Vídeo: ‘O livre arbítrio e a análise pessoal das coisas vão desaparecer’ (Re)Veja Ricardo Monteiro na 23.ª Conferência Marketeer

«O Marketing como arte e como uma profissão que era exercida por pessoas com talento está em vias de desaparecer.» Quem o garante é Ricardo Monteiro que na 23.ª Conferência da Marketeer deixou um alerta a todos aqueles que trabalham com marcas, sejam eles marketeers, publicitários ou designers.

Durante a sua intervenção no encerramento de uma conferência que se debruçou sobre os Elefantes na Comunicação, o ex-presidente global da Havas Worldwide e actual comentador da CNN, lembrou que há muitos anos, quando começou a trabalhar nesta área, o que se procurava num marketeer era saber se ele tinha o pulso das pessoas a quem era suposto vender os seus produtos ou serviços. Apesar de à época já haver sondagens e pesquisas de mercado, eram feitas por amostragem e, portanto, havia uma margem de erro bastante grande e os dados requeriam interpretação pessoal. Os diretores criativos e de estratégia eram capazes de transformar essa informação num insight poderoso, conta. E era daí que nasciam extraordinárias campanhas. Ou se fosse uma pessoa que trabalhasse numa empresa «poderia fazer nascer à volta desse insight uma pequena obra de arte que com sorte e muito trabalho se transformava numa marca forte».

Para  Ricardo Monteiro, um exemplo típico da época de transição é recorrer-se à IA, a todos os inputs e dados que chegam às marcas, tentar-se analisá-los e sintetizá-los, mas depois exercer o espírito crítico por humanos.

A isso seguir-se-á uma nova hierarquia em que «o livre arbítrio e a análise pessoal das coisas vão desaparecer. E nós vamos fazê-lo com vontade.»

Essa nova idade – que se desconhece como virá a ser chamada pelos linguistas – «vai chegar com o nosso aplauso porque tudo na nossa vida do dia-a-dia vai realmente ser mais fácil. E entramos sempre por estes caminhos pela lei do menor esforço. Procuramos o que é mais fácil e nos dá mais conforto».

Ricardo Monteiro acredita que a IA vai quase suprimir as tentativas humanas de levar qualquer coisa ao mercado. Haverá nichos do “isto foi concebido sem recurso a IA”. Mas na maioria das empresas que se ligam a mass market, vai desaparecer a profissão do pensador de marketing e daquele que interpreta os dados. Porque, à partida, esses virão interpretados, lembra.

 

Créditos: Foto de Paulo Alexandrino/Paulo Petronilho; vídeo: NC Produções

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