Criar conteúdo sim mas sempre com os olhos no SEO e nas famosas “10 blue links”. Agora, com a chegada do modo IA da Google, esse modelo entra em colapso e talvez seja altura de retirar o Google do pedestal.
O recado da Google na conferência I/O 2025 foi claro: o futuro da pesquisa passa por respostas instantâneas geradas por inteligência artificial, altamente personalizadas e quase sem atribuição de fonte. O chamado Google Zero está à porta: um cenário em que os utilizadores obtêm tudo o que precisam sem nunca sair da interface da pesquisa.
Durante anos, SEO e marketing de conteúdos caminharam juntos. Mas, com a evolução da pesquisa baseada em modelos de linguagem (LLMs), os incentivos mudaram e talvez seja melhor assim.
Afinal, como salienta Despina Gavoyannis, a IA “não recompensa a originalidade; ela achata-a”. A IA generaliza, simplifica, agrega e ao fazê-lo, apaga inovação e nuance.
Hoje, o Google já não é um canal de descoberta. É um canal de respostas previsíveis, baseadas em padrões, e alimentado pelo conteúdo dos próprios criadores que, muitas vezes, não recebem nada em troca.
A soluçãoé não parar de criar, mas ser mais estratégico. Não dê o seu conteúdo mais valioso ao Google gratuitamente. Guarde-o. Proteja-o. Distribua-o em canais onde controla a narrativa e a relação com o público: newsletters, comunidades exclusivas, eventos privados ou e-books com acesso limitado.
Segundo Garrett Sussman e Michael King (iPullRank), a melhor abordagem hoje é híbrida. Não se trata de esconder tudo, mas sim de decidir cuidadosamente o que partilhar e onde. O conteúdo com verdadeiro valor, diferenciador e único, deve ser tratado como um ativo estratégico, não como um simples isco para cliques.
Se a IA vai recompensar informação factual, direta e bem estruturada, então os conteúdos otimizados para pesquisa devem adaptar-se a isso. Mas o conteúdo que constrói marca, comunidade e lealdade — esse vive noutros canais e formatos.
Quatro princípios para ter conteúdo de valor:
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Objetivos claros do público: Antes dos objetivos da marca, pense nas motivações reais de quem lê.
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Expertise genuína: Envolva especialistas, seja você ou outros, e fuja da superficialidade.
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Narrativa envolvente: Construa uma história em torno dos problemas e ambições do seu público.
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Curação criteriosa: Agregar informação não é suficiente. Filtrar, selecionar e dar contexto é o que cria confiança.
Para sobreviver (e crescer) num mundo onde o Google já não gera tráfego como antes, as marcas precisam de dominar a distribuição multicanal. Crie conteúdos pensados para serem desdobrados em diferentes formatos e plataformas:
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Newsletters para construir uma audiência fiel.
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Redes sociais para partilhar trechos de valor e gerar buzz.
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Webinars e podcasts para aprofundar a autoridade e gerar conversas.
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Vídeos curtos e longos para expandir o alcance em diferentes plataformas.
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Relações públicas e media para manter a marca visível em espaços credíveis.
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Eventos e comunidades para criar ligação direta e obter feedback valioso.













