CEO da Uber pede desculpa e pede ajuda
Ainda a recuperar de um escândalo relacionado com acusações de assédio sexual e discriminação de género, a Uber enfrenta uma nova polémica, que promete afectar a reputação da marca. Foi divulgado um vídeo em que Travis Kalanick, CEO da Uber, discute com um dos condutores parceiros do serviço que fundou.
No vídeo, filmado aquando de uma viagem realizada pelo responsável na companhia de duas mulheres na noite da Super Bowl, Travis Kalanick e o condutor Fawzi Kamel acabam a discutir sobre as tarifas da Uber e as dificuldades que daí advêm. Segundo a gravação da conversa, entregue por Fawzi Kamel à Bloomberg, o mesmo afirma ter perdido 97 mil dólares (92 mil euros) e acusa Travis Kalanick de ser o culpado pela sua situação de falência.
O CEO da Uber responde que existem pessoas que não gostam de se responsabilizar pelos seus próprios problemas e que culpam os outros pelas suas dificuldades.
Durante o dia de ontem, o Travis Kalanick decidiu enviar um email a todos os funcionários explicando a situação. No documento, publicado também no site da empresa, Travis Kalanick pede desculpa pelo seu comportamento, assumindo que tratou o condutor de forma desrespeitosa.
«Dizer que estou com vergonha é pouco. O meu trabalho enquanto vosso líder é liderar… E isso começa ao comportar-me de uma forma que nos deixa a todos orgulhosos. Não foi isso que fiz e não tenho como explicá-lo», refere o responsável.
Travis Kalanick acrescenta que o vídeo é um reflexo dele próprio mas também das críticas que têm recebido, funcionando como um lembrete de que é preciso mudar a sua atitude no papel de líder: «Esta é a primeira vez em que estou pronto para admitir de que preciso de ajuda na liderança e pretendo encontrá-la.»
Início de ano difícil
Além das polémicas mais recentes, em que a Uber surge associada a assédio a uma trabalhadora e falta de respeito para com um condutor, a marca já sofreu outros golpes este ano. Os problemas começaram quando mais de 200 mil subscritores eliminaram a aplicação da Uber como forma de protesto por acreditarem que a empresa estava do lado de Donald Trump e das suas políticas de emigração.
Como resultado, Travis Kalanick abandonou o painel de conselheiros que o presidente dos Estados Unidos da América criou para estar mais perto dos negócios do país. A pressão que enfrentava por parte de activistas terá levado o CEO da Uber a ceder o seu lugar nas reuniões: «Juntar-me ao grupo não era para ser visto como apoio ao presidente», escreveu o responsável num comunicado citado pela Reuters.
Apesar de estar a acumular rapidamente problemas para a Uber, nomeadamente para a imagem que tem perante os consumidores, Travis Kalanick tem, ainda assim, tentado reagir da melhor forma. Pediu desculpa e admitiu precisar de ajuda, abandonou o painel de Donald Trump e contratou um ex-procurador-geral para investigar o caso de assédio e discriminação. Resta saber se será suficiente para preservar a reputação da marca.