Douro comercializou 624 milhões de vinhos em 2024 e aplica 2,1 milhões em promoção em 2025

A comercialização de vinhos do Douro e do Porto rondou os 624 milhões de euros em 2024, divulgou hoje o presidente do IVDP, acrescentando que o plano de promoção para 2025 contempla 2,1 milhões de euros.

O presidente do Instituto dos Vinhos do Porto e Douro (IVDP), Gilberto Igrejas, foi hoje ouvido na Assembleia da República, pelo grupo de trabalho para o setor vitivinícola, criado na Comissão de Agricultura e Pescas, e adiantou que a Região Demarcada do Douro vai fechar 2024 “grosso modo com cerca de 624 milhões de euros de comercialização de vinhos”.

“Sendo que ao nível da parte internacional nós vamos ter alguma quebra comparativamente à parte nacional”, referiu.

Em 2023, a comercialização de vinhos do Douro e do Porto rondou os 615 milhões de euros.

Referiu ainda que se continua a “apostar fortemente” nos mercados estratégicos para a Denominação de Origem Protegida (DOP) Porto, como Portugal, mas França, Reino Unidos, Países Baixos e Estados Unidos da América (EUA), reconhecendo que o norte-americano é um mercado que “preocupa muito este ano”.

Para a DOP Douro os mercados são Portugal, Canadá, Reino Unido, Brasil e Suíça.

Gilberto Igrejas adiantou que o plano de promoção para 2025 contempla cerca de 2,1 milhões de euros e várias ações a concretizar em Portugal e no exterior.

Depois da descativação concretizada pelo ministro da Agricultura, o presidente disse que o instituto já tem acesso às verbas “para uso deste ano”, no entanto realçou que “também é muito importante o reforço das verbas para o IVDP”.

“Através dos saldos de gerência que foram acumulando ao longo destes últimos anos, e portanto, nós estamos a falar de um montante global de cerca de 11 milhões de euros que importará agora aqui ir buscar para fazermos um plano estratégico de promoção e proteção para os vinhos da região”, explicou.

Gilberto Igrejas realçou que “é muito importante a descativação que ocorreu e que vai permitir, já em tempo útil,” concretizar as ações, mas salientou que será também “de toda a relevância, em face da crise que o setor está a viver”, que o IVDP tenha um “plano estratégico de promoção e proteção alongado a três, quatro anos” para que se volte “a posicionar o preço dos vinhos por forma a que a sustentabilidade da cadeia esteja garantida”.

A descativação das verbas e a promoção têm sido medidas insistentemente reclamadas na região.

Nesta audição, o presidente do IVDP falou ainda da última vindima que descreveu como “relativamente abundante”.

“Significa que a oferta, sendo maior, os preços pagos aos agricultores tendem a diminuir e foi exatamente o que aconteceu este ano. Ou seja, nós tivemos uma quebra ao nível dos preços que foram pagos aos agricultores e daí resultarem algumas dificuldades para estes agricultores”, referiu, acrescentando que foram reportados ao instituto 117 hectares de vinha por vindimar

O dirigente foi ainda questionado sobre medidas para o setor dos vinhos, como destilação, vindima em verde e arranque de vinha, e sobre a Casa do Douro, restaurada como associação pública de inscrição obrigatória e com direção e conselho regional já em funções.

Sobre as medidas para o setor considerou que o “arranque de vinha deve ser visto como uma última medida”.

“Nós devemos tentar ver primeiro a gestão de oferta (…) e devemos aumentar claramente os níveis de promoção, valorizando cada vez mais as marcas coletivas, protegendo ainda mais, mas essa deve ser a última medida que nós devemos adotar”, concretizou.

Quanto à Casa do Douro, afirmou que é preciso aguardar para se saber quais vão ser, na realidade, as competências da instituição, lembrando que algumas das competências que lhe foram atribuídas estão sobrepostas com as do IVDP.

O grupo de trabalho criado na Comissão de Agricultura, proposto pelo PS, pretende fazer uma avaliação da atual situação e propor medidas, estando, para o efeito, a ouvir vários intervenientes do setor vitivinícola em Portugal.

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