Deloitte: Em prol do ambiente e da sociedade

A transição energética já está em curso e são várias as empresas que procuram adoptar comportamentos mais sustentáveis e envolver, cada vez mais, os colaboradores em iniciativas em prol da comunidade e do ambiente. Sobre este tema, um dos objectivos da Deloitte é a promoção e o envolvimento dos colaboradores, clientes, fornecedores, organizações sociais, entidades públicas e a sociedade em geral.

«Uma das grandes vantagens que a Deloitte tem, enquanto empresa prestadora de serviços profissionais, é uma visão holística dos temas de Environmental, Social and Corporate Governance (ESG)», começa por referir Afonso Arnaldo, partner e Corporate Responsability & Sustainability leader da Deloitte. Sendo esta uma empresa multidisciplinar, com projectos em diferentes áreas, «é possível avaliar o compromisso que tem vindo a ser assumido por vários clientes para a adopção de comportamentos mais sustentáveis, não só na redução da pegada carbónica, como na circularidade da nossa economia».

Ainda assim, o responsável alerta para o longo caminho a percorrer, dado que, em 2023, estima-se que «apenas 7% da economia global tenha sido circular e não linear». Esta proximidade tem permitido à Deloitte «ajudar os clientes com a transição energética e circularidade, ainda que com desafios muito díspares, consoante a área de actuação das empresas clientes». A nível interno, esclarece que «têm sido dados passos importantes» para alertar os colaboradores quanto aos temas da sustentabilidade e apoio à comunidade, «seja através da redução do consumo de energia, da utilização de meios de transporte menos poluentes ou do incentivo à realização de trabalho de voluntariado». Mais do que apenas informar, a organização pretende «ajudar a educar e a envolver os colaboradores para que entendam os muitos desafios nesta área e a necessidade premente de mudar os comportamentos diários».

INICIATIVAS SOCIAIS E AMBIENTAIS

Desde cedo que a Deloitte reconhece a importância de integrar fontes de energias renováveis nos escritórios e de reduzir, em simultâneo, a utilização de recursos energéticos. Nesse sentido, o profissional destaca que «a empresa tem vindo a investir em energia limpa, de forma a reduzir significativamente a dependência de combustíveis fósseis. Actualmente, 99% da energia consumida provém de fontes hídricas e eólicas».

As iniciativas da organização estendem-se também à frota automóvel, que tem vindo a ser gradualmente substituída por veículos eléctricos e híbridos plug-in. «Pretendemos, a curto prazo, chegar aos 100% de veículos eléctricos e híbridos plug-in (a partir de Janeiro de 2024 já não será possível adquirir veículos exclusivamente a combustão), diminuindo assim a pegada associada às deslocações relacionadas com as operações».

Paralelamente, o executivo também revela que «estão a ser concedidos benefícios aos colaboradores para que utilizem meios de transporte mais sustentáveis nas suas deslocações». Este ano, pela primeira vez, a Deloitte incluiu «a possibilidade de atribuição de bicicletas aos colaboradores, uma medida que acresce à possibilidade de aquisição de passes sociais». Além das iniciativas internas, lembra que a empresa «está também a implementar políticas de sustentabilidade na cadeia de valor e a colaborar com os fornecedores para que, sempre que possível, possam adoptar práticas mais sustentáveis».

Além das medidas ambientais, «as iniciativas sociais também desempenham um papel vital na formação de uma cultura empresarial, que vai além dos resultados financeiros e que se foca num impacto mais profundo na sociedade». É esse o compromisso que a Deloitte espera assumir no trabalho diário que realiza, frequentemente, com diversas associações em prol das comunidades locais. «Acreditamos que os programas de voluntariado ou pro-bono e os programas de financiamento de projectos sociais com o envolvimento dos nossos colaboradores são práticas enriquecedoras para a empresa», realça.

A organização compromete-se também em investir três mil milhões de dólares nos próximos 10 anos em iniciativas de impacto social a nível global. E é, precisamente, na sequência deste tema que Afonso Arnaldo destaca o programa “World- Class” – onde é assumido o objectivo de «apoiar 100 milhões de pessoas na educação e no desenvolvimento de competências até 2030, procurando fazer a diferença e contribuir para a mitigação das desigualdades».

Em termos locais, o responsável mostra-se ainda orgulhoso pelos resultados alcançados numa década de história com o “PACT Fund” – «uma iniciativa que ajuda e financia projectos sociais em Portugal, Angola e, pela primeira vez, este ano, em Moçambique». Nas nove edições anteriores, a Deloitte apoiou um total de 66 projectos, que impactaram mais de 115 mil pessoas. «É um programa com o qual temos aprendido bastante, até porque os nossos profissionais se envolvem directamente como mentores de cada projecto.»

REGULAMENTAÇÃO E TECNOLOGIA

A integração da tecnologia tornou-se peça crucial para impulsionar a transição energética e é «um dos maiores aliados na defesa do futuro do planeta». Aliás, muitas destas tecnologias estão, actualmente, em fase de protótipo em startups, universidades e centros de investigação. E é por esse motivo que «a Deloitte tem promovido iniciativas que têm o intuito de acelerar e apoiar estes movimentos, como é exemplo a “Clean Future”, da Startup Lisboa e da Unicorn Factory de Lisboa».

Adicionalmente, também se verificaram avanços significativos ao nível da “Internet of Things” e, mais recentemente, da Inteligência Artificial – que está, gradualmente, a ser integrada e colocada ao serviço de soluções que trabalham nas áreas da sustentabilidade. Para o responsável, não restam dúvidas de que a tecnologia é um catalisador de mudança nesta área e considera que a Deloitte é um bom exemplo. «Temos vindo a ajudar as organizações a desenvolver as capacidades necessárias para atingir os objectivos de sustentabilidade e impulsionar a transformação, tirando partido do conhecimento empresarial, da tecnologia e da inovação», acrescenta. Além disso, também considera que «é necessário que a sociedade, no geral, e as empresas, em particular, se preparem para as disrupções causadas pelas alterações climáticas».

Já sobre o equilíbrio entre as metas de sustentabilidade e as exigências dos shareholders, Afonso Arnaldo admite que se trata de «uma tarefa complexa e sensível», mas que já se começa a sentir um compromisso para a concretização dos objectivos. O responsável recorre a estudos, como o “The Turning Point”, da Deloitte, para referir que «a economia mundial vai crescer, a longo prazo, se for limitado o aquecimento global». Além disso, esclarece que «a sustentabilidade já não pode ser entendida como uma consideração periférica», mas como uma parte integrante da visão de negócio a médio e longo prazo.

Ao nível da regulamentação para impulsionar a aposta das empresas em práticas mais sustentáveis, o responsável diz que a União Europeia (UE) tem feito uma aposta nesse âmbito. «A UE tem apostado muito na regulação, como forma de impor práticas mais sustentáveis, contrastando com a visão norte- -americana, mais centrada numa política proteccionista e de incentivos fiscais com o mesmo objectivo», justifica. Em seguida, lembra que a instituição europeia já implementou uma estratégia de incentivos, através do programa “Green Deal” e do “Green Deal Industrial Plan”.

Ainda na sequência desta perspectiva, «a UE tem o dever de se concentrar agora em aplicar toda a regulação que já emanou e não tanto em criar regulação que aprofunde ainda mais as obrigações das empresas». No entanto, o executivo considera que deve ser ponderada nova regulamentação, caso esta «incentive mais a adopção de práticas sustentáveis através de benefícios fiscais ou financeiros».

PROGRESSOS E DESAFIOS

Das três áreas de ESG, a governança é aquela que, para Afonso Arnaldo, exerce maior influência. «As práticas de governança têm influência directa na forma como as empresas são percepcionadas pelos seus stakeholders, com um consequente impacto na sua reputação», sublinha. Na visão da Deloitte, «a gestão e mitigação de risco não só protege a empresa de potenciais riscos financeiros e reputacionais, como demonstra um compromisso claro com a responsabilidade corporativa».

Relativamente às métricas incorporadas nos relatórios financeiros, o responsável defende que «a medição das medidas ESG adoptadas pelas organizações tem sido assinalável». É fundamental conseguir, por um lado, medir-se o progresso das metas de cada empresa e, por outro, tornar essa medição comparável no mercado. Embora reconheça que seja um «desafio considerável para as empresas», considera que é uma prática essencial e assinala as regras de sustentabilidade que têm vindo a ser publicadas pela União Europeia.

Nesse contexto, e questionado sobre os desafios mais comuns para as empresas, o responsável identifica os «custos associados à transição» e lembra que, muitas vezes, isso «não é visto como um investimento, mas como uma resistência por parte das lideranças». Em determinados casos, refere que, em Portugal, existe «a percepção de que os investimentos na implementação de estratégias ESG se devem restringir ao mínimo essencial, por forma a cumprir o legalmente imposto». No entanto, o “CxO Sustainability Survey”, que é responsável por «analisar o sentimento dos líderes empresariais face à sustentabilidade», confirma que o investimento nesta área é mesmo uma prioridade para as organizações. Surge ainda o desafio do «estabelecimento de métricas claras na avaliação do desempenho ESG, assim como o objectivo de imbuir toda a organização nas metas ESG».

Por último, no que concerne às colaborações com os órgãos reguladores, o executivo afirma que «as empresas têm um papel central na sustentabilidade» e que «a colaboração com os órgãos reguladores é fundamental para impulsionar eficazmente as práticas ESG». Para isso, conclui que é necessária a partilha permanente de experiências, de modo a «garantir que os reguladores compreendam as dinâmicas específicas de cada sector e desenvolvam políticas eficazes com objectivos mensuráveis».

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 329) da Marketeer.

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