Zurich: Restaurar a resiliência climlática urbana e a esperança no futuro
O clima é um dos oito elementos que devem ser respeitados para garantir a vida no planeta. Os restantes sete são a biosfera – ecossistemas naturais e aqueles que têm uma função específica, como a agricultura –, a água – subterrânea e à superfície –, os nutrientes que tornam o solo fértil – fósforo e azoto – e os poluentes atmosféricos. Quem o comprova é a revista “Nature”, num estudo publicado em Maio de 2023. As alterações climáticas não afectam apenas a natureza, resultando no degelo, no aumento do nível do mar ou colocando em causa a sobrevivência da vida selvagem. Ondas de calor, inundações, incêndios, escassez de alimentos ou falta de água são algumas das consequências cada vez mais frequentes das alterações climáticas.
À medida que os eventos climáticos extremos se tornam mais intensos e imprevisíveis, as cidades enfrentam riscos acrescidos que têm impacto no ambiente, na economia e na saúde pública. No Cairo, a exposição dos colaboradores a altas temperaturas exteriores tem influenciado a sua produtividade, saúde e bem-estar. Estima-se que, até 2030, a força de trabalho no Egipto possa perder mais de 130 mil horas anuais de trabalho devido ao calor – por comparação com apenas 25 mil horas registadas em 1995. O mesmo se passa em Sydney, onde as ondas de calor extremo têm aumentado a vulnerabilidade das populações, com efeitos directos na saúde pública e nas infra-estruturas.
AS CIDADES E OS RISCOS
As cidades não estão preparadas para enfrentar os riscos relacionados com o clima. Esta é uma das questões levantadas no relatório “Resilience from ground up: assessing city-level approaches to climate risk and adaptation”, publicado pelo Zurich Insurance Group e o Economist Impact, que resulta de um inquérito realizado a 5000 indivíduos de dez cidades globais e da entrevista a 15 especialistas de instituições internacionais, entre as quais a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fórum Económico Mundial, a Organização Mundial do Trabalho (OIT) e a agência da ONU para o habitat.
O relatório sugere que quatro em cada cinco pessoas não acreditam que a sua cidade está preparada para lidar com estes riscos. Mais de 40% dos inquiridos acredita que a infra-estrutura de gestão de água da sua cidade está em risco, 38% preocupa-se com a possibilidade de escassez de água ou seca e 37% com inundações.
Em paralelo, as alterações climáticas vêm exacerbar as desigualdades existentes na sociedade, com a possibilidade de grupos mais vulneráveis – como mulheres, crianças e idosos – enfrentarem riscos adicionais e desproporcionais. Parte dos inquiridos do estudo também defende que os governos devem colaborar na adaptação das cidades às alterações climáticas – 50% da amostra – e que o sector privado não está a fazer o suficiente para mitigar os impactos sentidos – 58%.
O estudo também revela que quase um terço dos entrevistados se sente responsável pela adaptação climática da sua cidade e, por isso, a maioria – 95% – está a tomar medidas pessoais para se tornar mais resiliente face às alterações climáticas, como a conservação de água ou a alteração da alimentação e dos hábitos de compra de produtos alimentares. Contudo, certo é que 89% dos inquiridos enfrentam desafios que os impedem de agir – nomeadamente custos elevados, conhecimento insuficiente ou falta de confiança nas políticas governamentais. Urge, portanto, restabelecer a confiança pública, fornecer financiamento acessível e consciencializar as comunidades.
AS SOLUÇÕES QUE TRAZEM RESILIÊNCIA
As cidades precisam de implementar um planeamento proactivo – através de esforços que contribuam para a mitigação e a adaptação climática – para fortalecer a sua resiliência face aos desafios climáticos. Esta solução passa por investir em infra-estruturas resilientes ao clima. Criar edifícios resistentes a inundações, espaços públicos adaptados ao calor, sistemas avançados de resfriamento urbano, sistemas sustentáveis de gestão de água e redes de energia renovável revelam-se cruciais para reduzir os custos de recuperação de eventos climáticos extremos, garantir a continuidade dos serviços e melhorar a qualidade de vida das populações.
A resiliência urbana depende de uma estratégia de mitigação das alterações climáticas, por um lado, e, por outro, de adaptação, a qual vai permitir reduzir a pegada carbónica e simultaneamente robustecer a capacidade de recuperação das cidades depois de um desastre climático. Para isso, a colaboração governamental é crucial para o progresso e vai permitir que a resiliência climática seja incorporada em todo o planeamento urbano. Se não existir uma abordagem integrada e holística, as comunidades mais vulneráveis serão fortemente impactadas.
A equidade é um factor-chave no planeamento urbano e deve estar no centro da resiliência climática, de forma a proteger os grupos mais vulneráveis. Isso significa que os esforços devem reflectir as suas necessidades e especificidades – como a construção de centros de resfriamento acessíveis ou a distribuição de recursos acessíveis de preparação para eventos climáticos extremos. Estas medidas inclusivas não só reduzem os impactos das alterações climáticas, como também melhoram a saúde pública e promovem a coesão social.
O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES
Nesta jornada rumo à resiliência climática urbana, as empresas também têm um papel de destaque: trazem inovação, investimento e conhecimento para o desenvolvimento de soluções climáticas que possam ser eficazes em diferentes cidades. Ao investirem nestas soluções, as organizações protegem os seus próprios negócios e contribuem para o bem-estar das comunidades. A Zurich, enquanto seguradora, assume a missão de proteger indivíduos, empresas e comunidades, face aos riscos climáticos, e de contribuir para transformar as cidades em locais prósperos e resilientes, capazes de resistir e se adaptarem às alterações climáticas.
As alterações climáticas apresentam um desafio duplo: por um lado, é necessária a transição para uma economia neutra em carbono e, por outro, uma maior resiliência face aos eventos climáticos extremos que vão continuar a existir. Nesse sentido, mais do que sobreviver às próximas inundações ou incêndios, urge garantir que as comunidades possam prosperar face a estes fenómenos. Alcançar uma abordagem proactiva para assegurar a resiliência urbana exige uma acção colectiva entre governos, empresas e indivíduos que, em uníssono, funcionam como um catalisador para um futuro sustentável.
PLANO DE TRANSIÇÃO CLIMÁTICA
Foi lançado este ano pelo Zurich Insurance Group e reflecte o compromisso da multinacional em ser uma empresa com neutralidade carbónica em todo o negócio, investimentos e operações até 2050, uma das ambições corporativas definidas em 2019. O plano descreve as acções que vão ser implementadas como resposta às alterações climáticas e centra-se em quatro objectivos: 1) contribuir para a transição de toda a economia para o alcance da neutralidade carbónica; 2) tornar a sociedade mais resiliente; 3) defender políticas de apoio e 4) evoluir a forma como o Zurich Insurance Group opera para o alcance da neutralidade carbónica.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Seguros”, publicado na edição de Novembro (n.º 340) da Marketeer.