Amanhecer: Há 10 anos a revitalizar o comércio tradicional
Estávamos em 2011 e Portugal atravessava uma profunda crise económica. Entre os vários sectores de actividade afectados estava o do retalho tradicional, com as mercearias a lutarem diariamente pela sua sobrevivência. Foi neste contexto que o Amanhecer deu corpo a um novo modelo de negócio que viria a mudar este segmento. O início do projecto, que ganhou vida pela mão do Recheio Cash & Carry, teve lugar com a abertura de duas lojas Amanhecer em Lisboa e Viana do Castelo, separadas por mais de 350 quilómetros. Passados 10 anos, são já cerca de 400 lojas espalhadas por todo o país, com a perspectiva de abrirem mais de 50… só este ano.
Mas voltando ao princípio. O Recheio sempre teve uma relação de grande proximidade com o retalho tradicional, ao ponto de criar uma marca própria de produtos para este tipo de clientes. Essa marca chamava-se Amanhecer. Não é, por isso, de estranhar que quando este segmento foi fortemente atingido pela crise que Portugal enfrentou no final da primeira década de 2000, o Recheio tivesse recuperado o nome, que simbolizava já uma relação de proximidade para designar o projecto que pretendia salvar este negócio. A premissa era simples: apoiar o retalho tradicional. Como uma das maiores empresas portuguesas do sector de retalho, com mais de 45 anos de experiência, o Recheio sempre teve como missão ser o parceiro ideal de negócio dos seus clientes, desenvolvendo soluções que contribuem para a sustentabilidade e rentabilização dos seus negócios. Com a criação da parceria Amanhecer, o Recheio orgulha-se de ter fomentado o crescimento e a revitalização de muitas mercearias e supermercados de bairro, que apostaram num modelo que alia o know-how da distribuição moderna à tradição do comércio local.
Passados 10 anos, o balanço não podia ser mais positivo. «Temos muitos motivos para celebrar», adianta João Toscano, coordenador do Amanhecer. «Entrei no Grupo Jerónimo Martins – do qual o Recheio e o Amanhecer fazem parte – em 2010 e lembro- -me da abertura da primeira loja Amanhecer. Chegámos ao final de 2020 com sensivelmente 400. Estamos muito orgulhosos pelo que alcançámos, mas, acima de tudo, temos a ambição e o foco de fazer mais e melhor nos próximos anos», afirma. Apesar dos olhos estarem já postos no futuro, o Amanhecer não quis perder a oportunidade de celebrar os seus primeiros 10 anos de uma forma muito especial. Por um lado, desenvolveu uma campanha institucional cujo objectivo é dar a conhecer a sua história, as suas conquistas e os seus parceiros, assim como promover a marca, os produtos e as lojas. Por outro, planeou um conjunto de acções de loja até final do ano, nas quais se incluem descontos, promoções, ofertas, brindes e, para terminar, um grande sorteio de prémios. «O objectivo é que os clientes saiam das lojas Amanhecer com um sorriso na cara e com vontade de voltar», explica João Toscano.
O Amanhecer enquanto negócio
Convicto de que o Amanhecer é já uma referência no apoio ao comércio tradicional, João Toscano deixa uma garantia: «Não somos um modelo de franchising, somos um modelo de cooperação comercial. Os donos das lojas são nossos parceiros.» Esta é, de resto, uma das características do Amanhecer, a total autonomia dos parceiros para gerirem os seus negócios. Decisões importantes como o sortido de loja, o preço dos produtos, o número de colaboradores, o horário, por exemplo, são tomadas pelos parceiros, sendo que o Amanhecer apoia com o seu expertise, marketing e TI, por exemplo. «No fundo, o que fazemos é dar ferramentas que consideramos importantes, para poderem alavancar o seu negócio», resume.
Já em relação aos parceiros, existe uma grande heterogeneidade. «Temos perfis muito diferentes, quer em termos de idade ou de experiência profissional. Existe, ainda, uma grande diferença em termos de lojas: umas estão nos centros urbanos, outras no interior do País; umas têm 60 m2, outras 800 m2; temos parceiros que têm uma loja, outros dez», adianta João Toscano. Segundo o próprio, esta realidade constitui um grande desafio, dada a necessidade de desenvolver soluções, a par de uma proposta de valor, que vão ao encontro das expectativas e necessidades de todos os parceiros.
Apesar das muitas diferenças, João Toscano identifica pontos em comum nos parceiros Amanhecer: «São pessoas trabalhadoras, apaixonadas pelo negócio do retalho, exigentes, que valorizam a autonomia que lhes damos na gestão do seu negócio e que reconhecem o valor acrescentado da nossa marca própria.» A marca Amanhecer é um dos principais pilares da parceria.
Impacto da Covid-19
Em Março de 2020, a pandemia chegou a Portugal e muitos negócios viram as vendas cair. O Amanhecer não foi um deles. Em contracorrente, «as vendas aumentaram de forma quase natural, mas, para responder a novas exigências e formas de consumo, tivemos que adaptar o modelo de negócio e acelerar, por exemplo, a presença nas redes sociais, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o apoio no modelo de entrega dos parceiros».
Foi também de extrema importância o aconselhamento jurídico que foram prestando aos parceiros, que passou a ser necessário em permanência, em virtude dos vários decretos- lei emitidos. João Toscano revela que este apoio trouxe um sentimento de responsabilidade acrescida. «Hoje, os nossos parceiros olham para nós e vêem mais um pilar de confiança com o Amanhecer.» Em jeito de balanço, recorda o que muitos parceiros diziam antes: que só precisavam de uma oportunidade para que os clientes que não os visitavam ficassem fidelizados. Com a pandemia e restrições aplicadas ao retalho alimentar, foram vários os clientes que visitaram uma loja Amanhecer pela primeira vez, e o coordenador do Amanhecer não tem dúvidas de que muitos já vêem a marca como uma solução válida para as suas compras. «É a tal oportunidade de que os parceiros falavam.» O feedback, garante, tem sido muito positivo. «Os clientes mostram-se surpreendidos com os preços, o sortido e o conceito de loja. Aliado a isto, está a parte relacional com o cliente, ou seja, a personalização da relação com os clientes, o que contribui para a fidelização».
E agora, o que se segue?
«Atentos à fase que atravessamos em Portugal e à responsabilidade que temos enquanto uma das maiores empresas portuguesas, o nosso foco continuará a ser apostar em negócios que contribuem para o desenvolvimento do País e das comunidades onde as lojas estão inseridas, reforçando assim o compromisso do Recheio para com os seus clientes», afirma João Toscano.
Paralelamente, o Amanhecer continuará focado em ajudar os seus parceiros a aumentar o volume de negócio, acompanhando-os de forma muito próxima e personalizada e investindo em ferramentas que permitem uma análise mais detalhada e com maior foco nas necessidades do negócio, adianta.
O objectivo para este ano é claro: abrir mais de 50 novas lojas. Esta aposta reflecte o reforço do compromisso do Amanhecer em apoiar o comércio tradicional.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 297) da Marketeer.