Fabricante do Oreo e outras empresas investem no desenvolvimento de cacau sintético
O mercado global de cacau enfrenta uma transformação significativa, impulsionada pela escalada dos preços e pela crescente preocupação com a sustentabilidade. Em resposta, grandes empresas alimentares estão a investir em alternativas sintéticas produzidas em laboratório, capazes de substituir o cacau tradicional.
A Mondelez International, fabricante da Oreo, foi um dos principais investidores numa ronda de financiamento de 4,5 milhões de dólares para a start-up israelita Celleste Bio. Fundada em 2022, a empresa utiliza tecnologia de cultura celular para produzir cacau sem depender dos métodos agrícolas tradicionais, que se encontram vulneráveis às alterações climáticas. “Se não mudarmos a forma como obtemos cacau, não teremos chocolate em duas décadas”, alerta Michal Beressi Golomb, CEO da Celleste Bio.
Esta aposta ocorre num contexto de preços recorde. Em abril deste ano, o cacau atingiu os 12 mil dólares por tonelada, quase o triplo do preço registado em janeiro. A escassez de oferta é agravada por condições climáticas adversas e doenças que afetam as plantações na África Ocidental, responsável por mais de dois terços da produção global.
Para além do cacau cultivado em laboratório, a indústria alimentar está também a explorar alternativas inovadoras. A britânica Tate & Lyle uniu-se à BioHarvest Sciences para desenvolver adoçantes sintéticos a partir de moléculas derivadas de plantas, uma tecnologia que poderá distanciar a marca dos alimentos ultraprocessados.
Outras empresas seguem o mesmo caminho. A finlandesa Fazer já lançou um “chocolate” sem cacau, feito com malte de centeio e óleo de coco, enquanto colabora com o centro de investigação estatal VTT para produzir cacau a partir de células. Por sua vez, a Voyage Foods, parceira da Cargill, desenvolve alimentos sustentáveis como chocolate sem cacau e cremes de nozes sem os ingredientes tradicionais.