Do planeamento ao conforto: estratégias para poupar ao longo do ano
Por Alexandre Fernandes, country manager da Klarna em Portugal e Espanha
A poupança, muitas vezes olhada como um sacrifício, pode ser a solução para um estilo de vida mais equilibrado e menos stressante. O Dia Mundial da Poupança, que se assinala no final deste mês, poderá ser o momento ideal para uma reflexão sobre a forma como gerimos as nossas finanças e como podemos adoptar hábitos que nos ajudem a ter mais controlo sobre o futuro, sem abdicar do presente.
Na verdade, poupar não tem de ser uma tarefa hercúlea e pequenos ajustes no dia-a-dia podem gerar grandes resultados ao final do ano. Em primeiro lugar, é fundamental ser-se um consumidor mais informado e crítico. A literacia financeira deve ter, por isso, um lugar de destaque, e todos os consumidores devem ser detentores do conhecimento básico, principalmente de produtos de poupança, informação sobre juros – simples e compostos – e demais conceitos financeiros que ajudam no processo de poupar e aumentar rendimentos.
De resto, e no que ao consumo diz respeito, com a plena adopção da internet e das ferramentas digitais, comparar preços é também importante actualmente muito fácil, embora acredito que algumas pessoas ainda não tirem partido do potencial desta prática. Não é raro encontrar diferenças significativas nos preços de produtos entre várias lojas, quer estejamos a falar de ambientes online ou de lojas físicas. Um simples hábito de comparação pode evitar gastos desnecessários e, ao longo do tempo, fazer uma grande diferença no orçamento familiar.
A jornada para uma vida financeira mais saudável pode também passar pela diversificação das fontes de rendimento. Em tempos de transformação digital, há oportunidades para gerar novas receitas, desde pequenos projectos de empreendedorismo a actividades como a venda de produtos caseiros ou serviços especializados. Ainda é subestimado o impacto que essas actividades podem ter, mas o potencial de poupança é significativo. Acredito que o segredo esteja em arrancar com algo que gostamos e que não nos sobrecarregue as responsabilidades que já temos no nosso dia-a-dia.
No entanto, não se trata apenas de fazer crescer os nossos rendimentos ou até de comprar de forma mais consciente. Outro passo importante para quem procura obter maiores níveis de poupança é alcançar um maior controlo sobre os impulsos de consumo. Numa sociedade onde somos constantemente impactados com ofertas, saldos e campanhas de marketing, torna-se cada vez mais difícil resistir à tentação de comprar “aquela grande oferta imperdível”. Porém, criar um orçamento e segui-lo de forma rigorosa pode ser libertador. Com as ferramentas tecnológicas actuais que temos à nossa disposição, desde apps de gestão financeira até simples folhas de cálculo, é fácil analisar onde o nosso dinheiro está a ser gasto e ajustar comportamentos de forma a maximizar o que sobra no final do mês.
Nessa mesma linha de pensamento, poderá ainda fazer sentido avaliar a relação que temos com os objectos que compramos e adoptar a prática de “entra uma peça, sai outra”. Para cada novo objecto que adquirimos, quer se trate de uma peça de roupa ou um novo gadget, podemos questionar: e o que posso dispensar? Esta prática, além de ser financeiramente inteligente, ajuda-nos a dar uma segunda vida a objectos que já não utilizamos, promovendo um consumo mais sustentável e consciente. A venda desses objectos permite ainda minimizar o impacto financeiro do objecto novo que veio substituir o antigo.
Com as compras de Natal e as promoções da Black Friday a aproximarem-se, é fundamental planear com antecedência. Evitar a pressão das compras de última hora permite poupar, mas também fazer escolhas mais ponderadas. Estabelecer um limite de gastos para a temporada festiva e segui-lo à risca é uma das formas mais eficazes de evitar o arrependimento e um impacto negativo nas finanças pessoais.
Acima de tudo, acredito que se trate de uma questão de mentalidade. Não é apenas cortar nas despesas, mas ser estratégico nas decisões diárias, permitindo que as nossas escolhas de consumo reflictam o que realmente é importante para a nossa vida.