Crise laboral põe em risco a recuperação do Turismo na Europa
Há 1,2 milhão de vagas de emprego por preencher no sector do Turismo dentro da União Europeia. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla original) e a Comissão Europeia de Viagens (ETC) alertam que a recuperação do sector poderá correr “sério risco” caso não sejam tomadas medidas para resolver o problema da escassez de mão-de-obra.
O problema tem sido recorrente e as queixas das empresas ligadas ao Turismo, da hotelaria à restauração, vão-se acumulando: não há pessoas suficientes para preencher as vagas de emprego disponíveis. Quando a pandemia obrigou ao encerramento destes estabelecimentos, muitos trabalhadores migraram para outras áreas de actividade ou foram para o desemprego. E agora, na fase da retoma, o sector não tem conseguido recuperá-los e muitos operadores estão a trabalhar com equipas reduzidas.
De acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo, no primeiro ano de pandemia, em 2020, o sector perdeu quase 1,7 milhão de empregos em toda a região da União Europeia. No ano seguinte, quando as restrições às viagens começaram a aliviar, conseguiu recuperar cerca de 571 mil vagas de emprego.
Agora, alerta a mesma entidade, os Governos e o sector privado terão de resolver rapidamente e em conjunto a crise laboral. Caso contrário, muitas vagas ficarão por preencher este Verão, estimando-se que o sector das agências de viagens seja o mais afectado, com um défice laboral de cerca de 30% (ou seja, quase um terço das vagas por preencher), seguindo-se o alojamento (-22%) e o transporte aéreo (-21%).
Nesse sentido, o WTTC e a ETC sugerem seis medidas que os Governos e o sector privado podem implementar para resolver o problema:
- Facilitar a mobilidade laboral dentro dos países e além-fronteiras, fortalecendo a colaboração a todos os níveis e fornecendo vistos e autorizações de trabalho;
- Permitir o trabalho flexível e remoto, sempre que possível;
- Garantir a dignidade do trabalho, fornecer redes de segurança social e destacar oportunidades de crescimento na carreira;
- Requalificar talentos e oferecer formação;
- Criar e promover a educação e aprendizagem;
- Adoptar soluções tecnológicas e digitais inovadoras que melhorem as operações diárias.
«A Europa, na qualidade de destino turístico líder e mais competitivo do Mundo, está empenhada em tornar-se o destino mais sustentável. Mas o objectivo da dupla transição (verde e digital) só será alcançado se conseguirmos atrair e reter talentos para este sector. Este é um dos maiores desafios para o sector e dependerá de soluções coordenadas, multifacetadas e conjuntas (entre o público e o privado)», frisa em comunicado Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal e da ETC.