Web Summit: Fake news são ameaça à democracia

A produção e divulgação de notícias falsas (“fake news”) é um tema que tem marcado o debate em torno dos media, sobretudo desde as últimas eleições presidenciais norte-americanas. Ann Mettler, da Comissão Europeia, subiu esta tarde ao palco principal do Web Summit, na Altice Arena, para garantir que Bruxelas está atenta ao fenómeno. «As “fake news” são uma ameaça à democracia», afirmou, aludindo aos interesses económicos e políticos que, muitas das vezes, estão na origem deste tipo de conteúdos.

A directora do Centro de Estratégia Política Europeia da Comissão Europeia sublinhou ainda que «podemos e devemos fazer mais» para travar o fenómeno das “fake news”, atribuindo culpas no cartório às empresas tecnológicas, que gerem as plataformas que servem como caixa de ressonância para estes conteúdos. «Esse é um trabalho das empresas [tecnológicas], claro, mas os leitores também deviam ser um pouco os seus próprios editores», ressalvou.

Numa conversa dedicada ao tema “Como ultrapassar a questão das notícias falsas”, Joseph Kahn, managing director do The New York Times, afirmou que «Donald Trump elevou o tema das notícias falsas, mas a sua própria definição do termo está assente numa falácia».

O chefe de redacção do The New York Times vincou que plataformas como o Facebook ou Google «estão ainda a tentar perceber se têm ou não responsabilidade nas notícias falsas que circulam». Contudo, estão assentes num modelo de negócio que é propício a este tipo de conteúdos: «as redes sociais foram criadas com base no princípio da gratuitidade. Agregam o máximo de conteúdos que conseguem. Mas esse modelo está ameaçado», opinou. «O que são o Facebook e o Google? São empresas de media?», questionou Joseph Kahn, acrescentando que «cabe aos Governos classificar estas entidades e regulamentar em conformidade».

Já Ann Mettler garantiu que a Comissão Europeia «vai tomar acções» para impedir a disseminação de “fake news”, mas não especificou que medidas serão tomadas. «Somos [em Bruxelas] a favor da digitalização, mas não às custas da democracia», reiterou. «Chegou o tempo de deixarmos de ser ingénuos», concluiu.

Texto de Daniel Almeida

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