Vestuário e calçado recua 24,4% até Setembro. Empresas portuguesas entre as mais afectadas
Dados do World Footwear mostram que o sector europeu de retalho e vestuário e calçado registou uma quebra acumulada de 24,4% até Setembro. O retrato dos primeiros nove meses de 2020 dá conta de um colapso desta indústria após um crescimento de 1% em 2019.
«Trata-se da confirmação de um sentimento generalizado, mas que ajuda a perceber melhor a dinâmica do mercado», afirma Luís Onofre, presidente da APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos. Segundo o responsável, «estas quebras afectam particularmente as empresas portuguesas que, exportando mais de 95% da sua produção, têm na União Europeia o seu mercado de referência».
Olhando especificamente para o retalho de artigos especializados de vestuário, calçado e artigos em couro, as perdas têm sido sempre na ordem dois dígitos desde Janeiro. Nos meses de Verão, Julho a Setembro, verificou-se uma ligeira recuperação mas a APICCAPS diz ter sido insuficiente para compensar os efeitos negativos da pandemia.
Portugal é mesmo um dos países que mais sofre com a crise sanitária nesta indústria, com perdas acumuladas de 31%. Fica, ainda assim, atrás de Espanha, com uma quebra de 33% na fileira moda.
Destaque ainda para os recuos verificados em alguns dos mercados de referência para as empresas portuguesas de calçado: o retalho de moda no Reino Unido caiu 29%, ao passo que em Itália o recuo acumulado é de 27%. França regista uma descida de 25%, a Alemanha de 22% e a Holanda de 16%.
No sentido inverso, Polónia parece ser o país menos afectado uma vez que a quebra fixou-se nos 10%. Lituânia (-12%) e Estónia (-14%) também fazem parte da lista dos menos afectados.