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Crítica à roupa de Zelensky fez com que vendas disparassem e muitos dos pedidos vêm dos EUA
O encontro entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o presidente norte-americano Donald Trrump e o vice-presidente JD Vance na Sala Oval da Casa Branca esta semana foi tudo menos o que se poderia esperar de uma reunião que visava um possível acordo entre partes sobre minerais raros. Na realidade, no final deste encontro, falou-se em tudo, menos dos minerais que seriam uma das razões para a ida de Zelensky à Casa Branca.
A inédita discussão abriu jornais, mas houve também um comentário inusitado que levou o presidente ucraniano a responder assertivamente (e com alguma ironia à mistura): a pergunta feita por Brian Glenn, correspondente-chefe da Casa Branca para o canal conservador de extrema-direita Real America’s Voice, sobre a indumentária do líder ucraniano.
“Por que não usa um fato?”, questionou com uma crítica velada que se seguiu. “Muitos americanos têm problemas consigo por não respeitar a dignidade deste cargo”, lançou Glenn.
Em resposta, Zelensky, já visivelmente cansado do rumo tomado pela reunião, respondeu: “Vou usar fato depois desta guerra acabar. “Talvez algo como o seu, sim. Talvez algo melhor, não sei. Talvez algo mais barato.”
O momento gerou debate e uma onda de críticas pelo posicionamento de Brian Glenn. Mas gerou também um novo olhar sobre a roupa do presidente ucraniano.
Contatada pela WWD este domingo, a designer ucraniana Elvira Gasanova, responsável por 99% do guarda-roupa de Zelensky, disse nunca ter imaginado que um de seus designs se tornaria uma questão geopolítica.
Zelensky vestia uma camisa de manga comprida de malha de três botões da marca masculina Damirli da Gasanova, assim como calças da coleção. A indumentária é uma versão especial feita para Zelensky com o emblema de um tryzub, um escudo com um tridente que é o brasão de armas que a Ucrânia adotou em fevereiro de 1991.
A designer explicou que Zelensky não usa fato desde a invasão russa há três anos, como um sinal de solidariedade e respeito aos soldados ucranianos. “É um símbolo do espírito inquebrável de uma nação que se levanta pela sua liberdade”, esclareceu Gasanova.
O insólito momento teve ainda um outro efeito: fez disparar as vendas da camisa Damirli que Zelensky usou durante o fim de semana.
“Agora, muitas pessoas estão a comprar a camisa, que é vendida por 215 euros. Hoje tivemos muitos pedidos da América. Talvez queiram algo que um presidente ucraniano usou num momento histórico”, reflete a designer ucraniana.
Segundo Gasanova, os ucranianos acreditam que um presidente não deve usar fato durante uma guerra, e, na sua perspectiva, Zelensky “mostrou sua mente heroica”.