Dinheiro físico vai desaparecer mas o fim ainda pode demorar em Portugal
O Unibanco passou a disponibilizar recentemente a adesão 100% digital a crédito pessoal, um serviço que visa simplificar este processo e responder às novas necessidades da população. Através do computador ou telemóvel, sem recurso a papel, é possível ter acesso a um crédito a qualquer hora e em qualquer lugar.
«No Unibanco continuamos a desenvolver uma oferta digital alinhada com as expectativas e necessidades do mercado e dos nossos clientes, sobretudo numa altura em que o confinamento e o distanciamento social são palavras de ordem. O processo de digitalização das nossas soluções é um compromisso que queremos reforçar e que reflecte a visão que, enquanto marca, temos para o futuro do sector», explica Marília Araújo, directora do Unibanco.
A nova aposta do Unibanco é, por isso, sinal de uma tendência mais alargada no sentido de permitir realizar diferentes tipos de operações à distância, através da internet e sem contacto com outras pessoas. À Marketeer, Marília Araújo explica que, no que ao dinheiro diz respeito, o futuro é feito de inovação – da segurança ao machine learning. A directora do Unibanco conta ainda como as moedas e notas poderão desaparecer dentro de poucos anos, ainda que em Portugal o processo possa ser mais demorado.
A pandemia veio acelerar a adopção dos pagamentos contactless, por exemplo. O mercado estava (ou está) preparado para isto?
Já antes da pandemia a adopção dos pagamentos contactless mostrava sinais de crescimento, sendo que 37% dos portugueses em 2019 admitiu utilizar o contactless para realizar transacções (mais 8% do que em 2017). No entanto, tratava-se de um crescimento gradual, que no contexto de pandemia atingiu um nível de crescimento sem precedentes. Os comerciantes que ainda não tinham terminais preparados para o contactless tiveram de se adaptar, por ser um método mais simples e seguro de pagamento neste contexto. Os próprios consumidores também facilmente aderiram a esta modalidade e aos pagamentos através de canais digitais, motivados também pela questão da segurança e da comodidade.
No Unibanco, temos vindo a transportar os nossos clientes para o meio digital há já algum tempo. É um caminho que iniciámos muito antes da pandemia. Desde a nossa génese que trabalhamos “à distância” com o cliente: sem balcões, por correio, por voz e, nos últimos anos, por digital. E esta jornada no digital começa desde logo na adesão, com a disponibilização da possibilidade de adesão ao cartão Unibanco e ao Crédito Pessoal via 100% digital, através do nosso site ou app Unibanco, sem que o cliente tenha de sair de casa.
Quem privilegia estas formas de pagamento mais digitais?
Os pagamentos digitais terão naturalmente uma maior expressividade junto das camadas mais jovens, que tendencialmente são também os early adopters de tecnologias. No entanto, o actual contexto de pandemia veio quebrar esta tendência, contribuindo para uma experimentação natural que terá gerado maior confiança nos pagamentos electrónicos, pelo que o mercado digital estará cada vez mais presente no dia-a-dia da maioria dos consumidores.
Que outras novas formas de utilização do dinheiro poderão surgir no futuro? Até onde pode ir a digitalização do dinheiro?
Há claramente três tendências que podemos vislumbrar no futuro. Em primeiro lugar, o paradigma always-on, ou seja, o acesso generalizado a mobile e à internet, que continuará a impulsionar a adopção de métodos de pagamento diferentes dos tradicionais por parte dos consumidores, na lógica do mobile first, quer via apps das próprias instituições financeiras, quer via wallets e wearebles (como o Google Pay e o Apple Pay) para pagamentos C2B (consumer to business) de bens físicos ou digitais, ou até mesmo para pagamentos P2P (person to person).
Em segundo lugar, a segurança e os certificados digitais vão assumir uma relevância cada vez maior. Por isso, as instituições do sector financeiro têm trabalhado no sentido de conseguir implementar medidas que protejam mais os seus clientes, sendo uma das mais evidentes a adopção de autenticações mais seguras para pagamentos, movimentos financeiros e contratações de novas soluções, como cartões ou crédito.
Por último, o surgimento de modelos de machine learning, big data e cloud computing, que irão permitir o tratamento de informação como forma de assegurar um serviço mais seguro, conveniente e customizado ao cliente.
Todas estas tendências enunciadas são apenas algumas das muitas mudanças que vão emergir num futuro próximo, que será marcado por uma verdadeira revolução da utilização do dinheiro.
Algum dia teremos uma sociedade completamente sem dinheiro físico?
Há efectivamente vários estudos que indicam que o dinheiro físico irá desaparecer dentro de poucos anos. Em Portugal, não sei se será assim tão breve, mas uma coisa é certa: vamos assistir a um crescimento natural dos pagamentos digitais e a uma oferta de soluções cada vez mais inovadora por parte das instituições financeiras.
O comércio electrónico também cresceu com o confinamento. Já não há tanto receio em pagar online? Ou a conveniência supera esse medo?
Creio que o confinamento ajudou de alguma forma a superar qualquer receio que pudesse existir junto dos mais “cépticos”, por força da necessidade, criando hábitos de consumo que, na minha opinião, vieram para ficar.
No Unibanco, temos um conjunto de serviços ao dispor dos nossos clientes, que lhes garante a maior segurança e protecção necessárias nas suas compras online. É o caso do 3D Secure, um serviço gratuito que permite fazer pagamentos online com segurança adicional, validando todas as compras através de um código enviado para o telemóvel; do MB Net, que permite criar cartões virtuais, com um montante máximo para utilização; e do envio de alertas de segurança sempre que for ultrapassado o limite máximo por transacção definido pelo cliente, ou caso exista utilização do cartão num país de utilização autorizado pelo cliente.
Texto de Filipa Almeida