Do clique à realidade: o e-commerce em Portugal

Por Ricardo Ferreira, CEO da ACEDE

O comércio electrónico, no panorama económico global, tem desempenhado um papel diferenciador, oferecendo às empresas oportunidades únicas em termos de crescimento e de inovação. Em Portugal, este “fenómeno” veio impulsionar a economia, alargando a presença internacional das nossas empresas. De acordo com o estudo “E-Commerce & Last Mile 2023” da Deloitte, feito em colaboração com a Associação Portuguesa de Logística (APLOG), é expectável que o mercado de e-commerce português alcance os 9,3 mil milhões de euros até 2025.

No entanto, e embora 62% das empresas em Portugal tenham uma presença online, seja através de websites ou redes sociais, apenas 16% dispõem de um canal de vendas online, segundo o mesmo estudo. Tal disparidade mostra-nos que ainda existe um caminho muito longo a percorrer, repleto de desafios, mas que, ao mesmo tempo, é necessário ter uma abordagem cuidadosa e estratégica para garantir o sucesso do comércio electrónico no nosso País.

Se dúvidas existissem, os dados do European E-commerce Report 2023, do Eurostat, dissipam-nas, indicando que os portugueses ainda se encontram na retaguarda do comércio online na Europa. Para se ter uma noção, em 2022, entre 37 países, Portugal ocupou a vigésima oitava posição na percentagem de e-shoppers por país (63%), integrando o leque de regiões da União Europeia com menor adesão ao comércio electrónico.

É imperativo abordarmos e reflectirmos sobre este atraso, procurando uma solução que permita enfrentar os desafios que se apresentam. A criação de um ambiente regulatório favorável, que promova o desenvolvimento sustentável do comércio electrónico e que proteja os interesses dos consumidores e das empresas portuguesas, é essencial. É necessário fomentar a colaboração entre o Governo e o sector privado, já que só assim será possível impulsionar o desenvolvimento do e-commerce. Falo de incentivos e subsídios a empresas que apostem em tecnologias de e-commerce, promoção de programas de formação e educação para empresários e trabalhadores ou fóruns de diálogo onde o Governo e o sector privado onde seja possível debater desafios, oportunidades e inovação neste tipo de comércio.

O nosso País tem em mãos o poder de moldar um futuro onde este tipo de comércio conduz à prosperidade económica e funciona, simultaneamente, como catalisador essencial para o crescimento e expansão internacional. É preciso dar o passo decisivo – neste caso, o clique que nos leve mais longe.

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