ISAG: Sector dos vinhos alarga horizontes
O sector do vinho tem conhecido, em alguns aspectos, aquele a que poderíamos chamar um crescimento “horizontal”, com um verdadeiro alargar de horizontes, tanto junto de quem produz como de quem consome. Do lado do consumidor, o conhecimento sobre o sector tem-se tornado mais acessível a diversas classes económicas e também mais abrangente no que ao género diz respeito.
O mundo dos vinhos está, aliás, cada vez mais, entregue às mulheres: incontáveis estudos de mercado indicam que, enquanto consumidoras, elas têm uma supremacia absoluta na responsabilidade de compra e há, por isso, empresas que lançam vinhos a pensar especificamente nas apreciadoras. Há uns anos, o canal off trade no Reino Unido – conhecido por marcar tendências e liderar o futuro da distribuição mundial – começou mesmo a substituir os (homens) responsáveis de compras de vinhos nos supermercados por mulheres.
Este é apenas um dos exemplos de como, enquanto profissionais, a importância delas tem também crescido, mas há vários outros: empresárias e enólogas ganham espaço e reconhecimento e há inúmeros concursos mundiais para mulheres, como o Concours Mondial Femmes Vin, o Women’s Wine & Spirits Awards ou o Sakura Awards, no Japão. Há, depois, uma sintonia quase perfeita entre o perfil das mulheres e as necessidades de gestão no mundo dos vinhos, pois elas assumem uma visão tendencialmente transversal dos projectos, com uma capacidade de percebê-los desde a sua origem até às suas consequências.
Esta é, sem dúvida, uma exigência que o mercado tem imposto aos seus profissionais, independentemente do género: uma visão “horizontal”, ou seja, abrangente é crucial num mundo em que os negócios são tendencialmente de pequena dimensão e é fundamental num mercado que está em transformação, mas que exige muito tempo para se adaptar, tal como uma vinha que demora a mostrar resultados.
Compreender e ser bem-sucedido no sector dos vinhos exige, portanto, não só tempo dos seus profissionais, mas também que os seus conhecimentos passem pela viticultura e pela enologia, pela prova sensorial e pelas ligações gastronómicas, pela comunicação e marketing. Para além disso, face à necessidade de adaptação dos negócios perante os efeitos da crise pandémica, tornam- -se ainda mais determinantes áreas como a internacionalização e a transição digital.
Quanto à primeira, é inegável que a aposta no mercado internacional (por exemplo, no Brasil, que se mostrou um destino sólido para as exportações) trouxe algum alento após perdas médias de 70% no mercado nacional, com o canal Horeca em quebra. Já na transição digital, em que os produtores portugueses têm ainda um longo caminho a percorrer, são necessários profissionais que consigam implementar estratégias de forma sólida e duradoura, seja para sustentar vendas online, promover produtos de enoturismo ou outros.
Num sector que necessita destes profissionais com um conhecimento transversal, a formação vai desempenhar um papel de relevo, preparando recursos humanos que aprofundem a sua expertise nas várias áreas de intervenção do mundo dos vinhos, de forma a serem peças-chave no alargar de horizontes deste.