E-commerce e os desafios da logística e das entregas
Por Miguel Salema Garção
Director de Marca, Comunicação e Sustentabilidade
1. O mercado de e-commerce é global, apresentando grande crescimento e tende a assentar em dispositivos móveis. O maior ponto de crescimento situa-se na Ásia-Pacífico, que já constitui a geografia mais importante em termos de volume de negócios, seguida da Europa, onde o UK é claramente dominante, e dos EUA.
O e-commerce, mais do que uma tendência de crescimento global, é também uma tendência de mudança de padrões e paradigmas de compra e de consumo e, consequentemente, do lado do mercado empresarial português, apresenta uma oportunidade, ou de desenvolver new business, ou de alcançar novos mercados internacionais. O always on shopping, ou numa loja física, num site online via desktop ou num dispositivo móvel ou envolvendo social media, é cada vez mais uma realidade. O comércio é mais omnicanal, perspectivando-se que o retalho online a nível mundial, fortemente impulsionado pelo mobile commerce, irá crescer seis vezes mais que o retalho físico até 2021, quase duplicando o seu actual peso no total do retalho, atingindo um valor próximo dos 20%.
2. Um dos factores mais saliente e notórios do crescimento do e-commerce está inquestionavelmente ligado às entregas físicas das compras realizadas online, que tendem a ser cada vez mais rápidas e a mais baixo preço (e.g., free delivery). É neste contexto que a logística em toda a sua cadeia de valor, incluindo as entregas no last mile, tende a constituir-se como uma das funções mais relevantes e diferenciadoras na relação entre retalhistas e consumidores. Esta capacidade de diferenciação apresenta grandes desafios aos operadores de logística, a saber: i) incorporação de motores de optimização dinâmica de rotas que resultem em maior velocidade e menor custo; ii) personalização das entregas em termos de opções de data e hora preditiva (dia/hora certo e janelas horárias de recolha e entrega bem como a possibilidade posterior da sua alteração) e conveniência, mediante a disponibilização de mais opções de locais de entrega e de soluções de devolução simples e rápidas; iii) visibilidade e interactividade informativa (e.g., notificações por SMS e email sobre o estado da entrega); e, finalmente, a adoção de elastic logistics que, mediante o recurso a parceiros, permita alisar “picos” de procura e/ou as grandes distâncias associadas a transacções cross-border, conferindo uma experiência uniforme de entrega óptima ao comprador online.
3. Tem sido numa perspectiva de parceria contínua com os seus clientes de retalho e venda online, no sentido de proporcionar a melhor experiência de entrega das suas encomendas, que os CTT lançaram ainda em 2017 a sua oferta modular, flexível, dinâmica e inovadora, o e-Segue. Esta oferta, conjugada com a sua actuação proactiva nos fluxos cross-border, assente em relevantes parcerias internacionais e tirando partido da localização de Portugal como gateway de entrada e saída na Europa, confere aos CTT ser uma clara e efectiva plataforma de serviços de logística e de entregas de suporte, quer ao fluxo de entrada de encomendas, quer às operações de exportação online das empresas portuguesas.
Artigo de opinião publicado na Revista Marketeer n.º 264 de Julho de 2018.