Carlos Ghosn, polémico ex-CEO da Nissan, diz que fusão Honda-Nissan “não faz sentido”
As japonesas Honda e Nissan anunciaram hoje planos para unir forças, formar o terceiro maior fabricante automóvel do mundo em vendas e enfrentar a transição dos combustíveis fósseis. Materializaram essa mesma vontade num memorando de entendimento, assinado por ambas as empresas, com o qual a Mitsubishi Motors, membro mais pequeno da aliança Nissan, também concordou participar nas negociações sobre a integração dos seus negócios.
As empresas planeiam assim iniciar negociações formais sobre a integração das suas operações sob uma holding conjunta liderada pela Honda, com um acordo finalizado previsto até junho e conclusão da fusão até agosto de 2026.
Quem se mostra cético com a fusão é Carlos Ghosn, ex-CEO da Nissan, que questionou o sucesso de uma fusão desta natureza. O polémico ex-executivo disse, entre outras coisas, que os planos de fusão “não fazem sentido” e descreveu a iniciativa como uma “jogada desesperada”. Ghosn destacou a falta de complementaridade entre as duas empresas e sugeriu que o governo japonês poderia estar a influenciar as negociações devido às dificuldades financeiras da Nissan.
Para o ex-CEO, do ponto de vista da indústria, há “duplicação em todo o lado” entre as duas empresas e uma fusão deve ser baseada na complementaridade, o que não se verifica entre a Honda e Nissan. “Se esta fusão for concretizada… pessoalmente, não creio que terá sucesso”, acrescentou.
Ghosn liderou a aliança entre Nissan e Renault durante anos. A saída da empresa foi resultado de um escândalo que incluiu acusações de ocultação de receitas e utilização de recursos da empresa para ganho pessoal.
De referir que Ghosn foi uma figura chave no mundo automóvel durante duas décadas, tendo feito estas declarações a partir do Líbano, onde reside depois de fugir do Japão em dezembro de 2019. A sua análise acrescenta outra camada de dúvida na fusão entre Honda e Nissan que já está a gerar discussão no setor.