Crescer de forma sustentada

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Corria o ano de 1988 quando abriu o primeiro hotel – o Vila Galé Hotel Apartamento [hoje Vila Galé Atlântico] – daquele que viria a ser o Grupo Vila Galé. De lá para cá, muitos são os marcos de um grupo que se assume, orgulhosamente, transparente, sólido e solidário, financeiramente sustentável e apoiado em capitais próprios, que cumpre os compromissos assumidos com clientes, fornecedores, parceiros e colaboradores.

«Temos por princípio reinvestir o que ganhamos em novos hotéis e na modernização dos que já temos», comenta Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé. Em 1996, e quando o grupo já tinha cinco hotéis no Algarve, iniciou a expansão para outras zonas do País com a aquisição de um hotel em Cascais. Em 1998 começa a apostar na agricultura, com a compra de duas herdades perto de Beja. A propriedade foi crescendo e em 2001 inauguram o Vila Galé Clube de Campo, um hotel rural, diferente do que havia na altura. Pouco depois, avançam para uma nova área de negócio e lançam-se na produção de vinhos e azeites regionais alentejanos com a marca Santa Vitória, em 2002. Outro marco do crescimento do grupo foi o da internacionalização, em 2001, com a chegada da marca Vila Galé a Fortaleza, no Brasil.

Dois anos depois era a vez da abertura do primeiro hotel de cinco estrelas em Portugal, o Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, que marcou a estreia da submarca Collection, vocacionada para hotéis boutique, mais pequenos, com localização premium. «Ao longo destas três décadas houve também anos em que batemos recordes de aberturas, como aconteceu em 2018, com mais quatro hotéis. O primeiro foi o Vila Galé Sintra, que já por si é um projecto marcante pelo conceito de wellness e saúde, também uma estreia no grupo. Seguiram-se o Vila Galé Collection Braga e, no Brasil, o resort Vila Galé Touros e o empreendimento VG Sun by Vila Galé», sublinha o administrador.

O lançamento das pizzarias Massa Fina – cujo primeiro espaço foi no Estoril e neste momento já tem mais três no Algarve e chegou aos hotéis do Brasil – foi importante por consolidar a vertente gastronómica. Mais recentemente, já este ano, abriram o Vila Galé Douro Vineyards, um agroturismo em Armamar (está em soft opening) e onde estão a ser produzidos vinhos do Porto e do Douro com uma nova marca, a Val Moreira, alargando assim a presença na área vinícola. «Tem sido um percurso sustentado, pensado e cuidadoso, com um crescimento gradual e sem dar passos maiores do que as pernas, nem cometer loucuras quanto ao endividamento, para abrir hotéis só por abrir.» Com 33 unidades abertas e com a inauguração do Vila Galé Collection Elvas (no antigo Convento de São Paulo) em Junho, o administrador salienta que estão sempre atentos a novas oportunidades.

«Portugal e Brasil continuam a ser estratégicos, mas já olhámos para outros países como Cabo Verde, Moçambique, Cuba, Espanha», comenta. Aliás, foi recentemente lançado o Revive em São Tomé e Príncipe. «Em Portugal, ainda não desistimos de ter um hotel de charme no centro da cidade, mas os preços do imobiliário estão muito altos, o que prejudica a rentabilidade. Estamos a aguardar o desfecho das candidaturas ao Quartel da Graça.» O administrador sublinha que as unidades que estão a desenvolver vão complementar a rede em Portugal e no Brasil e vão permitir-lhes ter mais produtos turísticos e experiências temáticas para oferecer.

E dá exemplos: «No caso do Douro reforçamos no enoturismo e agroturismo, mas também passamos a ter mais uma marca de vinhos, que serão DOC. Já no caso de Elvas, acaba por ser um projecto emblemático, porque é o primeiro a ficar concluído no âmbito do programa Revive. Também integrado no Revive, com abertura prevista para o início de 2020, temos o futuro Vila Galé Collection Alter Real, integrado no complexo da Coudelaria de Alter, em Alter do Chão. Aqui, como não podia deixar de ser, vamos focar-nos muito no turismo equestre, o que nos vai permitir criar oferta conjugada com o Vila Galé Clube de Campo, em Beja.

Vamos ficar com quatro hotéis no Alentejo, o que pode ser interessante para diversificar ao nível dos circuitos ou de experiências temáticas. Já em Manteigas, estamos a construir o Vila Galé Serra da Estrela, que será o nosso primeiro hotel de montanha. Além da praia, cidade e campo, teremos também um destino de neve. Quanto ao Brasil, há muito tempo que ambicionávamos ter uma presença em São Paulo. E na região de Ilhéus, em Una, Bahia, também estamos a construir mais um resort all inclusive, o Vila Galé Costa do Cacau, que é um produto que tem muita aceitação junto dos brasileiros.

Ficamos com uma rede muito completa e diversificada.» Todo um trabalho que tem vindo a atrair cada vez mais clientes para o grupo que fechou 2018 com vendas consolidadas de 184 milhões de euros, mais 6% do que em 2017. Com a abertura de dois hotéis emblemáticos em Portugal – o Vila Galé Sintra e o Vila Galé Collection Braga – e mais dois no Brasil – o resort Vila Galé Touros e o empreendimento VG Sun by Vila Galé, junto ao Vila Galé Cumbuco -, ao longo de 2018, a Vila Galé criou 100 postos de trabalho em Portugal e 400 no Brasil. Quanto aos clientes, no ano passado, os portugueses mantiveram-se como o principal público nos hotéis Vila Galé em Portugal, representando cerca de 30%. Seguiram-se os mercados alemão, britânico, espanhol e francês. Contudo, é de destacar o crescimento da procura por parte de norte-americanos e brasileiros, que protagonizaram as maiores subidas quanto ao número de noites.

Marcar a diferença

Gonçalo Rebelo de Almeida acredita que há pelo menos três pontos que caracterizam a Vila Galé e que acabam por diferenciá-la: a oferta de conceitos hoteleiros, gastronomia e de serviços; as equipas e a forma de acolher e, por fim, a inovação. Ao nível da oferta tentam ter cuidado na escolha de localizações e fazer hotéis diferenciados. A diferenciação pode ser pelo tema (há unidades dedicadas à música, poesia, pintura, dança), pela via da recuperação de património (aconteceu com o palácio dos Arcos, do século XV, que acabaria por cair se não o transformassem num hotel de luxo; com o Vila Galé Albacora, um antigo arraial da pesca do atum; com o Vila Galé Collection Braga, que resultou da reconversão do antigo hospital de São Marcos, um edifício de 1508) ou pelo conceito (o Vila Galé Sintra tem uma proposta na área de saúde bem-estar).

Mas o grupo dá especial atenção à aposta no Vila turismo de famílias havendo muitas actividades infantis no Club Nep e à gastronomia (há brunches em vários hotéis, jantares com ópera, com poesia ou com dança). «Sabemos que só se fizermos hotéis únicos, diferentes, em edifícios históricos ou com conceitos que trazem valor e mais serviços, conseguimos diferenciar-nos da concorrência e fidelizar.» No que respeita às valorização dos recursos humanos, o grupo criou a Academia Vila Galé com vista ao aperfeiçoamento de conhecimentos em várias áreas.

Mas há também oportunidades de progressão na carreira, um conjunto atractivo de incentivos e benefícios para os colaboradores e reconhecimento do mérito. «O objectivo é ter equipas motivadas, que acolham bem os hóspedes, com simpatia, porque se tiverem uma boa experiência, isso marca-os de uma forma positiva», explana. O terceiro e último ponto diferenciador é o foco na inovação. Gonçalo Rebelo de Almeida lembra que foram «pioneiros quanto a ter hotéis paper free, em que o uso do papel é substituído pelo recurso a dispositivos móveis, à internet e a aplicações próprias».

Difusores de cultura

Os temas que o Grupo Vila Galé escolhe para os hotéis estão sempre relacionados com a cultura portuguesa. No Vila Galé Lagos, que é dedicado à moda, estão expostas criações de estilistas como Ana Salazar, José António Tenente, Miguel Vieira ou Katty Xiomara. No Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, cujo tema é a poesia, são homenageados vários autores de língua portuguesa, que é uma forma de divulgar a literatura. Paralelamente, promovem muitas iniciativas que juntam cultura e gastronomia, como as noites de poesia neste hotel ou as noites temáticas que têm de Abril a Outubro em vários hotéis.

No Brasil, em todos os resorts, um dos restaurantes é de gastronomia portuguesa e nos restaurantes à la carte há pratos portugueses no menu. Já nos Vila Galé do Rio de Janeiro e de Salvador, que são hotéis de cidade, todos os domingos há buffet de almoço português com leitão, bacalhau à Brás ou pastel de nata. Mas também o fazem com o Brasil. Por exemplo, no Vila Galé Ópera, em Lisboa, e no Vila Galé Porto, aos sábados ao almoço tem o buffet de feijoada à brasileira, que até tem roda de samba.

E nas tais noites temáticas, também têm uma dedicada ao Brasil. Aliás, a gastronomia é muito importante para o grupo e nesse sentido promovem a iniciativa 12 Meses, 12 Pratos, que já vai no quarto ano consecutivo. Em cada mês têm disponível um prato típico de determinada região em praticamente todos os hotéis Vila Galé de quatro estrelas. Sugerem desde ensopado de pescada à moda de Faro à francesinha. Paralelamente, tendo em conta que têm duas marcas de vinhos e azeites, a Santa Vitória e a Val Moreira, esta ligação entre gastronomia, sabores portugueses e turismo ganha ainda mais relevância. «Trata-se também nesta área de proporcionar boas experiências aos clientes.»

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