Comércio online: estamos a comprar mais vezes e estamos satisfeitos com a experiência
Por Manuel Monteiro, director de Estudos de Meios da Marktest
O comércio online em Portugal apresentou uma tendência de crescimento sustentada e inexorável na última década. De facto, desde 2010 evoluímos consistentemente desde um universo de 23% de portugueses que então dizia comprar regularmente produtos ou serviços através de plataformas digitais, para um total de quase 61% de cidadãos com mais de 15 anos que assumem hoje o hábito de comprar online. São já mais de 5,2 milhões de portugueses.
Esta fasquia foi atingida em 2022 e manteve-se relativamente estável nas duas últimas vagas semestrais do estudo Barómetro E-commerce, que a Marktest lançou em 2021. Mas não foi só o volume global de compradores online que aumentou: a frequência de compra está também a acelerar e os dados da mais recente vaga do estudo indicam que mais de 70% dos portugueses que compra online o faz pelo menos uma vez por mês.
A ideia de que este é um contexto que veio para ficar sai reforçada por outros indicadores recolhidos pelo Barómetro. Por exemplo, mais de 90% dos portugueses dos 15 aos 44 anos fazem compras online e, entre estes, 76% fazem alguma compra online pelo menos uma vez por mês.
Da análise a estes indicadores pode extrair-se a conclusão de que o crescimento do universo de indivíduos a comprar online se fará essencialmente por novos compradores nos grupos etários mais velhos. E a margem para isso é evidente, se constatarmos que ‘só’ 37,8% dos portugueses com idades compreendidas entre os 55 e os 64 anos faz compras online.
E por onde andam os portugueses a comprar? A lista é vasta, mas o Top5 apresenta-nos um misto de insígnias nacionais e internacionais entre algumas das tipologias de consumo mais procuradas: Worten, Fnac, Booking, Uber Eats e Continente são as lojas mais referidas pelos inquiridos no estudo, apresentando valores entre os 2,1 e os 3 milhões de compradores e representando sectores como a tecnologia de consumo, viagens, refeições ou supermercados.
No que respeita às razões de compra através de plataformas online, os factores de conveniência – “comodidade”, “evitar deslocações” e “facilidade de compra” – destacam-se nas justificações dadas pelos portugueses. Mas logo seguida por outra variável importante nas decisões de compra, independentemente de elas ocorrerem em ambiente analógico ou digital: o preço baixo.
Sintetizando, podemos dizer que talvez tenha assentado precisamente na conjugação de todas estas variáveis a razão mais evidente para a crescente atracção do comércio online junto dos portugueses.
E se olharmos para outro dado, podemos antecipar que a tendência é para manter: na avaliação sobre a satisfação com a compra, numa escala de 1 a 10, a maioria das lojas têm um índice acima de 8. Ou seja, podemos concluir que, genericamente, os portugueses têm uma boa experiência na compra online, o que faz com que os índices de “intenção de compra” ou de “nova compra no futuro” apresentem níveis igualmente elevados no Barómetro E-commerce.