Da máquina da Delta Q ao livro da Revigrés: Label vence três prémios Red Dot

A agência portuguesa de design e comunicação Label conquistou três prémios na edição deste ano do Red Dot Award. Os projectos com assinatura da agência foram todos distinguidos na disciplina de Brand and Communication Design.

Os projectos vencedores naquele que é considerado um dos mais importantes prémios de design a nível mundial são: o stand Utopia para a marca Revigrés na feira italiana CERSAIE, distinguido na categoria “Fair Stand”; o livro Cromática, também para a Revigrés, na categoria “Publishing & Print Media”; e a campanha “In the digital world” que promoveu a máquina RISE Delta Q with Starck, na categoria “Advertising”.

Em entrevista à Marketeer, Raquel Serrano Alves, managing director da Label, aborda a importância da conquista dos três Red Dot Awards e a visibilidade que trazem em termos de visibilidade internacional.

Raquel Serrano Alves, managing director da Label

A Label acaba de vencer três Red Dot Awards. Qual a importância destes prémios para a agência e para o design nacional?

Receber três Red Dot Awards é um marco de grande orgulho para a Label e uma conquista que reforça a posição do design português no cenário global. Os Red Dot Awards representam um dos mais altos reconhecimentos na indústria criativa global e ver a Label vencer em três categorias distintas no mesmo ano é um tributo à qualidade, inovação e autenticidade do design que praticamos em Portugal.

Estes prémios validam a nossa abordagem de criar marcas autênticas e de alto impacto emocional, confirmando que o design pode ir além da estética, trazendo às marcas um valor distintivo que as torna relevantes. Esta conquista também reflecte o que o design português é capaz de oferecer ao mundo, e é inspirador ver que o trabalho feito pela Label, que parte de uma visão humanizada do branding, é valorizado lá fora e reconhecido por um júri internacional.

Estes prémios mostram que Portugal tem o seu lugar no design global, onde já existe um talento vasto que ganha cada vez mais espaço em cenários desafiantes, destacando a nossa capacidade crescente de responder a desafios complexos e de criar soluções distintas.

Como descreveria os três trabalhos distinguidos e que desafios representaram para a Label?

Os projectos vencedores representam a essência da nossa abordagem criativa, onde a autenticidade, o storytelling e a conexão humana são fundamentais. Cada um deles reflecte o nosso propósito de transformar marcas através de histórias impactantes. O stand Utopia da Revigrés, por exemplo, foi mais do que uma simples exposição; foi uma experiência imersiva que inspirou e envolveu os visitantes, utilizando o design como metáfora para a visão transformadora da marca.

O livro Cromática, também para a Revigrés, desafiou-nos a criar a filosofia do neo-cromatismo, a qual apresenta a cor como um elemento poderoso que transforma narrativas e reforça o compromisso com uma abordagem sustentável no design.

Por último, RISE Delta Q with Starck desafiou as convenções da publicidade, reinventando a experiência do café e evocando uma ligação emocional com o consumidor. Este projecto foi um exercício criativo que explorou os limites do design e da narrativa, mostrando que marcas verdadeiramente humanas conseguem desafiar expectativas e criar significado.

Estes três projectos vencedores são o reflexo de uma colaboração onde inovação, design e propósito se encontram, e de uma abordagem que nunca perde de vista o que realmente importa: criar valor duradouro para as marcas e para as pessoas que as escolhem. Estes prémios são, portanto, um reflexo do nosso compromisso em criar soluções que não respondem apenas a necessidades funcionais, mas que tocam as pessoas de forma autêntica e impactante.

Que visibilidade internacional é que estas distinções poderão trazer à agência e como se poderá concretizar em negócio? A internacionalização é um objectivo?

Estas distinções colocam a Label numa plataforma global e são um reconhecimento que abre portas para novas colaborações e mercados além-fronteiras. A Label já trabalha com marcas internacionais –recentemente fizemos o rebranding da maior operadora de telecomunicações de Cabo Verde –, mas a internacionalização continua a ser uma ambição estratégica, para a qual estas distinções são um valioso impulso.

No entanto e acima de tudo, estes prémios demonstram que o nosso compromisso com um design que não é apenas funcional, mas profundamente humano e envolvente, é relevante em qualquer mercado e tem qualidade para competir com o que se faz lá fora. Com este nível de visibilidade, vemos oportunidades de estabelecer parcerias com clientes globais que partilham a nossa visão de inovação e impacto, transformando o design em valor real para os negócios.

Num mundo onde a Inteligência Artificial (IA) é cada vez mais dominante, a criatividade humana vai continuar a fazer a diferença? Que desafios é que o sector enfrenta?

A IA está, sem dúvida, a transformar a indústria, mas acreditamos que a criatividade humana continuará a ser insubstituível. A IA pode optimizar processos e gerar insights valiosos, mas é a intuição humana, a empatia e a capacidade de contar histórias significativas que criam verdadeiras ligações. A criatividade humana vai além de algoritmos, pois traz autenticidade e alma ao design, algo que amplia a experiência emocional das pessoas.

A IA apresenta um potencial significativo para criar experiências personalizadas e emocionalmente envolventes, ampliando a criatividade humana e abrindo novas possibilidades para o storytelling das marcas. Contudo, é crucial que seja utilizada de forma responsável, complementando a arte humana e não substituindo-a. O sector enfrenta o desafio de equilibrar a inovação tecnológica com a preservação de uma abordagem que não se limita ao funcional ou ao estético, mas que se baseia numa relação genuína.

Este é o compromisso da Label: usar a tecnologia como aliada, sempre com o propósito de criar marcas humanas que toquem as pessoas de forma real e transformadora. O nosso trabalho reflecte que, por mais avanços que a IA traga, o toque humano no design é o que faz a diferença e será sempre o que cria valor duradouro. Além isso, é essencial que as marcas definam uma abordagem clara e utilizem a IA de maneira a estarem alinhadas com essa visão, garantindo que a tecnologia seja realmente uma aliada na criação de experiências significativas.

Nos três projectos premiados, conseguimos integrar a IA para potenciar a nossa abordagem criativa, permitindo-nos personalizar as interacções de modo a tocar o público-alvo de uma forma mais profunda. Este uso estratégico da tecnologia não só reforçou a qualidade dos projectos, como também realçou a narrativa que queríamos comunicar, alinhando-nos à visão da marca e tornando as suas experiências mais envolventes.

Ao encararmos a IA como um instrumento que expande a nossa criatividade e capacidades, estamos a abrir portas para um futuro onde a tecnologia e a arte humana coexistem de forma harmoniosa, resultando em experiências de marca que realmente importam.

Texto de Daniel Almeida

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