A vida é bela suspende venda e operação de vouchers

Algumas semanas depois da publicação de várias notícias que davam conta de que os vouchers da empresa de experiências a vida é bela estavam a ser recusados por atrasos nos pagamentos aos parceiros, a empresa liderada por António Quina emitiu um comunicado onde informa que irá “suspender a venda e operação” da linha de vouchers experiências em Portugal. A “adesão a um PER (Plano Especial de Revitalização)” está também a ser ponderada, adianta a companhia na mesma missiva.

A empresa, que se estreou em 2007 no mercado espanhol e em 2009 no brasileiro, chegou a 2010 com “80% de quota de mercado e mais de 20 milhões de euros de facturação em Portugal”, faz notar a vida é bela. “Estávamos há três anos a crescer a três dígitos”, continua. Em 2011 o objectivo passava por manter as vendas do ano anterior, que se nivelaram pelos valores de 2010 até Outubro. No entanto, nos meses de Novembro e Dezembro, que são responsáveis por cerca de 60% da facturação da empresa devido ao Natal, as vendas caíram de forma abrupta em 48%. Daí que a vida é bela tenha delineado, no início deste ano, um plano de reorganização e redução de custos, cuja primeira fase ficou concluída no passado mês de Outubro. Como resultado, a empresa reduziu os custos operacionais em mais de um milhão de euros, e passou de 80 colaboradores para pouco mais de 30, reforça na mesma missiva.

Entretanto, e numa conjuntura económica pouco favorável, a taxa de utilização dos vouchers bateu recordes, tendo como referência a gama de 2011, que terminou em Março deste ano. No caso do alojamento, “andou próximo dos 95%”, informa a vida e bela, o que reflectiu “um incremento considerável e não previsto”. “Parte dos nossos clientes da distribuição alargou os prazos de pagamento, sempre superiores a 90 dias, nalguns casos mesmo superiores a 180 dias. Em 2012, a nossa margem operacional baixou drasticamente a par do nosso volume de vendas, do custo com a referida redução de pessoal e do aumento do custo do financiamento”, refere a empresa. A principal consequência foi a falta de condições para cumprir os prazos de pagamento aos parceiros. Desde o início de 2012 a vida é bela viu-se obrigada, pelas circunstâncias, a dilatar os prazos de pagamento, conta.

A empresa conseguiu que, a partir de Maio de 2012, as vendas deixassem de cair 50% ao mês, como nos primeiros meses do ano, ficando-se a queda pelos 30%. “Um por um estávamos, com dificuldade, a cumprir com os agendamentos de pagamentos a parceiros”, informa. A empresa tinha já mesmo preparado um trunfo para a campanha de Natal: uma gama exclusiva de packs presente do Sport Lisboa e Benfica.

As notícias publicadas em meados de Outubro vieram, no entanto, mudar o rumo da a vida é bela. “Tivemos uma quebra de vendas de mais de 85%, a quase totalidade dos parceiros assustados deixaram de aceitar os vouchers, os nosso clientes da distribuição nalguns casos retiraram o produto de linear , os nossos consumidores finais correram para os mesmos pontos de venda a solicitar a devolução dos vouchers. As nossas linhas de atendimento transbordaram e o Facebook fazia o seu papel em dar voz para o bem e para o mal, ampliando e complicando ainda mais a situação.”

A empresa informa mesmo: “Estávamos, até à data de 14 de Outubro, a conseguir manter um equilíbrio embora frágil face à situação. Sem noticias alarmistas, teríamos conseguido chegar ao Natal e relançar o normal funcionamento da empresa. Lamentavelmente, agora tal já não é possível.”

Com a adesão ao Plano Especial de Revitalização a empresa de António Quina espera “propor a todos os parceiros credores uma forma de, em conjunto viabilizar a actividade na a vida é bela”.

“Vamos fazer o nosso melhor para em conjunto vos poder apresentar uma forma de, num prazo razoável, podermos resolver as questões financeiras pendentes e continuar a promover, como até agora, o turismo e empresários que muitas vezes estão fora e são excluídos do circuito das grandes agências ou operadores”, reforça a a vida é bela, na missiva enviada aos seus parceiros.

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