David Carreira: «Dos Morangos às novelas, tudo é know-how que trago para construir com as marcas»
A mais recente parceria de David Carreira não é com um músico, mas com uma marca. Depois de ser já habitual ver o artista associado ao universo da Coca-Cola, da Goldenergy e do Continente, desta vez a escolhida foi a marca Veet, da família Reckitt.
No início da semana, o músico fez um showcase exclusivo e intimista a que assistiu um conjunto de 10 fãs (e respectivos acompanhantes) durante um passeio de cataraman pelo rio Tejo. Nesta que foi a primeira activação offline da marca, houve música e boa vibe para fãs do cantor, numa acção que visou aproximar a marca Veet dos jovens consumidores.
Depois do showcase, numa conversa com a Marketeer, David Carreira garantiu usar a marca Veet e que só dessa forma lhe faz sentido todas as associações que faz com marcas. «Se eu não o fizer dessa forma, vai soar estranho e falso» para aqueles que são os seus seguidores naturais, garante. O artista, que depois te tentar ser jogador de futebol acabou por abraçar a carreira de músico e de actor, não tem dúvidas de que ter feito os Morangos com Açúcar e novelas posteriores o dotou de conhecimentos de câmaras, edição e script que hoje o ajudam na construção dos projectos que desenvolve com as marcas.
O que o fez aceitar o desafio da Veet para este projecto?
Antes de mais era algo que eu nunca tinha feito, um concerto num barco. Eu tenho ligação com a Veet porque já usei. Se não tivesse ligação não o faria.
Porque ter ligação com a marca para si é importante?
Sim! Porque se assim não for, o que quer que estejamos a fazer depois não é verdadeiro. Sempre tive essa lógica. Nota-se quando há uma ligação verdadeira com uma marca. Como eu tenho, por exemplo, com o Continente com a qual já fiz uma série de projectos
Ainda no outro dia eu estava na rua e uma pessoa chega ao pé de mim – eu pensava que ia falar da música – e diz “gosto muito daquele programa que fizeste com o Continente em que tua namorada não sabia cozinhar”. Foi um programa em que eu tive ideia, comecei a produzir, mostrei às pessoas do Continente, adoraram a ideia… A partir daí cria-se uma ligação diferente com a marca em que a minha marca David se liga com marca Continente e fazemos algo juntos.
Aqui, com a Veet, foi igual ou foi a marca que veio com o projecto?
Aqui foi a Veet que veio com o conceito do projecto. E depois, a partir daí, foi através da Luvin e da Brainstrorm (que é a minha estrutura), que formos ver como é que tecnicamente, íamos fazer o projecto a acontecer. O guião que foi feito para convidar os fãs e a maneira como implementar os fãs dentro desta acção são meus. Como tenho ligação directa com os fãs, não há ninguém melhor do que eu para chegar ao pé da Veet e dizer que para funcionar para a minha comunidade tem de ser de determinada maneira. Porque é assim que eu falo com eles. Então por mais que surja uma ideia já construída (como no caso da Veet que era um concerto em cima de um barco para uma quantidade reduzida de fãs) os projectos acabam por ter de ter o meu cunho pessoal para ser algo meu e diferenciado.
Mas nem sempre os influenciadores – que é o que o David é – fazem isso. Porque é que faz questão de fazer isso dessa forma, de ter esta relação com as marcas e cocriar com elas?
Em primeiro lugar, porque se eu não o fizer dessa forma, vai soar estranho e falso. Quem me acompanha verdadeiramente não vai ter ligação comigo naquela acção e muito menos com a marca. Se pensarmos isto friamente, nem seria bom para a marca. Não seria bom para a Veet se eu fizesse uma coisa 100% da maneira como eles querem e como acham que vai funcionar na minha comunidade. Não há ninguém melhor do que eu para saber como é que eu comunico no Instagram. Não é uma pessoa de uma marca externa que vai dizer “David deves comunicar desta maneira”. Até pode dizer “tenho aqui técnicas de melhores práticas de redes sociais” porque está sempre a evoluir. Mas a maneira como comunicar tem que ter o meu cunho pessoal.
Além disso, prefiro estar associado a poucas marcas, mas ter associações a longo prazo e a médio/longo prazo. No caso da Veet, senti que para mim faz sentido porque é uma marca que também consigo ter essa ligação a médio/longo prazo. Uma ligação minha e das pessoas que me acompanham, que não são só mulheres, mas são maioritariamente mulheres
Quando é que começou a relação com a Veet?
Quando era adolescente. Estamos num mundo em que os homens têm cada vez mais cuidado. Agora até já faço uma coisa que eu nem sabia que existia, que é skincare. Ainda só estou nos cuidados da noite, mas em breve posso chegar a outro patamar.
Sempre tive cuidado com higiene e estética. Portanto já era um cliente Veet. Comprava os meus produtos.
Com 15/16 anos eu jogava futebol e é bom não ter pelos por causa das lesões e de ser mais fácil nas massagens. Como tive o azar de ter várias lesões… estava sempre nas massagens e dava jeito não ter pelos.
A nível de marcas neste momento, está com a Veet, o Continente, a Coca-Cola. Tens mais alguma marca a que esteja associado?
Sim, tenho a Benecar, stand de carros que é parceiro da digressão toda. Já tenho uma ligação pessoal com a marca e com os donos da marca há uns anos. São parceiros das digressões há uns anos. A quinta da Pacheca também. Começo a apreciar vinhos já há uns cinco anos. Nunca fui muito de álcool por querer ser jogador de futebol. Tinha a mentalidade de não consumir álcool, tabaco… e também não sair à noite. Portanto nunca fui muito de álcool, mas depois com a idade, comecei a beber vinho e gin que também gosto. Tenho ligação com a Royal Bliss também. E a Goldenergy.
Que teve um concerto intimista há umas semanas…
A maneira que arranjámos para comunicar foi engraçada. A Goldenery veio ter comigo a dizer que gostava que eu fizesse uma música que falasse sobre energia positiva e que chegasse ao maior número de pessoas possível. Disse que era quase impossível que as pessoas se revissem numa música com o nome de uma marca porque as pessoas reveem-se em sentimentos… e dificilmente pegariam no seu telemóvel para ouvir essa música. Tivemos que desconstruir para fazer uma múscia que não tivesse tanta presença de marca, mas tivesse a energia que a marca quer passar. A partir daí continuei a trabalhar com eles este ano. Eles queriam comunicar e eu disse que como era uma marca com a preocupação com o meio ambiente e a energia sustentável, podíamos fazer um conjunto de vídeos em que eu mostro o que é que as pessoas podem fazer no seu dia-a-dia para serem mais sustentáveis. São vários pequenos vídeos em que acaba por comunicar-se a marca e, dessa forma, a marca chega muito mais longe do que se fosse simplesmente eu a dizer que adoro a Goldenergy.
E depois as pessoas cada vez mais querem viver experiências, querem mais informação e não o B-A-BA do que a publicidade foi há 20 anos.
Ser actor ajuda-o a construir estas mensagens com as marcas?
Muito. Através dos Morangos com Açúcar eu acabei por perceber de câmaras, de edição e de script. É todo um know how que se vai aperfeiçoando e conhecendo cada vez mais.
Para a música do Euro, de Portugal, a “Vamos com Tudo”, na altura cheguei à Federação Portuguesa de Futebol a dizer que somos 11 milhões de portugueses, mas temos 200 milhões que falam a mesma língua no Brasil, mais 50 milhões em Moçambique, 60 ou 70 milhões de Angola. E nenhum deles ia jogar o Euro e que naturalmente iam torcer por Portugal. Então desafiei a fazermos uma música em que houvesse outros cantores que representassem esses países e que nos davam uma força, dizendo que a lusofonia estava a torcer por Portugal no Euro. A Federação adorou a ideia e comecei a trabalhar neste processo de fazer a parte musical, mas também a de videoclipe de forma a divulgar. Sinto que muitas das coisas que fui aprendendo, dos Morangos às novelas, é tudo know-how que trago para fazer ideias ou eventos e construir com as marcas.
Continua a gerir as suas redes ou já não consegue?
Continuo. Faço questão. Ninguém vai conseguir gerir melhor do que eu. Melhor não é no sentido de eu ser o melhor. É no sentido de ser eu, de ser natural. Diria que 98% das coisas das minhas redes sou eu a gerir. Mas se tenho concerto, durante o concerto é óbvio que não sou eu que ponho as stories.
Texto de Maria João Lima