As marcas e a inovação como alavanca de crescimento
Por Rui Miguel Nabeiro, administrador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés
Os últimos anos testemunharam mudanças estruturais no mundo das marcas. Tendências em social media e big data impactaram fundamentalmente produtos e serviços. A tecnologia move-se frequentemente a um ritmo mais rápido do que as empresas se conseguem adaptar, e a oferta explodiu. Muitos sectores foram interrompidos e novas marcas são criadas, cada vez com uma maior velocidade.
A forma como as marcas influenciam as nossas vidas pode não ter mudado, mas a sua amplitude e influência aumentaram significativamente. No entanto, o cepticismo relativamente às marcas permanece e uma série de mitos persistem que levam a percepções incorrectas da importância económica das marcas.
Pelo contrário, acredito que as marcas são essenciais para os consumidores e agregam valor às empresas e ao mercado em geral, e não tenho qualquer dúvida do impacto positivo que estimular a criação de mais marcas nacionais traz a Portugal.
No âmbito desta nova economia, existem várias observações importantes: os mercados são dinâmicos, a concorrência é global, a organização compete em rede e, mais importante, a definição de valor mudou. No mundo de hoje, a disseminação de produtos e a sua introdução em massa na vida dos consumidores mudaram e aumentaram a importância do conceito de marca. Nos últimos anos, as alterações no crescimento e estabilidade das economias nacionais remetem para uma perspectiva que envolve dimensões anteriormente não contempladas, como a importância dos activos intangíveis para o crescimento das economias, como é o caso das marcas, cuja geração de valor está em constante expansão.
Consequentemente, as mudanças rápidas, constantes e disruptivas são a norma, e os próximos cinco anos trarão mais mudanças do que os últimos vinte, e se, enquanto marcas, pretendemos permanecer relevantes, precisamos de aprender a mudar e a adaptar as mesmas a ecossistemas em constante dinamização, de forma a potenciar novas posturas e atitudes, com ponderação, comprometimento, inovação e sede pelo desafio.
Acredito que é essencial continuarmos a pensar e a perspectivar o que está por vir. Ter uma boa oferta e uma gestão de qualidade são muito importantes para o sucesso de um negócio, mas não são o suficiente. É importante a novidade, a actualização e a relevância para garantir a constante inovação. É das necessidades das pessoas que devem surgir as inovações que mantêm o negócio relevante e favorecem a diferenciação na actuação, e essas necessidades são preenchidas e chegam até aos consumidores sob a forma de marcas, e mais concretamente dos produtos que delas resultam.
Ter a capacidade de antecipar o futuro, de estar preparado para reagir a um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, de responder às tendências e oferecer ao mercado produtos e serviços que surpreendam os consumidores e que fortaleçam a relevância das nossas marcas é um desafio que colocamos a todos os nossos colaboradores. É com este desafio de partilha que surge o MIND – Modelo de Inovação da Delta, que se tem tornado essencial de forma a estimular esta inovação. Poder contar com colaboradores confiantes para expressarem as suas ideias, pontos de vista e construírem novas soluções é motivo de grande orgulho para todos os que fazem parte do Grupo Nabeiro, sentem-se parte integrante do processo, sentem- se ouvidos e valorizados, o que os motiva e os faz querer crescer dentro da organização.
Envolver toda a organização no processo de inovação, desenvolver as actividades de vigilância tecnológica e de mercado que lhes permitem identificar oportunidades e executar o desenvolvimento de novos produtos e serviços até ao lançamento no mercado, é algo que diferencia e que garante o contínuo ciclo inovativo. No caso da Delta, prova disso são as diversas inovações que resultaram destas iniciativas, como é o caso de Go Chill, Croffee, Slow Coffee, Drip Coffee, etc.
A gestão e a inovação de uma marca começam dentro de “casa”, dessa forma torna-se essencial inspirar os nossos colaboradores e muni-los de novas competências e ferramentas que facilitem a criação de valor. É por isso fundamental que a inovação faça parte do dia-a-dia das organizações.
Resultados passados não garantem resultados futuros, o futuro constrói-se em cada instante e acredito que essa construção será bem-sucedida para quem apostar em marcas e procurar inovar.
Artigo publicado na edição n.º 297 de Abril de 2021