Web Summit: Estão os media dispostos a aceitar os anúncios “aceitáveis”?

«O modelo de negócio baseado nos custos por visualização [de anúncios] está obsoleto. Estamos a trabalhar com os editores [de órgãos de comunicação social] para encontrar um novo modelo de monetização mais sustentável», afirmou hoje Till Faida, fundador do Adblock Plus. O líder de um dos softwares de bloqueio de anúncios mais populares do mundo subiu ao palco central do Web Summit, no Meo Arena, na companhia de dois executivos da Bloomberg e do Financial Times, num encontro marcado por alguma tensão entre os participantes.

De acordo com Till Faida, o Adblock Plus veio «dar poder aos utilizadores sobre os anúncios intrusivos». «O principal erro dos publishers foi fazerem o outsourcing da monetização [do seu negócio online] a outras plataformas que não estão preocupadas com a experiência do consumidor», criticou.

No primeiro trimestre deste ano, o Adblock Plus surpreendeu ao apresentar uma nova versão do programa que, ao invés de bloquear todos os anúncios, fará uma selecção dos anúncios “aceitáveis”. Till Faida explicou que este produto está a ser apresentado a alguns meios de comunicação como uma forma de lhes «dar de novo o controlo», mas que ainda não há uma fórmula para definir o que são “anúncios aceitáveis”. «Temos vindo a realizar alguns estudos para percebermos alguns critérios que poderão ser utilizados, mas é algo em que queremos também dar alguma liberdade aos consumidores», concluiu.

Do outro lado da barricada, Cait O’Riordan, directora de produto e informação do Financial Times, ripostou que «insinuar que nós [publishers] não nos preocupamos com a experiência do consumidor é altamente condescendente». E fez questão de frisar que o jornal britânico «não precisa do produto desenvolvido pelo Till [Faida]», lembrando que o modelo de subscrição implementado deixa o Financial Times «menos dependente da publicidade em relação a outros meios».

No mesmo tom, Justin Smith, presidente executivo da Bloomberg, lembrou que os «premium publishers, como o Financial Times ou a Bloomberg, serão capazes de resolver o problema [da quebra das receitas publicitárias] por eles próprios».

Já Till Faida aproveitou para lembrar que o modelo de subscrição poderá resultar para os premium publishers, mas não para todo o «ambiente online». «Estamos a procurar desenvolver um novo modelo de negócio que seja extensível a todos. Queremos que os stakeholders de media se juntem à discussão para definir qual será o melhor conceito de anúncio aceitável», concluiu.

Recorde-se que, ontem, também Maurice Levy, CEO do Publicis Groupe, abordou o tema dos programas de bloqueio de anúncios e o seu impacto no mundo da comunicação.

Texto de Daniel Almeida

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