
Forever 21 pede falência pela segunda vez em seis anos
A cadeia de moda Forever 21 não consegue enfrentar rivais como a Inditex, H&M, Uniqlo, Shein e Temu. A forte concorrência no bem-sucedido setor de fast fashion, a ascensão do comércio eletrónico e o aumento dos custos das ações num ambiente inflacionário levaram a cadeia americana a declarar falência pela segunda vez em seis anos, conforme anunciou a F21 OpCo, empresa que explora as suas lojas.
A empresa pede proteção contra a falência com uma dívida total de cerca de 1.580 milhões de dólares (cerca de 1.450 milhões de euros), segundo documentos judiciais.
A F21 OpCo implementará uma liquidação ordenada do seu negócio e do stock das suas lojas enquanto avalia as alternativas para a venda da empresa ou de todos ou parte dos seus ativos num processo supervisionado pelo tribunal de Delaware perante o qual solicitou falência, um procedimento conhecido como capítulo 11 nos Estados Unidos.
As lojas e o website da Forever 21 permanecerão abertos e continuarão a servir os clientes enquanto a empresa inicia o seu processo de liquidação.
Brad Sell, CFO da F21 OpCo, explicou em comunicado que estão em aberto as possibilidades de liquidação ou venda da empresa. “Embora tenhamos avaliado todas as opções para melhor posicionar a empresa para o futuro, não conseguimos encontrar um caminho sustentável, dada a concorrência de empresas estrangeiras de fast fashion, que conseguiram aproveitar a isenção de minimis para minar a nossa marca em preços e margens, bem como aumentar os custos, os desafios económicos que afetam os nossos principais clientes e a evolução das tendências de consumo”, afirma Sell no comunicado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou inicialmente a eliminação da isenção de minimis – auxílios financeiros de pequeno valor que os Estados podem conceder a empresas sem que isso afete significativamente o comércio ou a concorrência- para as importações provenientes da China, pela qual os envios inferiores a 800 dólares estão isentos de tarifas.
No entanto, os serviços aduaneiros ficaram sobrecarregados e incapazes de aplicar as tarifas, pelo que Trump reverteu a sua política comercial errática. Os grupos chineses Temu e Shein beneficiam especialmente desta isenção.
As lojas da Forever 21 fora dos Estados Unidos são operadas por outros licenciados, não estão incluídos no pedido de falência e continuarão a operar, tal como as lojas de comércio eletrónico internacionais.
O Authentic Brands Group continua a manter a propriedade intelectual associada à marca e pode licenciá-la a outros operadores.
A Forever 21 já declarou falência em setembro de 2019. A recaída mostra que saiu mal daquela crise. Os processos judiciais resultaram em pesadas perdas para os credores financeiros, no encerramento de centenas de lojas e na venda a um grupo de compradores, incluindo a Simon Property Group, a Brookfield e a Authentic Brands, através do Sparc Group.
A Sparc anunciou uma aliança com Shein no verão de 2023, mas também não trouxe os resultados esperados para a cadeia Forever 21.
O grupo retalhista JC Penney adquiriu a Sparc em dezembro passado para formar a Catalyst Brands, num negócio em que os anteriores accionistas da Sparc (Simon Property Group, Brookfield, Authentic Brands e Shein, que entraram no capital através da aliança) mantiveram participações minoritárias.
Na altura da fusão, a Catalyst já tinha dito em comunicado que estava a explorar “opções estratégicas” para as operações da Forever 21, o que parecia um mau presságio.