Clubhouse – a rede do momento e oportunidades para as marcas
Por Sandra Alvarez, directora-geral da PHD
Depois do Instagram, a rede social que vive da imagem, do TikTok, a rede fenómeno dos vídeos e danças, eis que surge em plena pandemia… o Clubhouse, a rede social baseada apenas no áudio, muito em linha com a importância que o áudio tem ganho nos últimos tempos, não só através do crescimento dos podcasts, como também da pesquisa por voz e de todas as assistentes virtuais, cada vez mais exploradas por muitas marcas. Esta nova rede social leva as pessoas a falarem entre si, e em salas de conversação, sobre os mais diversos temas e na realidade é a sinergia perfeita entre um podcast e uma conferência com oradores.
Apesar de ter sido criado em Abril de 2020, o Clubhouse só agora começou a ser notado, tanto em Portugal como no mundo, mas já é um forte candidato para receber as marcas que tenham claro o seu propósito no mundo e com os seus consumidores.
Tem sido palco de conversas sobre várias temáticas e o já antigo FOMO – Fear Of Missing Out surge aqui como um conceito-chave que capta ouvintes para esta plataforma, um sentimento que caracteriza todas as gerações que querem estar no centro das conversações, querem participar e não escondem a sua vontade de estarem presentes em todas as redes sociais do momento. Ainda não existem dados publicados sobre o perfil de utilizadores da plataforma, mas sabe-se que várias celebridades aderiram e há já quem reporte passar em média 10 a 12 horas por semana nesta nova rede social.
Também as marcas e os seus gestores começam a perceber o potencial desta rede social, nomeadamente no que diz respeito ao envolvimento, proximidade e interesse.
O Clubhouse é uma plataforma onde qualquer assunto pode ganhar escala e qualquer pessoa pode ser um porta-voz. Apesar de ainda não existirem perfis institucionais de marcas e empresas, estas já estão a entrar, quer através de salas patrocinadas, quer pela voz de influenciadores ou gestores da própria marca. Surge, assim, uma nova oportunidade de se mostrarem e serem vistas. Por exemplo, uma marca que tenha como compromisso a sustentabilidade pode promover um chat dedicado ao tema e convidar os seus consumidores a ouvir. Gera assim uma conversação directa com os mesmos com o objectivo de lhes mostrar o que já fazem em torno desta temática e de os sensibilizar para as boas práticas.
Sem dúvida que é mais uma oportunidade de marketing e comunicação. Claro que ao gerar oportunidades, esta plataforma tem também o seu lado mais cinzento, aquele que traz desafios. O marketing costuma não gostar de correr riscos e, na Clubhouse, isso acontece com bastante frequência: funciona à base do directo e não existem filtros, pelo que a própria conversação em tempo real com o consumidor pode abrir espaço para questões mais sensíveis.
Também há a questão do nicho. O Clubhouse é, ainda, uma rede social só para alguns, uma vez que apenas o sistema operativo iOS permite o download da aplicação e só se pode aceder por convite.
Oportunidades e desafios à parte, a pergunta que se impõe é se, após o hype inicial, o Clubhouse manter-se-á relevante para os consumidores e marcas depois do desconfinamento, onde assuntos do dia-a-dia e questões primordiais da sociedade voltam a ser discutidos fisicamente, através de encontros presenciais ou à volta de uma mesa repleta de amigos.
Artigo publicado na Revista Marketeer n.º 297 de Abril de 2021