A ascensão da roupa em segunda mão. É o fim da fast fashion?
Há cerca de 10 anos, o Poshmark era apresentado ao mercado como um marketplace para comprar online roupa em segunda mão. O projecto foi crescendo e, na última semana, o Poshmark chegou à bolsa norte-americana, atingindo uma avaliação de 7,4 mil milhões de dólares (cerca de 6,1 mil milhões de euros).
Como se justifica este crescimento por parte de uma plataforma dedicada a peças de vestuário que, um dia, alguém deixou de querer? Segundo a Fast Company, trata-se de um mercado em ascensão, embora ainda represente apenas uma fatia muito pequena do total da indústria de moda.
A esperança de Manish Chandra, fundador e CEO da Poshmark, é de que os consumidores que descobriram a compra e venda de roupa em segunda mão continuem a fazê-lo e mudem, efectivamente, os seus comportamentos. Neste momento, o marketplace conta com 30 milhões de utilizadores activos, que passam, em média, 27 minutos a explorar os cantos e recantos do site.
Semelhante a uma rede social, a Poshmark permite que os utilizadores sigam outros perfis e que gostem de determinados artigos, como se se tratasse de uma publicação no Instagram, por exemplo.
«Espero que a velocidade das vendas aumente assim que possamos sair de novo e precisemos de roupas para mais ocasiões», comenta o fundador da plataforma. De acordo com a Fast Company, as receitas da Poshmark subiram 28% em 2020, beneficiando do confinamento e do facto de as pessoas não poderem ir a lojas físicas. Além disso, fechadas em casas, encontraram uma oportunidade para vender alguns artigos que estavam só a ocupar espaço no armário.
Do lado de quem compra, são vários os motivos. Com o estigma associado a roupa em segunda a mão a desaparecer progressivamente, há quem procure uma opção mais barata e quem esteja preocupado com a sustentabilidade e prefira evitar as marcas de fast fashion.
Contudo, não existem dados suficientes, para já, para avaliar o real impacto da venda de roupa em segunda mão no Planeta. Ainda assim, é garantido que comprar um casaco usado não obriga à utilização de novas matérias-primas, ao contrário do que acontece com uma peça acabada de sair da fábrica.
O problema, sublinha a Fast Company, está no facto de não existirem provas relativamente à substituição das compras de fast fashion por produtos em segunda mão. Os consumidores podem estar, simplesmente, a comprar a partir de ambos os canais e, com isso, a comprar mais no total.