Como criar uma bússola de comunicação para líderes
Por Nelson Nunes, Social Media Content Executive na Lift
Em comunicação, é fundamental alimentar uma certa obsessão por manter o radar ligado. Estar informado é o mínimo olímpico, e é preciso mais: há que conhecer melhor o que se passa fora do nosso circuito e do que o algoritmo insiste em dar-nos, para que não corramos o risco de ficar encurralados na nossa própria câmara de eco. Isto é verdade não apenas para quem trabalha na área, mas – arrisco dizer – para todos os que gravitam no mundo empresarial. Líderes incluídos.
Um olhar mais atento ao LinkedIn permite-nos perceber que já não se fazem líderes como antigamente – e ainda bem. Hoje, os chamados C-Level (CEOs, CTOs, CFOs, entre outros) já sabem que as redes sociais não são (só) uma barulheira. Separado o trigo do joio, há um valor incomensurável em manter vivo um perfil pessoal/profissional numa rede social. Se é verdade que, dantes, os líderes julgavam suficiente a (ainda útil) comunicação institucional, no seu formato mais rígido, distante e neutro, também é certo que actualmente os líderes gostam de dar a sua opinião sobre um determinado evento, partilhar um qualquer ensinamento advindo de uma experiência ou apresentar uma ideia de modo descomplicado e afável. Como quem conversa de humano para humano, sem melindres ou lantejoulas.
Este despertar tem duas origens: uma orgânica, vinda dos próprios C-Level, mas também das agências, que têm dado atenção ao fenómeno. Vai daí, nasceu uma profissão: consultor de redes sociais especificamente direccionado para profissionais de C-Level. E esse tipo de consultoria tem mais valor que nunca no contexto actual – falo do tema com alguma propriedade porque tem sido essa a minha especialização ao longo do último ano.
Não é um acaso que se observe uma maior atividade em perfis C-Level: uma comunicação mais humanizada, uma voz própria do líder que complementa ou varia as ideias ditas, como um todo, por uma empresa.
É claro que um C-Level tem funções nevrálgicas e exigentes, das quais depende a sobrevivência e/ou a prosperidade do seu negócio. Para muitos, é possível que a comunicação nas redes sociais não seja uma delas. Quando muito, pode ser um complemento, um detalhe. Mas não são os detalhes que fazem a diferença num negócio e, em última análise, na percepção que o público tem de um líder? Sem esquecer que, não raramente, a percepção pública do líder determina de forma central a percepção que se tem da empresa por ele gerida. Como tal, a comunicação é um exercício que não pode ser deixado de lado. E, quando não há mãos a medir, a ajuda de um especialista pode revelar-se mais valiosa do que uma ventoinha numa tarde de Julho em Serpa.
Dar consultoria a C-Level poderia resumir-se à construção de uma bússola de comunicação para líderes: ajudá-los a manter o radar ligado, ir aconselhado a executar determinada acção, sempre com a noção clara e inequívoca de que aquilo que dizemos é um constante cartão de visita, que pode sustentar e cimentar negócios – ou, no caso de uma hecatombe, cancelá-los. É, por isso, um trabalho de estudo profundo e uma noção estratégica cabal. Um trabalho de acompanhamento, proximidade e atenção às nuances. Tudo para que, no final, a imagem do C-Level seja cuidada, pensada e estratégica, sem deixar de manter a fidelidade ao que tem de mais genuína e real.
Este artigo não obedece ao AO de 1990 e foi criado apenas com recurso a inteligência natural.