«A expressão “marketing digital” vai ser igual à expressão “televisão a cores”»

Manuel Falcão, director-geral da Nova Expressão, e João Cotrim de Figueiredo, presidente do Turismo de Portugal, debateram ontem na TIP Talk da Marketeer o desafio do digital no Marketing.

«Daqui a muito pouco tempo, a expressão “marketing digital” vai ser igual à expressão “televisão a cores”. Às vezes faz-me lembrar a forma como, há cem anos, estávamos a descrever com grande interesse a electricidade em casa. Todo o marketing vai ser em essência digital». É esta a avaliação de João Cotrim de Figueiredo, líder de do Turismo de Portugal, um instituto que aplica, segundo o próprio, 100% do orçamento de Marketing no digital.

Na sequência do estudo apresentado previamente sobre os hábitos digitais dos portugueses, da autoria da Nova Expressão em parceria com a Marktest, o responsável sublinhou o carácter «decisivo» destas métricas para «perceber a forma como as pessoas decidem e consomem» e a importância desta informação «para saber como se aplica os orçamentos».

O digital traz novos desafios no marketing – e um dos principais diz respeito à adequação dos conteúdos. Sobre a atenção e a «ligação emocional» que é preciso estabelecer e que obriga as marcas «a criar conteúdos de maneira diferente», nas palavras de Manuel Falcão, o presidente do Turismo de Portugal realça o poder de uma boa história.

«Uma coisa parece evidente depois destes anos de tentativas: por exemplo, os vídeos que funcionam no online não são os mesmos que funcionam na televisão, o que é um pouco surpreendente». Uma diferença nos modelos que abrange o tipo de contratos, as métricas, as mecânicas que permitem agarrar as pessoas. «Os anunciantes [em alguns contratos] não pagam se os filmes não forem vistos até ao fim. E são poucos os filmes [no online] que são vistos até ao fim com regularidade, com uma curiosidade enorme: aqueles que o são, são vistos repetidamente pela mesma pessoa», constata. «Os filmes que me atraem são aqueles que têm uma boa história. O poder de contar histórias sempre foi importante no Marketing e agora torna-se crucial exactamente por isto.»

Uma tendência importante para o futuro é «a urgência de trabalhar uma boa história relevante para o consumidor e para a marca, algo nada fácil» e «cada vez mais difícil», acrescenta.

Uma última interrogação tem a ver com o Big Data e a Internet of Things que, juntos, vão possibilitar a recolha de tudo o que diz respeito ao comportamento do consumidor. «Mas se todos os marketeers souberem tudo sobre todos os consumidores, onde é que está o marketing competitivo?», interrogou-se o presidente do Turismo de Portugal.

Texto de Pedro Carreira Garcia

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