Ana Dias: A portuguesa que conquistou Kim Kardashian e faz sucesso lá fora

Chama-se Ana Dias, nasceu no Porto, Portugal, em 1984, e é a fotógrafa responsável pela mais recente campanha de Kim Kardashian para promover a nova coleção de fatos de banho da sua marca Skims.

No início da semana passada, a estrela do clã Kardashian anunciou o lançamento da nova coleção dedicada à roupa de verão da SKIMS, inaugurada a 6 de março, com a mestria da portuguesa atrás da lente.

Ana Dias formou-se na Escola Superior de Artes do Porto em belas artes, especializando-se em desenho, em 2007. A sua formação levou-a à fotografia, tendo as primeiras fotos para edições internacionais da Playboy sido publicadas em 2012. O sucesso foi tal que a portuense não mais parou, tendo fotografado capas e ensaios fotográficos da Playboy de Hugh Hefner em praticamente todos os cantos do mundo.

Agora, conhecida pelo seu trabalho repleto de cor e sensualidade, a fotógrafa portuguesa garante, em entrevista à Marketeer, que ainda há muito a fazer, nomeadamente um livro sobre o seu trabalho que já está a dar os primeiros passos. Enquanto não há livro para o público, as imagens desta fotógrafa falam por si. Têm como objetivo “revelar uma personalidade e contar uma história”, mais até do que apenas a captura do corpo.

Conheça Ana Dias, na primeira pessoa:

O que a levou a especializar-se na fotografia de glamour e sensualidade? Sempre soube que queria seguir esse caminho?

Sempre fui apaixonada por artes e pela forma como uma imagem pode contar uma história. Desde cedo, a fotografia fascinou-me, mas foi na universidade, onde estudei Artes Plásticas, que percebi que a fotografia era o meio perfeito para me expressar. Nas aulas de desenho e pintura, muitas vezes tinha de retratar nus, e em determinada altura achei que fotografar as modelos fazia sentido, para poder pintá-las depois a partir das fotografias que tirava. A partir daí, o salto para a fotografia enquanto meio de expressão artística em si mesmo foi muito natural. Sempre me atraiu a beleza do corpo feminino, a luz e a composição, e acabou por ser inevitável focar-me na fotografia de nu. Não foi algo que planeei desde o início, mas quando comecei a fotografar este estilo, percebi que era exatamente o que queria fazer.

Trabalha com a Playboy em vários países. Como é essa experiência e que impacto tem na sua carreira?

Há 13 anos que colaboro com a Playboy em vários países, e tem sido uma experiência incrível. A Playboy não é uma parte da minha carreira, é a espinha dorsal da minha carreira! É o que mais faço e que mais gosto de fazer. Trabalhar com diferentes edições da revista permite-me viajar, conhecer diferentes contextos e viver experiências enriquecedoras. Mas, acima de tudo, dá-me a oportunidade de fotografar modelos incríveis e imortalizar a sua beleza nas imagens que crio. Além disso, permite-me ganhar reconhecimento a nível global, o que é muito gratificante. Cada novo projeto continua a ser único e inspirador, e sinto-me privilegiada por fazer parte deste legado.

Recentemente, fotografou uma campanha com Kim Kardashian. Como surgiu essa oportunidade e como foi trabalhar com uma das figuras mais influentes do mundo?

A equipa da Kim Kardashian entrou em contacto comigo porque já acompanhava o meu trabalho há algum tempo e considerou que a minha estética e estilo se encaixavam na visão que tinham para a campanha de verão da Skims, a marca da Kim Kardashian. Acredito que tenha sido o meu trabalho para a Playboy que despertou o interesse da Kim. Provavelmente, ela apreciou a forma como capturo a sensualidade feminina.
Fotografá-la foi uma experiência fantástica! E, apesar de ser um dos maiores ícones mundiais, tê-la diante da minha câmara foi algo muito natural e fluído. A Kim é uma excelente modelo, extremamente profissional, e sabe posar de maneira a projetar sempre uma imagem confiante e poderosa.

Alguma vez imaginou fotografar figuras como a socialite?

Claro que sim! Apesar de o meu foco ser captar a beleza feminina, independentemente de se tratar de mulheres reconhecidas pelo grande público, sempre ambicionei trabalhar com figuras icónicas. Já tive, por exemplo, a oportunidade de fotografar Xenia von Sachsen, o primeiro membro da realeza europeia a despir-se para a Playboy, e cada experiência com mulheres de grande notoriedade é sempre fascinante. Fotografar alguém como a Kim Kardashian foi igualmente incrível, e saber que o meu trabalho chamou a atenção dela e da sua equipa foi extremamente gratificante.

O que é que ainda a surpreende e fascina no seu trabalho?

O que mais me fascina é a capacidade que a fotografia tem de contar histórias e despertar emoções. Cada sessão fotográfica é diferente, cada modelo é única, e isso mantém tudo sempre emocionante. Adoro todo o processo criativo no meu trabalho, e esse processo permite-me evoluir e encontrar sempre novas formas de dar vida às minhas imagens. E o melhor é que nunca se torna monótono. Há sempre espaço para criar algo novo. No fundo, é isso que me faz apaixonar pelo que faço todos os dias.

O seu estilo é marcante, vibrante e sensual. Como descreveria a sua abordagem à fotografia e o que procura captar nas suas imagens?

Gosto de pensar na minha fotografia como uma celebração da beleza feminina. Procuro criar imagens impactantes, cheias de cor, energia e emoção. Quero que as minhas fotografias transmitam confiança e empoderamento, que as mulheres que fotografo se sintam deslumbrantes. Não se trata apenas de capturar um corpo, mas sim de revelar uma personalidade e contar uma história.

Quais são os principais desafios de fotografar nu e sensualidade? Alguma vez sentiu resistência ou algum tipo de constrangimento no seu trabalho?

Fotografar a nudez é sempre um desafio, porque eu quero ter a certeza que as imagens que crio são simultaneamente emocionantes e elegantes. Ao longo da minha carreira, sempre fui bem recebida, mas sei que ainda há quem veja a nudez de forma negativa. No entanto, o meu foco não é tentar mudar a opinião de quem não valoriza o meu trabalho. O que realmente me importa é fazer o que amo com paixão e deixar que isso se espalhe, para que mais pessoas o vejam e se inspirem.

Já fotografou em diversos países e com diferentes equipas. Existe alguma sessão ou destino que tenha sido particularmente especial para si?

Já fotografei centenas de editoriais para a Playboy um pouco por todo o mundo e cada ensaio fotográfico é único e irrepetível. Todos são especiais de uma forma ou de outra, por isso é muito difícil escolher. Ainda assim, um que foi particularmente emocionante para mim foi o meu primeiro editorial para edição americana da revista Playboy, com a Playmate Valeria Lakhina. Lembro-me perfeitamente da felicidade que senti quando vi as minhas fotos impressas na revista pela primeira vez. Foi um momento de muito orgulho e emoção, porque naquelas páginas estava o meu maior sonho a tornar-se realidade.

O digital e as redes sociais mudaram muito o mundo da fotografia. Como vê essa evolução e como impacta o seu trabalho?

As redes sociais mudaram completamente a forma como a fotografia é vista e partilhada. Por um lado, dão-me a oportunidade de alcançar um público global, mas também trazem desafios, como a censura e a rapidez com que as imagens se tornam efémeras. O meu objetivo é continuar a reinventar-me e criar imagens que sejam intemporais e se destaquem neste mundo digital tão acelerado.

Depois de tantos anos de carreira, ainda há algum projeto ou pessoa que sonha fotografar?

Tenho sempre tantos sonhos por concretizar! Sinto que nunca há tempo suficiente para tudo o que quero fazer. Um dos meus objetivos a curto prazo é lançar um livro sobre o meu trabalho, e felizmente já estou a dar os primeiros passos para que isso aconteça.

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