As cores do Excel de 2021 serão verdes

Por Carlos Furtado, empresário/director-geral da Porto de Ideias

Sou um utilizador compulsivo do Excel e não me envergonho. Transformo tudo em tabelas e células. As semanadas dos meus filhos, as listas de amigos nas festas deles, nas minhas festas, a escala de arrumar a cozinha que, no entanto, acaba sempre por se verificar um fracasso e de utilizador único. Os torneios de padel ou as tarefas partilhadas com os meus irmãos. O Excel é um ponto de partida para uma eficaz organização e eu sou feliz nesta organização que nos liberta para a criatividade.

No trabalho ainda mais impera a folha de Excel e tenho aos poucos convertido alguns dos que comigo trabalham. A minha coroa de glória, interna mas saborosa, foi na magnífica edição de 2017 da QSP Summit quando Harper Reed, responsável pela comunicação online da segunda campanha de Obama, confessou, em pleno palco da Exponor, que a primeira decisão que tomou foi acabar com todas as múltiplas bases de dados e transformar tudo numa simples folha de Excel. Sim, o guru da mais sofisticada campanha politica de Obama revelou que também trabalhava com o Excel. Foi um momento de glória de que os SMS que ia recebendo da minha equipa eram bem demonstrativos.

Que melhor ferramenta para programar um evento? Cada linha uma tarefa, cada coluna um dia, cada cor um significado. E que simplicidade na sua leitura. Que bem que ficam numa parede estes mapas impressos a cores. Dão uma visão e uma dinâmica que as equipas percebem e no qual se revêem.

Os orçamentos e planeamentos financeiros também podem ser usados em folhas Excel. As suas fórmulas e macros são práticas e simples de aplicar.

E afinal o Excel apenas faz o que nós lhe dizemos que tem que fazer. Se temos um orçamento que não gostamos, ele permite que fique a gosto. Se houve um deslize na programação, é só mudar a cor da célula ou mexê-la e já bate tudo certo.

E o que aconteceu em 2020? No início, lá nos idos de Janeiro, eram muitos os planos, muitos os eventos, muitas folhas de Excel abertas. Eram projectos atrás de projectos. De repente, zás, começamos a mexer as células. Numa primeira fase ainda passamos eventos de Março e Abril para os meses de Verão. Era uma esperança vã mas era a que havia. De repente, as cores verdes passaram a amarelo e não tardou muito que um imenso mar vermelho tomasse de assalto as células. Até que por fim o “delete” foi a solução realista. O mundo desabava.

Agora, aqui chegados, e quando ouvimos promessas de vacinas de todo o tipo e feitio, mais frias ou mais quentes, voltam-se a abrir folhas de Excel tendo em vista 2021. Voltam-se a criar linhas de código, a aquecer as fórmulas. Timidamente aparecem uns laranja em alguns projectos. Sentimos que há empresários que enfrentam as adversidades com coragem e com determinação de não deixar morrer as suas marcas, de continuar a marcar o ritmo e a conquistar os seus clientes.  São estes que nos dias de mar agitado nunca desistiram das suas equipas, que encontraram força e engenho para continuar a comunicar. E são esses que agora têm o motor aquecido para quando for a altura estarem na linha da frente da grelha de partida. E aí veremos de novo a cor verde a ganhar espaço nas folhas de Excel. Para trás ficarão queles que não tiveram a coragem de lutar ou os que tiveram mas que infelizmente não aguentaram esta tempestade.  Mas, acima de tudo, espero que a cor do Excel em 2021 seja a verde. Em tons garridos. E 2021 está já ali.

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