Proteger as pessoas no novo mundo de trabalho

O mercado de trabalho está a atravessar alterações profundas que impactam as relações laborais como as conhecemos e a tradicional protecção da força de trabalho individual e empresarial. A curto prazo é expectável que as pessoas mudem de emprego várias vezes, tenham vidas profissionais mais longas, façam pausas profissionais ao longo das suas carreiras, por razões de formação ou de carácter pessoal, como o apoio à família.

Nesta nova realidade, em que circunstâncias tendem as pessoas a adaptar as suas decisões de carreira e financeiras? O que impulsiona ou impede estas adaptações individuais? Que papel podem os seguros assumir no planeamento financeiro individual? Porque ainda não existem respostas para estas e muitas outras questões, o Grupo Zurich e a Smith School of Enterprise and the Environment da Universidade de Oxford lançaram o estudo “Perceções sobre proteção: Questionar trabalhadores para construir novas soluções ágeis”. O estudo contribui para identificar os grupos mais vulneráveis a estas transformações do mercado de trabalho.

Os participantes foram questionados sobre as suas situações de trabalho, as ansiedades relacionadas com as novas tecnologias, a capacidade de adaptação à mudança e o nível de conhecimento sobre planeamento financeiro e seguros. As principais conclusões do estudo apontam que as pessoas activas estão preocupadas com o facto de que na idade da reforma serão mais pobres do que esperavam; os jovens estão tão ansiosos como os seus pais sobre o seu futuro financeiro; as mulheres são o grupo mais vulnerável, pois são menos propensas a ter pensões e apólices de seguro a protegê-las. «Os trabalhadores estão expostos a quebras de rendimento, as probabilidades de desemprego são grandes e a cobertura de benefícios é menor. Fazer escolhas adequadas sobre seguros, poupança e pensões para neutralizar estas lacunas são ainda decisões que ficam frequentemente da responsabilidade do trabalhador. Na Zurich cremos que é fundamental desenhar um novo sistema de protecção que seja realmente ágil», afirma Ana Paulo, head of Life Soluções Vida e membro do Conselho de Administração da Zurich – Companhia de Seguros Vida, S.A.

O panorama do mercado de trabalho tradicional

O modelo tradicional do trabalho para a vida toda, com um único empregador, deixou de ser válido. As novas tecnologias estão a criar mais oportunidades para o emprego próprio e para a prevalência de trabalhos de curto prazo e freelance (gig economy), o que significa que as pessoas têm mais liberdade para mudar de emprego e para locais diferentes. Cada vez mais as pessoas preferem relações flexíveis em vez de relações fixas. No entanto, esta flexibilidade acarreta vulnerabilidade na continuidade do emprego e, consequentemente, na segurança do rendimento. Se antes o Estado Social funcionava como uma rede de segurança e protecção financeira, hoje é um dado adquirido que estas mudanças na forma como as pessoas trabalham não estão a ser acompanhadas por este mesmo Estado Social. É, portanto, primordial perceber de que forma as pessoas estão a lidar com as novas realidades que afectam não apenas os indivíduos na força de trabalho, mas a sociedade como um todo. Este é outro dos objectivos do estudo “Perceções sobre proteção: Questionar trabalhadores para construir novas soluções ágeis”.

Ter uma reforma confortável é a maior preocupação financeira

Transversal aos países e aos grupos etários, quase metade dos entrevistados concorda que a sua principal preocupação pessoal e financeira é conseguir fazer uma poupança adequada para a reforma (44%). O pagamento de contas mensais é a segunda maior preocupação (27%).

Mulheres mais vulneráveis às alterações que afectam o ambiente de trabalho

É menos provável que as mulheres supervisionem o trabalho de outros (34% para 59% nos homens), o que sugere um status quo menor em termos de rendimento e, possivelmente, na segurança do posto de trabalho. As mulheres são menos positivas em relação às mudanças tecnológicas e mais preocupadas com o facto de poderem perder os seus empregos por causa disso. Por vários motivos – seja a responsabilidade de ser cuidadora de terceiros, a falta de apoio nestes cuidados ou a ausência de determinadas competências – as mulheres parecem mais avessas ao risco: estão menos dispostas a trabalhar em regime freelance ou a aceitar oportunidades de emprego no estrangeiro. Igualmente, não conhecem bem as soluções de seguros que proporcionam protecção de rendimento e, por este motivo, estão menos disponíveis para os adquirir. Esta percepção sugere que uma das maiores lacunas da protecção social está relacionada com o género.

Millennials mostram sinais de conservadorismo financeiro

Apesar de 63% dos millennials afirmarem terem conseguido economizar parte dos seus rendimentos, o pagamento das contas mensais é a sua maior preocupação de curto prazo (34%) e cerca de um terço (32%) referem que a reforma é a sua segunda preocupação. Ao contrário do esperado, o conhecimento de seguros de vida e de protecção de rendimento por parte dos millennials não é elevado, sendo muito equiparado ao das gerações anteriores.

Instabilidade no trabalho tanto pode ser voluntária como involuntária

Um quinto dos entrevistados acha provável poder perder o emprego no próximo ano e 27% tem planos para deixar o trabalho voluntariamente, sendo que a maioria destes parece estar a preparar-se para se tornar freelancer. Relativamente às oportunidades de carreira, uma percentagem semelhante afirma que estariam dispostos a mudar-se para o estrangeiro para um trabalho.

«A maioria das pessoas individualmente não consegue e não pode assumir as responsabilidades financeiras dos novos padrões de trabalho e reforma. Também não é viável que as empresas o façam. Sem dúvida que os seguradores têm um papel a desempenhar na adaptação e criação de produtos que respondam a estas novas realidades, com o fim último de garantir protecção às pessoas e às empresas», acrescenta Ana Paulo.

Perante este contexto, qual é, então, o papel dos seguros?

Todas estas alterações do mercado de trabalho levarão à criação de soluções de protecção flexível e apoio financeiro ao nível individual, que melhorem a protecção financeira da população activa e que contribuam para planear um futuro onde a protecção das pessoas seja realmente ágil.

O sector segurador terá de desenhar novas soluções de seguros, centradas no apoio às diferentes fases da vida: desde colaboradores a tempo parcial, independentes ou provenientes de agências de trabalho temporário até a mudanças de emprego, reduções ou interrupções de vencimentos e pausas na carreira.

Com esta investigação, o foco do Grupo Zurich está no desenvolvimento de produtos que protegem os rendimentos e os activos das pessoas dos riscos de morbidade e mortalidade na vida activa, doenças críticas, acidentes, incapacidade e protecção de rendimento que inclua despesas de saúde, e também na melhoria dos actuais seguros de vida.

Numa altura em que se antecipam todas estas mudanças no mercado de trabalho, motivadas pela entrada de novas gerações na população activa e pelas novas tecnologias que prometem criar, reinventar e extinguir profissões, é crucial repensar os sistemas de protecção social. É do interesse das empresas e dos trabalhadores que se estabeleça um novo sistema de protecção da força de trabalho. A resposta a este desafio vai exigir um esforço conjugado entre indivíduos, empregadores, governos e seguradores.

Num mercado de trabalho em mutação,há uma certeza incontornável: a mudança. Preparar e antecipar as mudanças sociais é algo que o sector segurador faz desde sempre e é por isso que a Zurich está comprometida em encontrar as respostas para este novo mundo de trabalho.

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