Acha que está seguro quando faz scroll no TikTok? Pense melhor

O TikTok explodiu como nenhuma outra rede social tinha sido capaz de fazer, especialmente durante a época pandémica. Rapidamente se tornou a plataforma favorita das gerações mais novas, convencendo mais lentamente as restantes. Contudo, agora enfrenta cada vez mais oposição, especialmente depois de em Dezembro de 2022 várias agências governamentais dos EUA começaram a proibir a utilização da app nos dispositivos dos seus funcionários.

A aplicação, criada pela empresa chinesa ByteDance, tem estado no radar das autoridades americanas há algum tempo devido aos seus vários problemas relacionados com a privacidade. Mais recentemente, em Fevereiro de 2023, foi a vez de a Comissão Europeia e do Conselho da União, em Bruxelas, adoptarem a mesma medida relativamente aos seus funcionários.

«Actualmente, cerca de 3,24 milhões de portugueses usam o TikTok, e a sua popularidade cresce diariamente. Estes números mostram que são poucos os que percebem os riscos que esta rede social traz para os dados dos seus utilizadores, incluindo rastreamento intrusivo e uma possível conexão ao governo chinês», diz, em comunicado, Adrianus Warmenhoven, consultor de cibersegurança da NordVPN.

O profissional da empresa explica de que forma o TikTok compromete a privacidade dos seus utilizadores, começando pelo algoritmo orientado por dados e rastreamento intrusivo. Uma das razões do sucesso da rede social é o conteúdo altamente individualizado que fornece aos utilizadores. Contudo, por trás dessa abordagem individual está a prática de recolher grandes quantidades de dados do utilizador dentro e fora da aplicação.

Segundo a mesma fonte, assim que o utilizador começa a usar o TikTok, a empresa começa a construir um perfil sobre ele, incluindo os seus interesses, tendências políticas, sexualidade e todas as outras variáveis que podem afectar a selecção dos vídeos a que ele assiste. O TikTok também recolhe informações sobre os padrões de clique das teclas, informações de localização, histórico do browser e até informações biométricas (impressão facial e de voz) dos utilizadores.

Também no final de Dezembro de 2022, foi revelado que a ByteDance, empresa responsável pelo TikTok, despediu quatro funcionários por terem obtido dados de dois jornalistas americanos. Isto aconteceu durante a investigação mal-sucedida do TikTok sobre violações de dados que aconteceram com a empresa no ano passado.

Assim, o TikTok está cada vez mais debaixo de fogo no que toca à privacidade dos seus utilizadores e do que é possível fazer com a informação obtida através de algo tão simples como “scrollar”, seguir contas, colocar gostos ou fazer pesquisas. Ainda assim, a app “contra-ataca” as acusações com o lançamento de novas medidas, como a possibilidade de limitar a utilização da app a crianças e adolescentes a apenas uma hora por dia.

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