Washington Post rejeita anúncio de 115 mil dólares que pedia para Trump “demitir Elon Musk”

O Washington Post, detido pelo dono da Amazon, Jeff Bezos, recusou-se a publicar um anúncio de 115 mil dólares na primeira e última página que pedia que o presidente dos EUA, Donald Trump, “despedisse” Elon Musk do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

O anúncio, comprado pela Common Cause e pelo Southern Poverty Law Center Action Fund (SPLC), questiona “Quem está a governar o país”, se é Donald Trump ou Elon Musk, e inclui um recorte de Musk a rir sob a Casa Branca. Essa mesma imagem foi exposta no site da organização sem fins lucrativos com a denúncia de que o jornal de Bezos havia censurado o anúncio.

O anúncio de capa acrescenta ainda que Musk “criou caos e confusão” e “não é responsável perante ninguém sozinho”. Além disso, aponta: “A Constituição permite apenas um presidente por vez.”

A par do anúncio, a Common Cause e a SPLC lançaram uma petição para “levantar um clamor público massivo exigindo que os legisladores dos EUA tomem medidas antes que mais danos sejam causados”.

No site da Common Cause, presta-se o seguinte esclarecimento: “O nosso anúncio estava pronto para ser veiculado amanhã [17 de fevereiro] de manhã, com contrato assinado e tudo. Mas, no último minuto, o jornal de Jeff Bezos rejeitou a publicação do nosso anúncio na sua edição da Casa Branca sem qualquer explicação, apesar de terem publicado anúncios semelhantes a elogiar Trump.”

Esta ação surge nunca altura em que se discute a alegada decisão de Donald Trump de dar liberdade ao Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos (DOGE), supostamente dirigido por Elon Musk (informação entretanto desmentida pela Casa Branca, que alega que o magnata é apenas “conselheiro”), para cortar a força de trabalho federal enquanto a dupla procura cortar o orçamento federal. Donald Trump sublinha que Musk não faz nada sem a sua aprovação, mas suposta carta branca ao dono da Tesla levou à especulação de que ele é o verdadeiro poder e não o presidente eleito.

O Washington Post não teceu comentários sobre a decisão interna, mas a política de anúncios do jornal especifica que este “reserva-se o direito de posicionar, rever ou se recusar a publicar qualquer anúncio por não cumprir as diretrizes estabelecidas abaixo ou por qualquer outro motivo”.

Virginia Kase Solomón, presidente e diretora executiva da Common Cause, disse à CNN que a decisão foi “preocupante”, uma vez que o jornal usa o slogan “A democracia morre na escuridão”, mas “parece ter esquecido que a democracia também morre quando uma imprensa livre opera a partir de um lugar de medo ou conformidade”.

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