Encontar o equilíbrio: Zen e o Fado no Marketing moderno

Texto de Flavio Souza, profissional de marketing

O mundo do marketing é vasto e diversificado, reflectindo não apenas as tendências globais, mas também as peculiaridades culturais de cada região.

Assim, tomarei a liberdade de explorar os contrastes culturais entre o Japão e Portugal, dois países com ricas tradições e filosofias distintas, e que tive a oportunidade de morar (Portugal) e que actualmente moro (Japão), vejamos como essas diferenças culturais se manifestam no marketing.

Começamos pelo Japão. O Japão é conhecido pela sua filosofia Zen, que enfatiza a simplicidade, a harmonia e a ligação com a natureza. Estes princípios estão profundamente enraizados na cultura japonesa e têm uma influência significativa em várias áreas, incluindo o design, a arquitectura e, claro, o próprio marketing.

O design minimalista é valorizado, com ênfase na simplicidade, clareza e espaço negativo.

Assim, o Marketing “Zen” procura transmitir uma mensagem clara e directa, muitas vezes através de um design simples e uma abordagem tranquila e contemplativa. Por exemplo, os anúncios e materiais de marketing muitas vezes apresentam imagens limpas e texto conciso (apesar desses textos serem longos já que os consumidores japoneses têm o hábito de ler as embalagens de um produto), mas, em geral, a ideia do Marketing “Zen” é transmitir uma sensação de calma e serenidade ao consumidor.

Por outro lado, temos o Fado, uma expressão musical portuguesa que evoca uma profunda emoção. O Fado, na minha opinião, é uma forma de arte que reflecte a saudade, a nostalgia e as experiências humanas mais profundas. Portanto, o Marketing do “Fado” tende a ser mais emotivo e narrativo, procurando envolver os consumidores através de histórias cativantes e uma ligação emocional e cultural.

O Marketing do “Fado” tende a ser mais rico em narrativa e emoção.

Os comerciais e campanhas publicitárias muitas vezes contam histórias profundas e emotivas, que ressoam com a experiência humana. Estas narrativas são frequentemente acompanhadas por jingles publicitários evocativos de sentimentos.

Assim, outra diferença significativa está na forma como o Marketing “Zen” e o Marketing do “Fado” abordam a ligação com a natureza e as experiências humanas.

No Japão, a filosofia Zen valoriza a harmonia com a natureza e a simplicidade da vida. As campanhas de marketing frequentemente destacam a beleza natural do país e como os produtos ou serviços promovidos podem enriquecer a vida dos consumidores de uma forma equilibrada e harmoniosa.

Em contraste, o Marketing do “Fado” em Portugal centra-se nas experiências humanas mais profundas e na complexidade das emoções. As campanhas muitas vezes destacam as histórias pessoais dos consumidores e como os produtos ou serviços podem ajudá-los a enfrentar os desafios da vida.

A propósito, não existe um Marketing melhor ou pior, os dois são apenas paralelos culturais e estratégias diferentes aplicadas a consumidores de culturas também diferentes, portanto a abordagem aqui não é Marketing “Zen” vs. Marketing “Fado”. Em suma, o Marketing “Zen” pode atrair consumidores que buscam simplicidade e tranquilidade, enquanto o Marketing do “Fado” pode ressoar com aqueles que valorizam a profundidade emocional e a ligação humana.

Em última análise, a chave para o sucesso no marketing é entender o público-alvo e adaptar as estratégias de acordo com as suas necessidades e preferências. Ao reconhecer e harmonizar os contrastes culturais entre o Japão e Portugal, os profissionais de marketing podem criar campanhas poderosas e impactantes que ressoam com os consumidores num nível mais profundo tanto aqui como aí.

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