Casa Ermelinda Freitas: a conquistar prémios e consumidores

Para a Casa Ermelinda Freitas, a preferência dos consumidores é um dos principais tópicos a ter em conta na gestão. Para isso, continua a investir em qualidade, diversificação de portefólio e entrada em novos mercados.

Num ano em que os produtores de vinho foram, também eles, postos à prova, a Casa Ermelinda Freitas não só não diminuiu a produção como teve o melhor ano de sempre no que diz respeito a prémios e distinções. Presente em todas as grandes superfícies nacionais, já exporta para mais de 30 países em todo o Mundo.

Mas, Leonor Freitas, sócia-gerente Casa Ermelinda Freitas, confere que este trabalho está longe de estar concluído «Queremos estar em todos os mercados do mundo, queremos poder chegar as mesas de todos os consumidores a nível internacional, podendo assim mostrar a qualidade dos nossos vinhos e da nossa grande região da Península de Setúbal e de Portugal alem fronteiras », revela, lembrando que os mercados mais recentes são Taiwan, Nigéria e Gana.

Como está a correr este ano, comparativamente com o ano passado?

A Casa Ermelinda Freitas não teve diminuição na produção, temos vinhas novas a produzir e também adquirimos uvas a mais produtores da região. A qualidade é muito boa e, portanto, nada nos leva a pensar que não vamos continuar a ter grandes vinhos e a dignificar uma grande região que é a Península de Setúbal. A pandemia afectou todos os sectores.

No entanto, o que a Casa Ermelinda Freitas tentou e tem tentando arredondar os espinhos provocados pela pandemia, tomando todas as medidas possíveis para que, sobretudo os nossos funcionários e colaboradores, sejam o menos possível afectados. 2020 é o ano de comemoração dos 100 Anos de Vinhas & Vinhos da Casa Ermelinda Freitas. Mas 2020, para nós, tornou-se o ano de luta e perseverança, pela vida humana, a luta pelos postos de trabalhos, pela segurança dos nossos funcionários, amigos e consumidores. É com isto que estamos comprometidos e será a nossa luta para este ano.

Qual é a conquista que destacam?

Estamos perante o melhor ano de sempre no que toca a prémios e distinções. Nos primeiros três meses, a Casa Ermelinda Freitas já obteve um total de 91 medalhas de ouro, 91 medalhas de prata e sete de bronze, perfazendo um total de 189 medalhas, destacando o prémio de Best Of Show Península de Setúbal, atribuído ao vinho Vinha do Torrão Reserva no concurso Mundus Vini 2020 – Edição Primavera, bem como as 3 ProdExpo Star, aos vinhos Vinha da Valentina Reserva Signature, Vinha do Fava Touriga Nacional 2018, Valoroso Chardonnay 2018, na competição ProdExpo 2020 que decorre na Rússia.

No XX Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, o Casa Ermelinda Freitas Moscatel Superior de Setúbal Roxo 2010 recebeu as duas distinções, de “O Melhor Vinho”, e “O Melhor Vinho Generoso”, tendo o Dona Ermelinda Branco Reserva 2018 sido premiado como “O Melhor Vinho Branco”. De destacar o grande prémio obtido pelo concurso Inglês de Escanções: Sommelier Wine Awards que se realiza todos os anos, e que elegeu pelo segundo ano consecutivo a Casa Ermelinda Freitas como produtor euro- peu do ano perla segundo ano consecutivo.

É a primeira vez que esta distinção é atribuída duas vezes consecutivas a um produtor de vinhos tranquilos português. Esta é uma distinção máxima para a Casa Ermelinda Freitas, bem como para os vinhos de Portugal.

Nestes 100 anos, que principais desafios venceu a Casa Ermelinda Freitas?

Os momentos mais marcantes são sem dúvida, quando eu saio de Fernando Pó para poder estudar… Quando, após trabalhar mais de 20 anos como técnica superior noutra área, volto de novo para Fernando Pó para a vitivinicultura. Foi a criação de marca própria, pois foi assim que a casa passou a ser reconhecida a nível nacional e internacional, não esquecendo o grande prémio conquistado pelo Casa Ermelinda Freitas Syrah 2005, no concurso Vinalis Internacinalies 2008, em que foi reconhecido como o melhor vinho tinto do mundo.
Actualmente, e com muito trabalho para sermos reconhecidos com vários prémios, temos já mais de 180 medalhas a nível nacional e internacional. Mas para mim, como empresária e mãe, o melhor momento é, sem dúvida, o facto de os meus filhos – a 5.ª geração – já estarem presentes na gestão da Casa Ermelinda Freitas. A Casa Ermelinda Freitas, é o resultado de muito trabalho de quatro gerações da família, caminhando e envolvendo já a quinta.

Este trabalho provém do amor à terra, ao próximo, de uma família simples, honesta, de grandes valores socias e morais. Foi esta a minha sorte: ter tido a transmissão de todos estes saberes e sentimentos das três primeiras gerações. Sem dúvida que as mulheres fizeram a diferença na gestão da Casa Ermelinda Freitas, e o futuro tudo aponta que seja mais uma mulher a dar continuidade a gestão.

Tem sido uma alegria ter conseguido dar continuidade ao trabalho das gerações. Podemos dizer que nestes 30 anos passámos de 60h para 550h, de venda de vinho a granel, sem marca para a criação de marcas, de duas castas para mais de 31, de uma adega tradicional para um centro de vinificação moderno com capacidade para a produção de 21 milhões de litros. O sucesso só se consegue aproveitando as oportunidades e não sendo passivos. Não desanimar em altura de crise. Foi importantíssimo deixar de vender vinho a granel criando marcas próprias.

Não posso deixar de revelar que não nos podemos isolar no nosso mundo, foi importante a primeira visita que fiz a Bordéus pois foi aí (ainda vendia vinho a granel) que tive a noção da dignificação do vinho e daquilo que eu não valorizava, mas podia vir a valorizar. Ainda me lembro da primeira medalha de ouro com o Terras do Pó em Bordéus, e o grande prémio na competição de vinhos Vinalies Internationales de 2008 em Paris, onde o Syrah 2005 foi considerado o melhor vinho tinto do mundo.

Que visão para os próximos 100 anos?

A Casa Ermelinda Freitas começou por ser uma casa rural, que teve vários vinhos e que tem tido a capacidade de evoluir ao longo destes 100 anos. Este século de história representa o amor à terra, o trabalho feito por três gerações antes de mim. Em relação aos próximos 100 anos, é fundamental não desanimar, para que de futuro se continue com a mesma perspectiva. A exportação já pesa cerca de 40% das vendas da empresa.

Quais as metas?

Continuamos a crescer no que toca ao mercado exportador. A Casa Ermelinda Freitas encontra-se em todas as grandes superfícies nacionais, já exporta para mais de 30 países (Europa, Rússia, Brasil, América do Sul, América do Norte, Africa, Ásia…). Actualmente, 65% da produção é para o mercado nacional, sendo os restantes 35% para o mercado internacional. Mas esta implementação está longe de estar concluída.

Queremos estar em todos os mercados, chegar as mesas de todos os consumidores a nível internacional, mostrando a qualidade dos nossos vinhos e da nossa região da Península de Setúbal e de Portugal alem fronteiras. Os mercados mais recentes são Taiwan, Nigéria e Gana.

Como empresária de referência na área da solidariedade, que mensagem gostava de deixar às pessoas do concelho?

Quero deixar uma mensagem de perseverança, que não desistam e continuem a acreditar neles próprios, que peçam ajuda, pois eu acho que todos em conjunto havemos de minorar as situações mais difíceis. Temos de lutar todos, todos sermos solidários não ter vergonha da nossa humildade, pois a pandemia pode chegar a todos.

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