Unreal time marketing
Por João Pedro Batista, co-fundador da Social Animals
Num momento em que o o mix entre notoriedade e conversão, assim como a integração com o ponto de venda, são o presente do marketing digital, no nosso país, agências e marcas usam como bandeira o real time marketing.
Para quem não sabe, este tipo de comunicação em digital nasceu com um tweet da Oreo em 2013, durante o célebre apagão do Super Bowl. Nesta época, eu trabalhava no mercado brasileiro e todos os clientes queriam o seu “real time marketing” ao estilo da Oreo. Dois anos depois, já todos tratavam este tipo de conteúdos como algo secundário ou mesmo terciário.
A verdade é que o mundo evoluiu muito e o “real time marketing” passou de novidade a parte integrante de qualquer estratégia de redes sociais bem delineada. O pior é que este “Calcitrin” do digital português serve para enganar os clientes menos despertos para a realidade digital, pois é muito mais fácil encantar com conteúdos divertidinhos, do que com conteúdos altamente estratégicos que irão impactar o cliente ao longo da sua jornada pelos diferentes canais e devices, até levar ao lead final.
Para um mercado digitalmente muito pouco evoluído como o nosso, estes tipos de estratégias só servem para que o avanço nunca chegue. Afinal, cabe às agências provar que são capazes de transformar interacções em leads. Enquanto isto não acontecer e, por muito que nos custe, os clientes irão continuar a olhar para as redes sociais como espaços exclusivamente para brincadeiras inócuas ou, no mínimo, um canal só para relacionamento.
Além do retorno do investimento, outro aspecto que pode fazer o nosso mercado crescer é a transparência. Por isso, não consigo compreender como é que as mesmas agências que fazem bandeira de estratégias datadas enganam os seus clientes afirmando que têm departamentos exclusivos para a criação de real time marketing.
Conhecendo estas agências e sabendo que têm os seus quadros de social media preenchidos exclusivamente por social media managers, pergunto-me se estes profissionais “faz tudo” juntam às suas valências de account, planner, copy, community mananger, media, BI a valência de real time marketeers?
É assim que começamos 2013, perdão 2022.