«Dar oxigénio às empresas para poderem continuar a exportar»
É necessário «permitir que o sector agro-alimentar seja auto-suficiente até 2020 e reduzir o défice da nossa balança comercial, nomeadamente no sector dos cereais». Esta foi a principal mensagem deixada por Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e da investigação Agro-alimentar, na mensagem de boas-vindas ao Forum de Internacionalização do Sector Agro-alimentar 2013 que se realizou na Alimentaria & Horexpo Lisboa e onde se pretendia reflectir e debater sobre as questões da internacionalização das empresas portuguesas no panorama nacional e internacional. O secretário de Estado frisou que para cumprir esse objectivo há que haver uma relação de integração entre a agricultura e a indústria agro-alimentar e entre a produção e a exportação. Uma estratégia que, diz Nuno Veira de Brito, deverá passar pela detecção de oportunidades de negócio, de investimento, de parcerias e de novos mercados. «Temos que nos diferenciar como um país de qualidade e não um país de quantidade», disse.
No primeiro painel da manhã, moderado por Maria João Vieira Pinto, directora editorial da Marketeer, o comendador Rocha de Matos, presidente da AIP, apelou a que se entendesse a exportação como um desígnio social. Mas, advertiu, «temos um problema cultural. Somos individualistas, não sabemos trabalhar em conjunto. Os empresários preferem ter 100% de uma empresa (que dá para o seu sustento) do que juntar-se a outro, ficar cada um com 50%, e aumentar a dimensão».
Por seu lado Jorge Henriques, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), acredita que a solução passa por «dar oxigénio às empresas para estas poderem continuar a exportar e a fazer o seu percurso». E identificou o principal problema: «A indústria agro-alimentar está espartilhada a montante e a jusante. Isto porque a indústria precisa de comprar no exterior 60% das matérias. E o mercado está extremamente afunilado ao assentar em dois grandes grupos de retalho.»
«Se Portugal acha que a exportação é o único caminho, há que apostar numa voz única. Tem de haver investimento para apoiar as exportações das empresas nos mercados que elas já definiram», defende Jorge Henriques.
A questão, levanta por seu lado Ondina Afonso, da PortugalFoods, é que não existe uma marca Portugal a nível estratégico e operacional. «Portugal aparece de forma dispersa lá fora. Acreditamos que Portugal pode ser visto como uma experiência de consumo», defende. O presidente da FIPA acredita que tem de ser feito um investimento massivo com a imagem. «Apenas uma», reforça. «Mas isso leva mais de dez anos a construir. E isso não pode mudar a cada governo que entra», garante. Daí que proponha como caminho intermédio apoiar as marcas que têm capacidade para exportar e se internacionalizar.
Texto de Maria João Lima