Estarão os modelos de interacção nas redes sociais progressivamente a esgotar-se?
Por Bruno Moreira, co-autor do livro “Metaverso no Marketing, nas Marcas e nos Negócios”, fundador e gestor da agência Modal Brands & Digital e docente do ensino superior
Todos conhecemos os circuitos de interacção nas redes sociais. Alguém publica e outro alguém gosta, partilha, comenta, avalia ou faz algo similar. Isto é igual em todas as redes sociais, utilizadas por 62% da população mundial, cerca de cinco mil milhões de pessoas (estudo da We Are Social e da Meltwater). O impacto é global e transgeracional, cruza sociedades e culturas, conecta-as, mas também provoca e gera conflitos e tensões.
É assim no Instagram, Snapchat, WhatsApp, Tinder, Twitch, Hi5, Orkut, TikTok, Twitter (ou X), Facebook (ou Meta), WeChat, Weibo, LinkedIn, entre tantas outras… estes modelos de interacção são precisamente os mesmos desde o aparecimento da primeira rede social, chamada SixDegrees, lançada há mais de 25 anos, em 1997.
Por outro lado, é curioso e estranho pensar que a tecnologia evoluiu tão drasticamente nas últimas três décadas, mas os modelos de interacção continuam a ser precisamente os mesmos. Estaremos perto de um esgotamento ou uma fadiga por parte dos utilizadores, ou será que estes modelos de interacção são inesgotáveis e vão continuar a perdurar no tempo?
A resposta não é fácil e é preciso conhecer as novidades para construir um cenário de médio-longo prazo. Houve, de facto, um termo que se popularizou nos últimos anos, e que prometia revolucionar a interacção humana, o trabalho e o entretenimento através de ambientes virtuais imersivos: o Metaverso.
Gerou-se um grande entusiasmo no final da década passada, que viria a ser impulsionado por uma apresentação de Mark Zuckerberg (2021) e o respectivo rebranding da marca Facebook para Meta. Estavam oficialmente traçados novos caminhos, com grandes promessas de “como as pessoas iriam mudar o tempo que passam nos seus dispositivos”. No entanto, essa fase inicial de entusiasmo foi seguida por uma dose de realidade, com vários desafios técnicos e sociais a surgir pelo caminho.
Será assim tão estranho pensar que poderemos marcar encontros num determinado local (virtual), a determinada hora, com uma ou mais pessoas, e ter uma interacção mais completa, complexa, humanizada e tridimensional? Seja para mero convívio, para uma reunião de trabalho ou outro contexto. Hoje, grande parte dos videojogos permite esses novos níveis de interacção aos mais jovens. É essa mesma tecnologia que permite à ciência, à formação profissional e à educação criar ambientes mais interactivos, atractivos e sedutores para quem, à priori, já iria estar em contacto com um ecrã.
É certo que a projecção e mediatismo recente de outras tecnologias complementares, como a Inteligência artificial, vieram desviar a atenção do Metaverso. Mas o desenvolvimento deste conceito continua a acelerar a transformação da ligação entre o real e o virtual, de uma forma mais integrada e sedutora.