A margem do inesperado nas empresas visionárias

Por Susana Coerver, fundadora da Kindology

Na trajectória empresarial, até que ponto estamos dispostos a acolher o inesperado? Quanta margem “guardamos” para o imprevisto, o novo e o surpreendente?

Faço aqui um parênteses com a nossa vida pessoal, sim, porque antes de profissionais somos pessoas. Quem se identifica com isto: aquela noite de jantar e saída com os amigos, planeada há não sei quanto tempo, versus a saída inesperada que acabamos por dizer que foi a melhor?

As empresas muitas vezes deparam-se com oportunidades diferenciadoras que surgem do nada, que desafiam a nossa abordagem planeada. Mas aqui está a questão: devemos esperar pelo plano do próximo ano para implementar algo que poderia mudar o jogo desde já?

Num mundo onde a agilidade é rainha e a inovação é a moeda, restringir as nossas acções apenas ao cronograma estritamente planeado pode impedir-nos de explorar plenamente o potencial e resultados de cada momento. Imagine a oportunidade de ser pioneiro no seu sector, abraçar o novo de maneira audaciosa e confiante, mesmo que isso signifique desviar-se da norma. Para os obcecados com planeamento, que margem têm reservada para estas oportunidades que a vida e o ambiente externos vos trazem?

Empresas que abrem espaço para a surpresa estão preparadas para uma jornada onde a evolução é constante. Afinal, a mudança não segue um cronograma rígido. O inesperado muitas vezes sinaliza uma oportunidade a ser explorada imediatamente e não depois de várias reuniões e cronogramas e planeamentos.

O desafio está em encontrar o equilíbrio certo: entre a solidez de uma estratégia bem pensada e a flexibilidade para abraçar o imprevisto. Então, enquanto traçamos os nossos planos anuais, não nos esqueçamos de que uma parte valiosa do terreno a explorar reside além dos limites do previsível.

Que tal abrir espaço para o novo e permitir que a inovação nos guie, independente das convenções? E já agora, a quem está reservada a oportunidade na sua empresa de contribuir para o que pode ser este novo?

Estaremos nós abertos a redefinir o que significa ser uma empresa visionária, ousada o suficiente para abraçar oportunidades no momento presente?

Perguntas:

Falamos em agile a cada quatro frases, mas diria que a sua empresa é flexível e aberta a novas possibilidades? A flexibilidade está intrínseca na cultura? Há abertura para mudar os planos, ou só de forma reactiva, a la Covid?

Take it or leave it… to someone else. A sua empresa consegue tomar decisões rapidamente?

Quem pode contribuir para a inovação? A sua empresa tem uma caixinha de sugestões ou a cultura de inovação e abraçar oportunidades é cultivada em cada colaborador?

A margem para o inesperado é onde o futuro muitas vezes se revela primeiro.

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