel fundamental na resiliência da sociedade, funcionando como uma rede de suporte às famílias e empresas. Queremos contribuir para a longevidade de uma forma absolutamente transversal, com foco, dos temas da prevenção em saúde – física e mental – à literacia financeira.
No que toca ao ambiente, para além do nosso Net Zero Plan, onde nos comprometemos com metas claras e transparentes que nos desafiam a alterar modos de operar e olhar tanto a nível de operação, investimentos e de seguro, queremos ser um agente catalisador de transição ecológica. Temos já produtos e serviços que promovem comportamentos e escolhas mais sustentáveis, querendo aumentar a curto prazo as nossas respostas à promoção da transição. Queremos também ter um papel cada vez mais activo no apoio à transição dos nossos stakeholders, principalmente dos nossos parceiros e fornecedores.
Por fim, nos temas de governança, queremos ser cada vez mais um agente económico relevante, assumindo a nossa responsabilidade como entidade exemplar na relação com os nossos colaboradores, parceiros, fornecedores e sociedade em geral. Entre outros aspectos e acções, enquanto investidor institucional, estamos comprometidos em aumentar os nossos investimentos em activos sustentáveis, não só na sua dimensão ambiental como também social e de governo. Já na relação com os nossos parceiros, continuaremos a reforçar o seu papel activo, influenciando a adopção de comportamentos mais sustentáveis.
Que iniciativas estão a desenvolver no pilar social?
O nosso negócio assenta na preservação da longevidade das pessoas e é por isso que este pilar é tão importante para nós. Queremos garantir que a transição, na ligação com o ambiente, é justa e inclusiva, pelo que nos preocupa a acessibilidade de todos. No que respeita à nossa actuação social, queremos ser cada vez mais uma das melhores empresas para trabalhar, e para tal temos políticas e programas que promovem a diversidade, equidade, inclusão, e um sentido de pertença e valorização de todos os nossos colaboradores, ao mesmo tempo em que apostamos em programas de upskilling e reskilling.
Desde sempre que temos um papel activo no desenvolvimento e apoio das comunidades onde estamos inseridos. Assim, desde 2007, a Fidelidade tem um programa de Responsabilidade Social em pleno funcionamento e, em 2017, criámos o Prémio Fidelidade Comunidade para apoiar a capacitação das organizações sociais. No que respeita a produtos e serviços, temos sido inovadores e pioneiros em Portugal em serviços, produtos e programas que respondem às necessidades da sociedade e dos nossos clientes, caminhando em linha com o desejo de sermos cada vez mais uma empresa de impacto positivo.
Porque é que a sustentabilidade é tão importante para a actividade de uma seguradora?
Na Fidelidade, pela nossa dimensão e história, temos informação muito rica para avaliar o risco a que estão efectivamente expostos os clientes. Os fenómenos extremos estão cada vez mais frequentes e severos e as perdas económicas são muito significativas. É por isso que não fazemos qualquer distinção entre a sustentabilidade e o nosso negócio. Durante a nossa presença na COP28 anunciámos que já somos a segunda melhor seguradora da Europa e a quarta melhor no mundo em termos de sustentabilidade, de acordo com a Morningstar Sustainalytics. Esta distinção, recebida entre 302 seguradoras, coloca-nos como a melhor instituição no sector de banca e seguros em Portugal e consolida a nossa estratégia.
Sermos avaliados por uma empresa externa e com comprovada experiência no mercado de avaliação de riscos de ESG foi muito importante para podermos medir o nosso desempenho e contribuir, também, para garantir a melhoria contínua das nossas acções, políticas e programas. O compromisso com metas ambiciosas, investimentos responsáveis, produtos inovadores e colaboração global são os pilares que definem a nossa jornada.
Teremos seguros mais penalizadores para quem não adoptar práticas sustentáveis?
Neste momento, não é essa a nossa abordagem. Acreditamos mais na pedagogia e na nossa capacidade de influenciar comportamentos para promover uma mudança pela positiva. No que diz respeito ao tema da mobilidade, por exemplo, desenvolvemos o Fidelidade Drive, que premeia os nossos condutores por adoptarem uma condução mais responsável, que reduza acidentes. Ao mesmo tempo, premeia uma condução mais sustentável, dando dados de emissão de carbono traduzidos em poupança de combustível.
Temos já mais de 100 mil utilizadores activos que demonstram a capacidade de influenciarmos a sociedade de uma forma socialmente responsável. Temos a mesma abordagem em relação aos outros temas com os quais trabalhamos diariamente. Na saúde, dispomos do Multicare Vitality para incentivar e premiar hábitos de vida saudáveis. Já na poupança, desenvolvemos uma aplicação chamada Fidelidade MySavings, que ajuda os nossos clientes a poupar e a investir e que dispõe de uma opção ESG.
A nossa missão, nestas várias dimensões, é ajudar as pessoas a prepararem o seu futuro, contribuindo para a longevidade das pessoas e do planeta.
Na temática da sustentabilidade, qual acredita ser a responsabilidade e o papel das seguradoras na partilha de conhecimento com a sociedade?
Na Fidelidade procuramos ser um agente económico que contribui para uma sociedade mais próspera e resiliente. Este trabalho começa, desde logo, na pesquisa e criação de conhecimento relevante que possa ser aplicado em prol de todos. Nesta perspectiva, o conhecimento colaborativo pode originar soluções que respondam aos desafios crescentes da população, agora ou no futuro. A criação do Center for Climate Change, o nosso hub de investigação, cuja ambição é combinar as competências e capacidades internas da companhia com investigadores e outras partes interessadas, vai permitir a partilha de conhecimento, que contribui para a literacia climática, alavancada em toda a informação e dados que temos ao longo dos nossos 200 anos de história.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 329) da Marketeer.