Do hotel (quase) só para crianças à maior rede de resorts no Brasil. Vila Galé aponta à expansão
Quase em contra-ciclo ao mercado, o Grupo Vila Galé promete abrir quatro novos hotéis no Verão de 2023, com o arranque da construção a dar-se nos próximos meses, para além de ter anunciado já a inauguração do Vila Galé Alagoas, no Brasil, no próximo mês de Julho. As novidades foram partilhadas por Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo, precisamente na semana em que o Hotel Vila Galé Estoril reabriu com uma imagem renovada e uma aposta em quartos temáticos, que promete levar os hóspedes numa viagem pela década de 1960. John Lennon, Johnny Cash e Elvis Presley são alguns dos artistas musicais que dão agora mote aos quartos desta unidade hoteleira localizada junto ao oceano Atlântico.
No que diz respeito às novas apostas, o Grupo Vila Galé vai renovar o antigo Convento e Hospital de São Francisco no centro de Ponta Delgada, nos Açores, transformando-o “num hotel de charme, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia”. O projecto terá o valor de cerca de 12 milhões de euros e contará com 93 quartos, restaurantes, bar, piscinas e Satsanga Spa & Wellness.
No Continente, o antigo Convento de Santa Iria e o Colégio Feminino de Tomar vão ser transformados numa unidade de quatro estrelas – Collection Tomar –, com cerca de 100 quartos, restaurante, bar, Satsanga Spa & Wellness, piscina exterior e um salão de convenções para mais de 200 pessoas. Com um investimento a rondar os dez milhões de euros, terá como tema a Ordem dos Templários.
Mais a Sul e próximo do Vila Galé Clube de Campo, em Beja, a marca vai lançar um conceito de hotelaria em Portugal que apelida de “inédito” – um hotel totalmente concebido para os mais novos, onde os adultos só poderão entrar se estiverem acompanhados por crianças. Esta unidade contará com cerca de 80 quartos e várias atracções projectadas para os mais pequenos como um parque aquático com várias piscinas exteriores aquecidas, escorregas, carrosséis, trampolins e insufláveis. Clube Nep é o nome escolhido para uma unidade onde também não vão faltar brinquedos e um spa infantil. Com um investimento que ronda os 10 milhões de euros, terá ainda decoração 3D, parede de pintura e de escalada, piscina de bolas, slide e programação adequada aos mais novos.
Por fim, e na mesma herdade, serão investidos cerca de três milhões de euros num novo agroturismo – Monte da Faleira –, direccionado a casais. Terá quartos temáticos, piscina exterior, dois salões de eventos e duas salas de reuniões.
O outro lado do Atlântico também traz novidades, uma vez que o grupo tem prevista a abertura de um novo resort no Brasil, na zona nordeste. O Vila Galé Alagoas terá um regime “tudo incluído”, 513 quartos, seis restaurantes, Satsanga Spa & Wellness, oito salas de reuniões, salão para mil pessoas, parque aquático infantil e outras infra-estruturas desportivas e de lazer. Representando um investimento de 150 milhões de reais (cerca de 26 milhões de euros), esta abertura pretende reforçar a posição do Vila Galé como “a maior rede de resorts neste país”. O tema em destaque será a literatura, com estátuas de Jorge Amado e Fernando Pessoa espalhadas pelo recinto.
Sobre o reposicionamento do complexo no Estoril, o grupo explica que o resultado é um espaço recomendado para adultos onde, entre Abril e Setembro, passará a estar disponível o regime “tudo incluído”, permitindo aos hóspedes aproveitar o que o hotel tem para oferecer. Devido à pequena área de lazer exterior que este Vila Galé tem, estão planeadas também actividades fora das imediações, que incluem visitas culturais e passeios.
Além disso, a zona de restauração foi alvo de remodelações, apresentando agora o Inevitável, um restaurante com aproximadamente 30 lugares que oferece uma carta gastronómica de inspiração mediterrânica à base de mariscos: moqueca de polvo e camarão com arroz basmati, caril de lagosta com arroz de coentros ou mousse de avelã caramelizada são alguns dos pratos e sobremesas que tanto hóspedes como o público vão poder experimentar diariamente nesta nova aposta, que se junta ao já existente Massa Fina.
A marca da pandemia e a visão para 2022
Numa altura ainda marcada pela pandemia, e em linha com os resultados gerais do sector do turismo em Portugal, o Grupo Vila Galé terminou o ano fiscal com uma receita de 59 milhões de euros, entre 48% e 50% abaixo dos valores pré-pandémicos, revela o administrador Gonçalo Rebelo de Almeida num encontro com jornalistas. Ao longo de 2021, 65% das reservas correspondeu a hóspedes nacionais e 35% a internacionais, ainda que se esteja a dar uma retoma lenta no fluxo de reservas estrangeiras, especialmente vindas do Reino Unido, dos Países Baixos, de França e da Alemanha.
«No Brasil, concluímos o ano com 325 milhões de reais de receita [cerca de 56,7 milhões de euros], o que, comparado com o período pré-pandémico, fica 15% abaixo. Contudo, o Brasil nunca foi tão abaixo como Portugal e recuperou mais rapidamente. Isto tem a ver com os timings em que as vagas aconteceram. As nossas vagas ‘covidianas’ atingiram sempre o nosso início de Verão e no Brasil as vagas nunca aconteceram no período de Verão brasileiro», explica Gonçalo Rebelo de Almeida.
A pensar na retoma do sector para este ano, o presidente do grupo, Jorge Rebelo de Almeida, revela que o grande objectivo da empresa em 2022 está ligado aos recursos humanos e à captação de talento jovem, nomeadamente, o aliciamento de quem procura o primeiro emprego na área turística. Também a reformulação de carreiras e a melhoria das condições dos colaboradores são outras das prioridades do Vila Galé, que já contam com um seguro de saúde e um leque de diversas ofertas, como 65% de desconto em estadias nos hotéis do grupo.
«Tivemos dois anos maus, mas acredito que nos próximos meses vamos progressivamente começar a recuperar. Os mercados internacionais, em particular o segmento de lazer, estão com muita vontade de voltar a viajar e temos bons argumentos para conquistar até novos públicos. Estou convicto que também desta vez o turismo terá um papel essencial como motor da economia e de resposta à crise», afirma o presidente da empresa.
Texto de Beatriz Caetano