Turismo internacional poderá recuperar da pandemia apenas em 2026
O Turismo tem sido um dos sectores mais afectados pela pandemia de Covid-19 e poderá ser também um dos que vai precisar de mais tempo para recuperar. De acordo com um relatório da Euromonitor, o mercado internacional do turismo e viagens poderá levar seis anos a retomar os níveis que se registavam no pré-pandemia.
O relatório “Travel Rewired: Innovation Strategies for a Resilient Recovery” da Euromonitor tem por base o valor dos gastos em viagens internacionais, que inclui factores como o alojamento, transporte, aluguer de automóvel e outras actividades. Segundo a consultora de mercado londrina, na melhor das hipóteses, este indicador poderá demorar até 2024 a alcançar ou ultrapassar os níveis de 2019, quando os gastos ultrapassaram 1,5 milhões de milhões de dólares (1,3 milhões de milhões de euros, ao câmbio actual). Porém, a recuperação pode até ser mais longa. «No pior dos cenários, podemos esperar um atraso até 2026 para regressar aos níveis de gastos que se verificavam no pré-pandemia. Se tivermos novas variantes [do vírus] que sejam mais resilientes do que o programa de vacinação, isso irá adiar ainda mais esta situação», alerta Caroline Bremner, directora global de Travel Research da Euromonitor.
O estudo revela que os gastos internacionais em viagens tiveram uma quebra de 75% no ano passado, devido às restrições impostas em todo o mundo. Este ano, a indústria começou a recuperar, muito por via dos gastos em viagens domésticas, que ainda assim deverão ficar aquém (mais precisamente a 69%) dos valores atingidos em 2019.
A Euromonitor prevê ainda que a recuperação se faça a diferentes velocidades em todo o globo devido a factores como as discrepâncias na distribuição das vacinas ou as mudanças nas regras de circulação. Na Europa, por exemplo, prevê-se uma recuperação «lenta» e «dolorosa» das viagens entre países, apesar do avanço generalizado no programa de vacinação e do lançamento do Certificado Digital. Nos EUA, a recuperação poderá ser mais rápida (já em 2024), enquanto o Médio Oriente e África deverão ser as últimas regiões turísticas a retomarem o caminho do crescimento, sobretudo devido aos atrasos na vacinação em vários países.
Apesar de as perspectivas não serem muito optimistas, a Euromonitor relembra que a pandemia de Covid-19 trouxe pontos positivos para o sector, como a aceleração na adopção de tecnologia: as vendas online de viagens deverão representar a maioria das vendas do sector em 2021. De resto, neste sector, o digital cresceu mais desde o início da pandemia do que nos cinco anos anteriores.
O caminho da retoma poderá passar muito por aqui. «Com uma visão mais holística do impacto [da pandemia], melhores ferramentas digitais e pensamento crítico, há uma oportunidade enorme para navegar o caminho da retoma, da adaptação e da resiliência», frisa Caroline Bremner.