Compras online em alta: Mercado na Península Ibérica ultrapassa os 100 mil milhões de euros
Em 2023, o mercado das compras online de bens e serviços B2C ultrapassou os 100,6 mil milhões de euros na Península Ibérica. Um valor que se deve, sobretudo, ao aumento da procura de bens do mercado asiático e à venda de produtos em segunda mão. Estes dados fazem parte do CTT e-Commerce Report 2024 que foi recentemente apresentado.
O mercado português gerou 11,2 mil milhões de euros, mais 8,8% do que em 2022, enquanto o espanhol alcançou 89,4 mil milhões de euros, com um crescimento de 10% em comparação com 2022.
As projeções para o final do ano de 2024 apontam para um crescimento do e-commerce de +10% para 12,26 mil milhões de euros em Portugal e de +11,3% para 99,6 mil milhões de euros em Espanha, prevendo-se que o valor total das compras online na Península Ibérica possa alcançar os 111,8 mil milhões de euros no final do presente ano.
Os principais fatores que contribuíram para o crescimento do e-commerce prendem-se com o aumento das compras em sites de origem asiática, em especial na AliExpress, Shein e Temu, que ocupam o Top10 em algumas das categorias mais procuradas online em Portugal e Espanha. Mas não só.
Este aumento deve-se também à crescente normalização do hábito de comprar online em 2ª mão, facilitado por empresas como a Vinted e Wallapop em Portugal e Espanha, entre outras, numa lógica C2C.
O número de pessoas em Portugal que fazem compras online deverá situar-se nos 5,3 milhões no final de 2024, um aumento de 2% face ao ano anterior. Já o número de compradores online em Espanha atingirá os 26,3 milhões representando um crescimento de 3% face a 2023.
O valor médio anual gasto em compras online pelos e-buyers espanhóis cresce 7% para 1.730€ em 2023. Já o gasto médio anual em compras online dos e-buyers portugueses cresce 12% para 1.287€.
Em ambos os países, assiste-se à consolidação da utilização do telemóvel pelos e-buyers como equipamento de uso preferencial para a pesquisa e/ou compra online (95,8% em Portugal vs. 93,8% em Espanha) em 2023
O Instagram é a rede social com maior número de utilizadores em ambos os países (77,6% em Portugal e 68,8% em Espanha). O Tik Tok recebe maior preferência junto dos e-buyers portugueses (36% vs 4,4% em Espanha), enquanto o X (ex-Twitter) é mais usado pelos e-buyers espanhóis (41,8% vs 23,4% em Portugal).
As categorias compradas online que mais cresceram em termos absolutos em Portugal foram “Utensílios para o Lar” (+5,8pp) e “Acessórios de Moda (+4,2pp). Em Espanha, o maior crescimento observou-se em “Produtos alimentares de supermercado” (+6,1pp) e “Livros e Filmes” (+3,6pp). Ainda assim, “Vestuário e Calçado” e “Equipamentos eletrónicos e informáticos” mantêm-se como as categorias mais populares nas compras online nos dois mercados.
Em ambos os países, os e-buyers contam vir a aumentar o número de categorias que compram online. Quatro em cada dez e-buyers de Portugal e Espanha admitem aumentar os gastos em compras online e metade dos inquiridos indica prever aumentar a quantidade de produtos comprados online.
Por seu lado, cerca de metade dos e-sellers portugueses preveem vir a aumentar as suas vendas online face ao ano anterior, admitindo um incremento de +21,9% no número de encomendas nos próximos 12 meses. Quanto aos e-sellers espanhóis, cerca de um terço aponta para o crescimento das suas vendas nos próximos 12 meses com uma expetativa de incremento de +25,6% no número de encomendas.
Apesar da entrega domiciliária ainda ser a preferida dos e-buyers, as alternativas não domiciliárias são cada vez mais valorizadas. O número de devoluções é mais expressivo em Espanha mas cresce em ambos os mercados.
O recurso à compra em segunda mão é uma realidade para 38,2% dos e-buyers portugueses e 52,7% dos e-buyers espanhóis. Mas de 50% dos e-buyers deste segmento voltam a vender online produtos comprados em 2ª mão que já não usam. Gastar menos dinheiro em compras ou, gastando o mesmo, poder adquirir produtos de melhor qualidade são os principais motivos para comprar em 2ª mão. A preocupação com a sustentabilidade surge em terceiro lugar.
Tanto e-buyers como e-sellers referem ter crescente preocupação com o tema da sustentabilidade no e-commerce. Se do lado dos e-buyers 4 em cada 10 estaria disponível para pagar mais para ter uma entrega sustentável, também os e-sellers estão disponíveis para retardar a sua entrega até +3,6 dias se isso significar ter uma entrega neutra em carbono. 5 em cada 10 e-sellers em ambos os mercados está disponível para pagar um extra para que a sua encomenda seja entregue usando uma embalagem reutilizável.
No domínio do Instant delivery as categorias em que há maior predisposição para pagar mais por uma entrega em 2 horas são os “Produtos Alimentares em Lojas e Supermercados”, “Equipamentos eletrónicos e informáticos” e “Vestuário e Calçado”.
O CTT E-commerce Report CTT 2024 vai na sua 9ª edição e tem por base os resultados do estudo de mercado sobre e-commerce promovido pelos CTT, que decorreu entre os meses de junho e setembro de 2024 em Portugal e em Espanha.
O documento inclui alguns dos resultados mais relevantes da inquirição de outubro 2024 do barómetro e-commerce CTT a cerca de 50 experts desta área em Portugal, envolvidos com o negócio de retalho online.
Foram recolhidos testemunhos de 13 marcas em ambos os mercados sobre as seguintes temáticas do e-commerce (Out-of-Home Delivery, Devoluções, Retalho online C2C, Inteligência Artificial, Sustentabilidade no e-commerce e Instant Delivery).
No estudo de mercado foram realizados 500 inquéritos telefónicos a compradores online em Portugal e 1000 em Espanha; 70 inquéritos telefónicos a retalhistas com venda online em Portugal e 150 em Espanha; 11 entrevistas presenciais e-sellers em Portugal e 9 em Espanha.