Um marketer não é um canivete suíço
Por Rita Montezuma, Performance Marketing Specialist na Inokem – Biotech Solutions
O canivete suíço é famoso pela sua versatilidade e funcionalidade. É projectado para ser compacto e oferecer uma variedade de ferramentas úteis.
O mesmo tem acontecido com os pedidos de recrutamento para jovens marketers que, em inúmeras ofertas de trabalho, pedem além das funções normais do marketer, ainda que ele tenha bons conhecimentos de HTML, CSS Adobe in Design, Adobe Photoshop, saber criar landing pages, webdesign, edição de vídeos e possuir um telemóvel iPhone de última geração para criação de conteúdo.
Existe uma linha que separa o trabalho do marketer do designer, embora ambos sejam essenciais. O designer é especializado em criar elementos funcionais e sabe utilizar ferramentas avançadas da Adobe. O marketer pode ter conhecimentos de Photoshop, mas não é necessário ter conhecimentos avançados.
Acredito que vagas com esta exigência vão aparecendo devido ao profundo desconhecimento dos decisores do que é cada perfil profissional. É necessário educar o mercado para esta realidade.
Os estágios profissionais e curriculares são uma excelente forma de proporcionar experiência aos jovens profissionais de marketing recém-licenciados. No entanto, existe alguma contradição porque as empresas pedem estagiários e ao mesmo tempo exigem experiência. E esta situação dificulta a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Acaba por ser no fundo uma pescadinha de rabo na boca. Como é que tenho experiência se ninguém me dá essa oportunidade?
É importante sensibilizar as empresas, sejam elas grandes ou pequenas, que não podem solicitar um marketer júnior ou estagiário que saiba fazer tudo. Devem sim investir na sua formação e fornecer-lhe as ferramentas devidas para trabalhar.
A empresa terá que fazer uma análise dos recursos que necessita e antes de lançar a descrição da vaga, deve pedir ajuda de um consultor especializado.
Ao longo destes anos, tenho divulgado ofertas “canivete suiço” no LinkedIn, que são completamente surreais, para alertar que a mentalidade tem de mudar e têm de deixar de exigir aos profissionais de marketing tudo e mais alguma coisa e de confundir duas funções completamente distintas, que são a do Designer, Programador e Marketer.
Seria bastante útil existir um guia das profissões de marketing para as empresas se orientarem. Este guia poderia fornecer informações detalhadas sobre as diferentes funções dentro do marketing, destacando as skills específicas para cada função. Isto ajudava a evitar as expectativas irrealistas e garantia uma melhor correspondência entre as necessidades da empresa e o marketer.
Esperar que um profissional de marketing saiba fazer tudo pode ser prejudicial, até mesmo para a saúde mental deste profissional que pode achar que não é bom o suficiente na sua profissão.