Esta editora também é uma agência de comunicação cultural. Chegou a Arraial

Numa altura em que as festas estão proibidas e em que o distanciamento físico impera, nasce uma editora de música e de comunicação com o nome Arraial. Criado no seio da Arruada, o novo selo editorial lembra que há algumas fronteiras que não são assim tão vincadas e que diferentes géneros musicais podem conviver em harmonia.

Crédito: Joana Linda

“Raio”, o novo álbum do brasileiro Domenico Lancelotti é o primeiro trabalho com a chancela Arraial, a que se seguirá um EP de Churky e outro da artista Rita Vian. Além do lançamento de discos, a Arraial presta serviços de assessoria cultural a eventos e projectos.

Pedro Trigueiro, director da Arruada e da Arraial, explica à Marketeer que a ideia de lançar uma editora já estava a ser cozinhada há algum tempo e que, apesar do impacto da pandemia, a equipa demonstrou estar preparada para dar este passo.

«Temos a certeza de que queremos expandir, chegar a novos desafios, crescer de forma sustentada e sempre com a premissa de que conseguimos ser úteis ao que nos propomos», adianta ainda o responsável, ressalvando que esta é uma época avessa a grandes previsões.

O que levou a Arruada a criar uma nova marca?

É o culminar de algo que já estávamos a trabalhar. A produção executiva de vários álbuns (Buraka Som Sistema, Banda do Mar, Regula, Cristina Branco) já era uma realidade há uns anos e as dinâmicas de necessidades, opções, estratégia, também já vinham ancoradas ao management que temos na Arruada. É quase um processo natural.

Como definem a Arraial? E qual é a história por detrás do nome?

Arraial é uma editora de música e assessoria cultural. A história relaciona-se fundamentalmente com o domínio da cultura popular portuguesa. Não só em termos de santos populares e os seus arraiais. Nos últimos anos, tem existido uma excelente apropriação de terminologia popular portuguesa (exemplos de cervejeiras, têxtil) que busca no imaginário português a solução mais criativa do que uma solução anglo-saxónica, por exemplo.

Uma festa de afro house pode ser um arraial. Uma roda de samba pode ser um arraial. Um concerto rock pode ser um arraial.

De que forma se distingue a comunicação da Arruada e da Arraial? Há linguagens ou estratégias diferentes, por exemplo?

Existe um ponto que une a abordagem de ambas: até que ponto somos úteis às propostas que estão diante de nós. A assessoria cultural da Arruada é a principal ligação entre ambas. A experiência de promoção e divulgação dos artistas da Arruada, de eventos como EDPCoolJazz, Matosinhos em Jazz, Novas Quintas Teatro Aveirense, de livros como os da Márcia, Cristina Branco, Kalaf Epalanga, Vitor Belanciano, e de eventos que trabalhamos, faz com que afine muito o que se pretende para uma assessoria a edição discográfica e respectivos players.

Quais serão os serviços prestados?

Fundamentalmente, edição fonográfica e assessoria cultural. São os pontos primordiais do que vamos trabalhar na Arraial.

Quem são os primeiros artistas da Arraial?

Com um entusiasmo muito significativo, arrancamos com Domenico Lancellotti, um artista brasileiro multidisciplinar e que tem no currículo trabalhos com Gal Costa, Adriana Calcanhotto, Orquestra Imperial, entre outros. Temos também já apontados EP de Churky e um EP da Rita Vian, ambos artistas portugueses. Tudo a acontecer neste primeiro semestre de 2021.

Qual é o impacto da pandemia na criação de uma nova editora musical/agência de comunicação cultural?

Tem um impacto total. O tempo que existe para reequacionar, rever matérias, estudar, aprofundar conhecimento, especialmente no universo digital com consecutivos webinars, workstations, palestras, leituras, etc.. Todos estes factores agregaram conhecimento ao que já existia e trabalhou-se um músculo muito competente da estrutura Arruada. É com orgulho que indico que temos sido tudo menos passivos durante esta pandemia.

Como é constituída a equipa? Tiveram de contratar?

Os recursos são comuns à Arruada, com a inclusão de mais uma pessoa. A pandemia também tem servido para se fundamentar que muito do investimento a ser feito pode, e eventualmente deve, ser feito em recursos humanos.

Qual é o plano de crescimento/expansão?

No momento em que vivemos, ter a capacidade de fazer projecções seguras, e principalmente em áreas específicas como a cultura, é meio complicado. Temos a certeza de que queremos expandir, chegar a novos desafios, crescer de forma sustentada e sempre com a premissa de que conseguimos ser úteis ao que nos propomos.

Texto de Filipa Almeida

 

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