Adição de partilhar tudo nas redes sociais tem impacto psicológico. Saiba como se proteger

Numa sociedade em que vivemos cada vez mais ligados pelas redes sociais – e em que é estranho quem não tem pelo menos uma – a ideia de viver sem redes sociais parece quase inconcebível. A partilha de conteúdo em excesso, em particular do lado bom que só vemos nas redes sociais em detrimento das coisas más, gera em muitos utilizadores um sentimento de comparação ou até de inveja.

Partilhar momentos da nossa vida para dezenas, centenas ou até milhares de seguidores em alguns casos tornou-se quase tão banal quanto beber um café ao acordar. Mas onde está o limite dessa partilha? Será que tem consequências?

Sim. Partilhar a nossa vida nas redes sociais tornou-se parte integrante da nossa comunicação, mas a sobreexposição (ou “oversharing”) pode trazer riscos emocionais e psicológicos.

Um estudo publicado na revista JAMA Network Open revela que a utilização intensiva do X, Instagram ou TikTok predispõe a elevados níveis de irritabilidade, especialmente entre os jovens.

Segundo a psicóloga Beatriz Gil, especialista em autoestima, liderança e inteligência, quem sente necessidade de documentar tudo online pode enfrentar:

  • Sobreexposição emocional: maior vulnerabilidade a críticas.
  • Perda de limites pessoais: dificuldade em distinguir entre o que deve ser partilhado e o que permanecer privado.
  • Ansiedade: pressão para agradar e manter o interesse dos seguidores.

O que fazer para se proteger?

Em entrevista ao jornal espanhol “ABC” recomenda definir limites claros sobre o que partilhar e priorizar momentos offline, como aproveitar uma refeição sem interrupções digitais.

“Conversar com amigos próximos ou com um profissional pode ser mais enriquecedor do que publicar as suas emoções online”, acrescenta a especialista.

Depois, quando o seu público – seguidores – inclui chefes e colegas, o impacto no ambiente de trabalho pode ser significativo. De acordo com especialistas da ifeel, uma plataforma digital de saúde mental que oferece serviços de terapia online e apoio psicológico para empresas, para evitar problemas deve ter o seu perfil privado e gerir cuidadosamente o que é publicado, ser coerente com os conteúdos partilhados e assumir as consequências dessa partilha e preservar a reputação online, uma vez que as redes são uma extensão do currículo.

Estratégias para uma utilização equilibrada

  • Pequenas mudanças podem ajudar a reduzir o impacto negativo das redes sociais:
  • Seleção consciente de conteúdos: deixar de seguir contas que promovem sentimentos de inferioridade.
  • Foco na validação interna: priorizar o próprio bem-estar em vez de buscar aprovação externa.
  • Desconexão programada: limitar o uso das redes e dedicar mais tempo a atividades offline.

Em resumo, as redes sociais podem ser ferramentas poderosas de conexão, mas é fundamental utilizá-las com consciência.

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