IADE: A criatividade no ADN
O IADE marcou diversas gerações de criativos, nas mais variadas áreas. Aquele que começou por ser o Instituto de Arte e Decoração, Escola Internacional de Decoradores em 1969, deve a sua origem a uma viagem à Rússia e a sua história resistiu, até, a uma ditadura. Actualmente, o IADE é uma escola de criatividade, a vários níveis, e o saber reinventar-se para acompanhar as novas tendências da sociedade tem preservado aquele que é o seu melhor cartão-de-visita: a inovação.
Nesta entrevista, Carlos Rosa, director do IADE desde 2017, fala-nos deste trajecto, assim como dos cursos que marcam uma nova abordagem desta escola que se diz plena. Acima de tudo, o criativo recorda respeitosamente o passado da escola, mas reforça, entusiasticamente, por que é que este ano representa uma fase definitiva de viragem para a instituição.
Que balanço fazem deste percurso de 55 anos?
Depois de sobreviver à ditadura nos anos 70 e de inundar as agências criativas em Portugal com alunos seus, o grande momento de viragem acontece em 2015, quando o IADE é adquirido por um grupo internacional e integrado na Universidade Europeia. Este momento trouxe uma grande dinâmica de crescimento e inovação, pois a escola teve de se reinventar e reposicionar, mantendo a sua essência, para continuar a liderar o caminho da criatividade.
É aqui que entra a dinâmica da tecnologia criativa, que se tornou muito visível no crescimento do IADE nos últimos anos. O IADE não só cresceu organicamente nos programas que já tinha, mas também em áreas complementares, como em novos mestrados dispersos pelas várias áreas científicas da escola. No entanto, o foco recente tem sido na indústria do entretenimento: jogos digitais, tecnologias criativas e animação. Aliás, criámos o primeiro doutoramento em jogos digitais da Península Ibérica e entrámos recentemente na área da animação e, devo dizer, com um enorme sucesso.
A dinâmica de inovação implica garantir o ADN do IADE. Costumo dizer que temos de olhar para o passado para perceber o que faremos no futuro, e isso é fundamental.
E o que é que fizeram bem no passado e que agora aplicam?
Com Bolonha, acreditava-se que os programas de “banda larga” eram os mais eficazes. Foi assim que funcionou durante 18 anos. No entanto, o que temos observado é que os alunos vêm muito mais focados naquilo que querem. E é por isso que áreas como o entretenimento tiveram um grande sucesso. Há um caminho claro de inovação, e o facto de o IADE estar ligado a todas estas novas áreas nos últimos sete anos é muito positivo. O aumento do número de programas tem sido significativo e queremos mais alunos. Já somos a primeira escolha em algumas áreas e estamos nos rankings como uma das melhores escolas de design da Europa.
O vosso método, “aprender fazendo”, ainda faz a diferença?
Sim. De repente, temos um designer, um programador, um marketeer e um especialista em literacia mediática a trabalhar juntos num projecto. O nosso modelo académico dá-nos esta capacidade de criar em várias áreas, o que nos permite dizer que não fazemos apenas design no sentido tradicional. Acima de tudo, fazemos projectos em todas as áreas, com um output muito concreto.
Temos, também, o desafio criativo, uma boa prática antiga do IADE que adaptámos e que consiste em trabalhar exclusivamente com marcas icónicas portuguesas. Este ano, vamos trabalhar com a Majora, mas já desenhámos ténis para a Sanjo, produtos para a Vista Alegre e para a Bordallo Pinheiro, e redesenhámos as embalagens da Cerelac.
Este é um ano de grande viragem para o IADE. Porquê?
A grande viragem do IADE, ou, claramente, uma das mais significativas, é a mudança de campus para o Parque das Nações, prevista para Setembro de 2025. Vamos passar a ter 17 mil m² de instalações laboratoriais incríveis, que nos vão colocar ao nível das melhores universidades do mundo. Vamos ter laboratórios com uma dimensão e features nunca vistas, algo que queríamos fazer há muito tempo, mas que este edifício não nos permitia.
Para o futuro, qual o grande desafio?
O grande desafio é o mesmo de sempre: a inovação. E há três razões para colocar a palavra inovação como motor desta faculdade. A primeira tem a ver com o facto de, enquanto escola de criatividade, termos de inovar constantemente e repensar a criatividade. A segunda está relacionada com a mudança de campus, que nos traz a possibilidade de receber mais alunos e inovar na oferta formativa nestas áreas. A terceira razão é, uma vez mais, a inovação, mas neste caso no ensino à distância. Este é um desafio em Portugal, mas a Universidade Europeia já é líder de mercado e é a instituição com mais programas acreditados – o IADE tem cinco programas 100% online, incluindo a primeira licenciatura na área do Design, 100% online, a licenciatura em Design Visual, que vai abrir este ano. O ensino à distância é todo um mundo por explorar, que já estamos a liderar, mas não é por isso que vamos ficar por aqui.
» Carlos Rosa, director do IADE
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Especial Aniversário das Marcas”, publicado na edição de Outubro (n.º 339) da Marketeer.